Foi, por isso, com bastante cepticismo que resolvi fazer uma leitura em diagonal do estudo FISCAL MULTIPLIERS IN A SMALL EURO AREA ECONOMY: HOW BIG CAN THEY GET IN CRISIS TIMES? de Gabriela Castro e outros economistas do BdeP. Leitura que, sob reserva da minha parca familiaridade com estas elucubrações, me leva a concluir, uma vez mais, que este tipo de estudos baseados em modelos que simplificam grosseiramente a realidade estritamente económica e desconsideram as envolventes sociais, políticas e culturais, pertencem a uma de duas categorias: a dos que nos conduzem a conclusões erróneas e nocivas para a definição das políticas ou a dos que não nos dizem nada que não suspeitássemos.
Felizmente este estudo pertence à segunda categoria e, baseado num modelo DSGE com o curioso nome de PESSOA, conclui que os efeitos no PIB das mudanças nas políticas fiscais e orçamentais são substancialmente mais intensos nos tempos de crise do que nos tempos normais e que essa diferença se esbate ao longo do tempo, como o diagrama seguinte mostra.
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Moral da estória? Se a estória tivesse moral seria: no pain, no gain. Querendo-se evitar a todo o custo a recessão no curto prazo, isso implica manter o peso do monstro do Estado na economia e na sociedade, monstro ele próprio um factor decisivo nas recessões do passado… e nas recessões do futuro. Sendo certo que, à boa maneira lusitana, sempre podemos penar com a recessão sem nada ganhar - suspeito seja essa via que percorremos até aqui e na qual, daqui para a frente, com o Dr. Paulo Portas a coordenar as áreas económicas, corremos o risco de continuar estugando o passo.
1 comentário:
Os modelos são por definição simplificações da realidade e representam a afirmação das limitações que o homem tem em apreender a realidade. Como então ficar espantado quando os resultados saem errado?
Isto da economia é tão complicado que quase todos os estudos começam com uma hipótese «ceteris paribus», errada à partida pois, na realidade, nada mas mesmo nada é constante. O problema é que não existe verdadeira alternativa.
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