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16/12/2014

Lost in translation (216) – there is no such thing as flag carrier

Se eu fosse maldizente, poderia insinuar que a aprovação da greve da TAP pela parte de Miguel Sousa Tavares por ser a favor de «qualquer medida que se possa tomar contra a privatização da TAP» decorreria de um outro favor do governo socialista de há 8 anos, chefiado pelo seu ídolo José Sócrates, agora na cadeia de Évora, ao seu compadre Ricardo Salgado mandando a TAP comprar-lhe a sua participada PGA Portugália. E, já agora, a propósito, segundo o presidente da TAP, no período do verão passado em que 120 voos foram cancelados por razões técnicas «56%  ... foram na frota PGA [Portugália], que é muito mais pequena do que a frota da TAP»,

Não sendo maldizente, atribuo o favor de MST à sua dificuldade de lidar com os números e com a realidade em geral, dificuldade que o torna imune a factos como a TAP se fosse uma empresa privada estaria condenada à falência pelo Código das Sociedades Comerciais, já que o seu capital pífio de 15 milhões está totalmente consumido, os seus capitais próprios eram em 2013 negativos de 373 milhões (agora devem chegar aos 500 milhões negativos) e a coisa não tem remissão com um EBITDA de 44 milhões, já em si miserável para um volume de negócios de 2,7 mil milhões, insuficiente para pagar os juros de um passivo total de 2 mil milhões de euros (60% do qual passivo de curto prazo).

E em cima de uma situação crónica de falência temos greves recorrentes convocadas pela dúzia de sindicatos que protegem os direitos adquiridos das corporações lá instaladas. E não temos nenhuma evidência de inconvenientes nas dúzias de países prósperos que não têm uma coisa chamada «companhia de bandeira» - «there is no such thing as flag carrier» teria dito Margaret Thatcher se lhe perguntassem se a British Airways Plc deveria comprar a Iberia aos espanhóis.

Para uma retrospectiva da saga Take another plane veja a etiqueta TAP. Leia-se igualmente esta portentosa estória contada pelo jornalista Paulo Ferreira sobre a oferta do Diário Económico aos passageiros da classe executiva da TAP que foi recusada pelo então (finais dos anos 90) presidente da TAP porque «colocar um jornal em cada um dos assentos da classe executiva - serão 15 ou 20 por avião? - antes da entrada dos passageiros seria uma rotina nova para o pessoal de cabine, não prevista na lista de tarefas que constava dos acordos da empresa. Para que os trabalhadores passassem a desempenhá-la a administração teria de abrir negociações laborais e atrás desse outros temas seriam colocados em cima da mesa pelos sindicatos, como contrapartida. Era abrir uma caixa de Pandora numa empresa que vivia em permanente convulsão laboral.»

1 comentário:

Anónimo disse...

Não percebo como é que a mulher o atura!