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13/06/2012

Cristiano Ronaldo e o efeito halo

«Convidamos você a vir ver o jogo, tá?» disse Cristiano Ronaldo ao presidente da República com grande escândalo da nossa intelectualidade. O que esperavam? Que o rapaz fizesse um discurso brilhante sobre a importância do futebol para a felicidade dos portugueses ou sobre a relação iníqua dos políticos, Cavaco incluído, com o futebol? Esperar isso era esperar que Cavaco Silva fosse um ás a marcar livres de meia distância ou esperar que Ronaldo tivesse opinião sobre a aplicação da lei de Gresham aos políticos.

Porquê então tanta gente fica surpreendida quando o CR produz estes compactos discursivos, como quando os méritos académicos de Álvaro Santos Pereira parecem não se projectar na sua acção como político, ou as habilidades de Cavaco Silva como político parecem ter deixado de se projectar nas suas análises como economista?

A propósito do ex-ministro Manuel Pinho, cujos méritos como economista e como político nunca ficaram demonstrados, já tinha concluído que se as exigências de duas profissões são bastante diferentes se não deve esperar que o putativo mérito de uma pessoa numa profissão se projecte noutra. E se, contra toda a evidência, isso se verifica frequentemente deve-se ao chamado efeito halo, que nos leva a projectar uma avaliação positiva numa área a outras.

Em conclusão enfie-se o efeito halo pelo cano e ponha-se alguém que saiba exprimir-se a falar em nome da selecção com o presidente da República e deixe este de enunciar a aplicação de leis da economia na política ou métodos da política na construção de paradigmas na economia.

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