
Primeira: a coligação no poder não arrisca promover a investigação e o julgamento de um ex-governante agora na oposição para não comprometer o delicado equilíbrio de uma espécie de Mutual Assured Distraction. Segunda: a corporação da justiça adoptou há muito uma outra doutrina baseada na chantagem permanente para manter em respeito a corporação dos políticos e assim preservar os direitos adquiridos. Para tal recorre a escutas, violação selectiva do segredo de justiça, entre outras, para tudo acabar numa investigação inconclusiva sem provas ou, se alguma coisa falhar, num julgamento onde o acusado é ilibado.
É por isso que o ex-secretário de estado das Obras Públicas e Comunicações, Paulo Campos, e o ex-presidente da Estradas de Portugal, Almerindo Marques, que segundo o relatório (*) do Tribunal de Contas sonegaram informação crítica sobre os contratos das SCUT, vão ser incomodados durante algum tempo mas podem dormir descansados e em breve tudo ficará esquecido. Esquece-se de um lado Paulo Campos e Almerindo Marques e de outro lado paga-se o favor esquecendo Miguel Relvas. Zorrinho está já a trabalhar para isso. A corporação da justiça, se a coisa lá chegar, fará o seu trabalho dos dois lados, com duplo benefício, agora, no mandato em curso, e na próxima alternância, e lavará as mãos como de costume.
(*) «Relatório de Auditoria ao modelo de gestão, financiamento e regulação do setor rodoviário», um grosso volume de 510 páginas tão grande quanto inútil.
Sem comentários:
Enviar um comentário