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05/11/2011

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Erupção conspiratória nas páginas do Avante

Secção Res ipsa loquitur

Soterrado sob os escombros do colapso do império soviético e camadas sucessivas de verniz democrático, jaz o jacobinismo brontossáurico alucinado. De vez em quando ele irrompe. Desta vez irrompeu directamente nas páginas do Avante no artigo de Jorge Messias «A máquina da morte e a utopia».

Começa por uma citação de Engels que é todo um programa: «Enquanto o proletariado tiver necessidade do Estado, não será no interesse da liberdade mas sim para reprimir os seus adversários!».

Continua com o 1.º mandamento do Protocolo dos Sábios de Sião, um panfleto, possivelmente forjado no final do século XIX, por encomenda de Pyotr Rachovsky da Okhrana (polícia secreta czarista) em Paris. O Protocolo acolhe uma teoria conspiratória de domínio do mundo por um governo sionista secreto e foi muito popular nos meios nazis nas décadas 30 e 40. Foi citado por Hitler no seu Mein Kampf e, pasme-se, referido no artigo 32.º da Carta de fundação do HAMAS: «O plano deles está exposto nos Protocolos dos Sábios de Sião, e o comportamento deles no presente, é a melhor prova daquilo que lá está dito

Jorge Messias (parece paródia, mas é mesmo o apelido do homem) cita de seguida Bento XVI e continua o seu artigo com conclusões sobre «a mãozinha sinuosa dos jesuítas e dos illuminati maçónicos … que repartem ligações entre a Santa Sé, a Maçonaria, o Pentágono e a Wall Street».

Para Messias, com condescendência, dois afonsos pelo arrojo (não leva 5 porque os outros 3 seriam mais pela demência do que arrojo), cinco bourbons por nada ter aprendido e nada ter esquecido e cinco chateaubriands pela alienação. Não leva nenhum ignóbil porque o homem é sincero e autêntico, ao contrário do secretário-geral e das suas justificações.

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