Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

02/07/2016

CASE STUDY: É preciso ser muito saudável para resistir a tanta doença (8.º capítulo). O burnout dos médicos

Há uma dúzia de anos publiquei sete posts sobre o estado de saúde da nação e no último ponto de situação a multidão de sofredores era composta por:
  • 4 milhões hipertensos, 
  • 38% com reumatismo ou artrite, 
  • 15 a 20.000 com parkinsonismo, 
  • 130 mil homens com cancro na próstata, 
  • 200.000 fibromiálgicos, 
  • 1.200.000 com fadiga crónica (estimativa do Impertinências), 
  • 4.000 electricistas com doenças profissionais, 
  • 30.000 portugueses que sofrem dos intestinos, 
  • 14 milhões de dias de baixa por ano devido a problemas respiratórios, 
  • 15 a 20% da população com prurido, vermelhidão e lacrimejo na primavera, 
  • 4.000 (1 em cada 2.500 pessoas) que sofrem duma das mais de 40 doenças neuromusculares 
  • 1.500 crianças com doenças reumáticas de causa desconhecida, 
  • 44.000 dias de falta por doença (15 dias por ano e alma) dos funcionários da Judite, 
  • 1 em cada 4.000 recém nascidos que sofre de fibrose quística, 
  • mais de um mi1hão de mulheres (1 em cada 5) e cerca de 300.000 homens (1 em cada 15) que sofrem de varizes, 
  • 5% das mulheres que sofrem da síndrome dos ovários poliquísticos, 
  • meio milhão de portuguesas e portugueses que sofrem de apneia do sono, 
  • 1 em 200 que sofrem de epilepsia,
  • 500.000 diabéticos. 
À primeira vista era assustador. Se não fosse a acumulação de doenças nalguns portugueses haveria doenças para todos. Felizmente para o bem da minoria dos saudáveis, muitos portugueses acumulam várias doenças.

Evidentemente que com a doença tão espalhada não espanta que os nossos médicos estejam sob grande pressão, apesar do seu número pletórico (426,1 por cem mil habitantes) ser o 5.º mais alto da Europa - ainda assim está abaixo da nossa posição no parque automóvel e na rede rodoviária -, mas não tão alto quanto o da Grécia que é o maior (628).

Não tendo mãos a medir com tanta doença, segundo um estudo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, 40,5% dos médicos está em estado de burnout (exaustão emocional) principalmente entre os 26 e os 35 anos (as idades em que as meninges ainda estão tenrinhas). Teremos pois de adicionar à lista com o burnout dos médicos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Burnout nos médicos: é para rir. Do bastonário ainda não sabemos que tipo de ferro usa nas extremidades. Sabemos que a foto que aparece é sempre a mesma, feita para dar uma imagem chic. É comunista, bem como a maioria dos que estão nos top-tachos da ordem profissional.
Trabalhei 45 anos no melhor hospital do País e do SNS. Até ao início da década de 1980 fazíamos Serviços de Urgência (bancos) de 24 horas com uns 10-12 médicos (Medicina + Cirurgia). Quando saíamos do banco ia-mos trabalhar para as enfermarias as 4 horas (das 9 âs 13) do regulamento. No tempo da desgraça dos retornados, era habitual atendendermoa mias de 1.000 urgências por 24 horas.
Nunca ardi nem nunca me queimei. Agora é ver o número de médicos a se queimarei porque não sabem, não querem aprender e são estúpidos. Fazem erros técnicos colossais, criminosos. Estão lá, não para tratar de pessoas mas para tratar de análises, tacs, tics e tocs (são médicos que tratam exames). E, perdão, para o ordenado.
De quem a culpa? Da universidade que não educa, que não dá referências morais (a sua função nunca foi ensinar, foi educar). E que se abarbatou com os lugares de chefia de serviços. È muito bom ser chamado de senhor professor e mandar.
Comander c'est servir. Pas moins, pas plus — André Malraux.
No meu tempo não se perdia tempo com juramentos de Hipócrates — tinha-nos ensinado e sabíamos o que era para fazer, e como o fazer. Agora celebram-se juramentos hipócritas.
Isto dói. Abraço

Anónimo disse...

A vossa lista da multidão de sofredores será, mais ou menos, assim. O grave está nas baixas inventadas que são sancionadas pelos médicos para não serem mais aborrecidos; enquanto que os subsídios por incapacidade ou invalidez são miseráveis. O português é aldrabão e ladrão. As baixas e os subsídios de meia-vírgula são aproveitados para se fazerem uns "ganchos".
Quando pensam que estão doentes não desamparam os centros de saúde ou os serviços de urgência, com exigências de "exames" porque eles é que sabem.
O médico é o empregado (o criado) para passar os ditos.
Tenho vários testemunhos que nos cafés, ao piqueno almoço, o galão leva dois pacotes de açúcar (mesmo os diabéticos) e a sandes é aberta e regada com sal para saber bem — lembrem-se que há uns anos, por lei o pão passou a ser feito com menos sal.
Parabéns à prima...

Unknown disse...

Mas olhe que o panorama também tem melhorado: Varios conhecidos que se reformaram por motivos de saúde (dor nas costas,mialgia da mão, psiquiatria ) agora fazem todos desporto, caminhadas e outras actividades de ar livre; a reforma curou-lhe as doenças ou pelos menos tornou-as aceitáveis, mesmo sem remédios e sem médicos; só poupança, desde que os da UE nos mandem os euros.

Anónimo disse...


Caso vivido por um familiar próximo.

Foi necessária uma intervenção cirúrgica à mão esquerda. Entrada no hospital numa quinta à tarde, intervenção no final do dia, alta pelas 22h30 e ida para casa. Dia seguinte, sexta, passada em casa com algumas precauções. Segunda-feira de manhã, ida para o emprego normalmente, apesar de ter a mão (braço) sem uso total durante mais uns dez dias.

Proposta de um dos médicos que tinha sido consultado antes da intervenção: «Sugiro uma baixa de três semanas».

Agent Provocateur