«O Presidente da República, pelas suas funções, representa o Estado. O Estado que neste momento, através do poder judicial, acusa Sócrates de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais; o Estado que Sócrates, por sua vez, acusa de estar a ser utilizado, contra a lei, para consumar uma mera perseguição política. Quem ontem se deparou com os sorrisos e os cumprimentos entre o Presidente da República e o arguido do “Processo Marquês”, que terá concluído? Que, condenados a encontrar-se, ambos preferiram fintar os óbvios constrangimentos com uma cortesia banal? Que, como terá comentado o Presidente, em Portugal nunca se “discrimina” ninguém, seja qual for a razão? Ou que nada neste regime é afinal suficientemente sério para impedir um momento de boa disposição?
O “breve encontro” do Presidente da República com José Sócrates não deveria ter acontecido. O Presidente é demasiado importante para correr certos riscos. Em Maio, na inauguração do Túnel do Marão, o actual primeiro-ministro evitou pelo menos deixar retratos com Sócrates. A Presidência da República deveria ter tido ainda mais pudor e recato. O Presidente não se protegeu, ou ninguém protegeu o Presidente. Noutros países, isto teria consequências – porque, por mais estranho que isso possa parecer em Portugal, há países onde a justiça e a política são levadas a sério.»
«Quem protege o Presidente?», Rui Ramos no Observador

1 comentário:
Este tipo não é Presidente, "faz de" presidente.
No máximo, um medíocre "compère" revisteiro.
Mas , atenção : directamente proporcional ao povo a que "preside"...
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