A segunda é a extensão do guião que daria para um filme de grande duração – por exemplo o «Hitler: ein Film aus Deutschland» de Hans-Jürgen Syberberg que dura mais de 7 horas.
A terceira é que, se olharmos para a coisa como um movie script, falta saber como e onde vamos rodar o firme, quem vai dirigir o filme, quem são os actores, o guarda-roupa, etc. e, acima de tudo, quem é o produtor.
Voltando ao propósito do guião/argumentário do Dr. Portas que se diz ser um «guião com orientações para a reforma do Estado, … uma proposta aberta para discutir com os partidos e os parceiros sociais», sujeitemo-lo ao teste OQOQCP:
- Sabemos «O quê» vai ser feito, isto é que reformas vão ser feitas? Não, o guião/argumentário é um dilúvio de palavras num deserto de medidas concretas.
- Sabemos «Quem» vai fazer essas reformas? Não sabemos, porque nem sabemos qual o governo que estará em exercício quando serão feitas as reformas que não sabemos quais são.
- Sabemos «Onde» serão feitas essas reformas que não sabemos quais sejam nem quem as fará? Não sabemos.
- Sabemos «Quando» serão feitas essas reformas que não sabemos quais sejam nem quem as fará? Enfim sabemos que serão feitas durante duas legislaturas; mas saberemos o que fazer no 1.º, 2.º … 8.º anos? Não sabemos.
- Sabemos «Como» serão feitas essas reformas que não sabemos quais sejam, nem quem as fará, nem quando? Não sabemos.
- Sabemos «Porquê» devemos fazer essas reformas? É a única coisa que sabemos: se não forem feitas a bancarrota conjuntural converte-se em falência irremediável.
Embora seja improvável que o PS se digne discutir o guião/argumentário, na verdade nada o impediria de o fazer considerando a vaguidade do documento, a profusão de lugares comuns e ideias redondas à altura do vazio programático de António José Seguro.
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