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03/12/2010

Estado empreendedor (38) – fazendo o lugar do outro

Pode-se discutir quais deveriam ser as prioridades do primeiro-ministro dum país endividado e descredibilizado em que a justiça não funciona, o ensino tem uma aterradora falta de qualidade, e a economia exaure-se a sustentar um Estado pletórico e ineficiente. Haverá certamente mais opiniões do que portugueses. Ficámos a saber qual a opinião de José Sócrates sobre as suas prioridades: viajar até Zurique, Frankfurt e Buenos Aires para promover o sector exportador nacional e passar na volta por Madrid para promover a candidatura ibérica ao campeonato do mundo de futebol de 2018.

[Contaram-me em tempos uma história sobre um «axioma do lugar do outro» inventado para explicar o comportamento dos directores duma empresa pública onde cada um tentava fazer o papel do outro, na esperança de ficar com os louros se corresse bem. Se corresse mal, a coisa poderia sempre ser atribuída ao outro que detinha o lugar. Enquanto isso, cada um ignorava as responsabilidade do seu próprio lugar, na esperança que se corresse bem – o que poderia acontecer, sabendo-se que é preferível ficar quieto a fazer asneiras – ficaria também com os louros. Se corresse mal, sempre teria a desculpa de se ter ocupado a fazer o lugar do outro.]

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