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15/09/2016

Bons exemplos (112) - Um socialista que não é estúpido nem desonesto

«Enquanto fervilha a tensão entre os dois blocos políticos, poder/oposição, e o Presidente da República continua a descomprimir a situação política, é cada vez mais evidente a dimensão soporífera da solução governativa junto de algumas entidades. Não é lamento, é constatação. Quem analisar a abertura do ano letivo constatará que houve trabalho político na preparação, mas persistem problemas que, em condições normais, seriam explorados à exaustão pela FENPROF e pelas forças políticas que apoiam o governo para criar agitação e casos políticos perturbadores do ambiente na comunidade educativa. Esta deriva anestesiante, bipolar, só permite concluir que muita da contestação a que assistimos não tem a relevância que gera nos media e condiciona os decisores. Faz sentido o PCP gerar um movimento de utentes de uma autoestrada que defende a abolição de portagens quando não coloca essa condição como pressuposto nas negociações para a viabilização do Orçamento do Estado? Isso só prova que as conveniências políticas são mais importantes do que os princípios e valores propalados nos discursos. Pena que esta deriva de amansamento não seja aproveitada para gerar convergências em matérias relevantes para a resolução de problemas estruturais em Portugal e na Europa. 

É incompreensível que, sustentando o governo uma narrativa de normalidade na gestão orçamental, confiança nas opções políticas e determinação para cumprir as metas do défice, o ministro das Finanças, Mário Centeno, vá uma televisão global afirmar em resposta à pergunta “vai fazer tudo o que for necessário para evitar que Portugal tenha um segundo resgate?” que “essa é a minha principal tarefa”. Como num ápice se transforma um ato de reforço da confiança num desastre comunicacional... É certo que o sentido das opções políticas adotadas motiva uma forte pressão sobre a governação e o país, mas tanta falta de tino e défice de solidez era dispensável. Como não é dispensável que se explique como é que, com um crescimento aquém do previsto, sem aumento de impostos, sem protelar concursos públicos lançados e adjudicados e sem adiar pagamentos aos fornecedores se conseguirá gerar recursos para aumentar o indexante de apoios sociais e as pensões e tomar outras medidas que, podendo ser de elementar justiça, acrescentam despesa pública. É sobretudo um dever de respeito para com os cidadãos e o país, mas também se inscreve na promessa eleitoral de previsibilidade e sustentabilidade das opções políticas. O tal “virar de página da austeridade”.»

«Sem tino», António Galamba, ex-deputado e ex-dirigente do PS, no jornal i

1 comentário:

Unknown disse...

Pensei que o galambista tinha perdido o tino. Este Antonio devia usar outro apelido (que se calhar tem), para não pregar esperanças aos mais distraidos