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28/09/2016

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (48) O clube dos incréus reforçou-se (XIII

Outras marteladas.

Aparentemente estamos a viver um momento de viragem em relação à doutrina predominante sobre as políticas monetárias e o papel dos bancos centrais. Depois de 8 anos de pensamento miraculoso, começa gradualmente a emergir uma visão crítica. Só nos últimos dias demos conta dos sinais da mudança de paradigma do lado da OCDE e do FMI a que acrescentamos hoje a Economist cujo apoio ao alívio quantitativo e às taxas de juro evanescentes também tem dado sinais de esmorecer. Leia-se, por exemplo, o artigo «The low-rate world», de há dias, de onde respigo dois parágrafos numa tradução semi-automática:

«No entanto, cresce a evidência de que as distorções causadas pelas taxas estão a crescer ao mesmo tempo que os ganhos estão a diminuir. Os défices dos fundos de pensões das empresas e dos governos locais têm aumentado porque é muito mais difícil cumprir as pensões garantidas quando as taxas de juros caem. Os bancos, que normalmente lucram com a diferença de taxas de curto prazo e longo prazo, têm dificuldades quando as taxas são nulas ou negativas. Isso prejudica a sua capacidade de emprestar e até a sua solvabilidade. A persistência de taxas baixas têm distorcido os mercados financeiros, garantindo vendas maciças se as taxas começarem de repente a subir. Quanto mais tempo durar, maiores serão os riscos acumulados.

Para viver em segurança num mundo de taxas baixas, é tempo de ultrapassar a dependência dos bancos centrais. As reformas estruturais para aumentar as taxas de crescimento subjacentes têm um papel vital. Mas os seus efeitos só se realizam lentamente e as economias ainda precisam de ajuda. A prioridade mais urgente é usar a política fiscal. A principal ferramenta para combater as recessões tem de passar dos bancos centrais para os governos.»

É claro que no (Im)pertinências não se subscrevem as políticas comum e inadequadamente chamadas keynesianas prescritas na parte final do último parágrafo citado. Como as últimas 4 décadas em Portugal evidenciam, essas políticas estão condenadas ao insucesso em pequenas economias endividadas com um mercado interno limitado e com problemas de competitividade decorrentes de défices de inovação e de produtividade.

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