Depois de 3 anos de retórica fácil sobre a austeridade, o crescimento e a dívida, António Costa começa a ser encurralado pela maldita realidade e tenta fazer gradualmente a transição para a retórica difícil, empurrando os problemas com a barriga para a frente e propondo uma «audição pública para avaliação do impacto da dívida pública e das soluções para o problema do endividamento».
Costa reuniu-se no parlamento a semana passada com uma legião de prosélitos da economia mediática, entre os quais cinco que foram ajudantes de Sócrates (um deles, Campos e Cunha, saiu a tempo do comboio em andamento). Conclusões? Nem renegociação, nem reestruturação, nem haircut, nem mutualização. «O problema da dívida pública não é um problema exclusivamente português, sendo essencial uma solução à escala europeia» diz o projecto de resolução do PS sobre a dívida que sublinha ainda «a necessidade de lançar um grande programa europeu de estímulo ao investimento como forma de apoiar a recuperação económica». Onde param os estímulos ao consumo?
E onde param as esquerdas e as direitas quando Costa diz na sua plataforma de propaganda «Quadratura do Círculo»: «não é uma questão de esquerda ou de direita, é uma questão de boa economia». Mas então não há uma economia socialista e de esquerda e a outra?
Costa será tudo menos estúpido e com o aproximar do muro das eleições e de uma provável e desejada entrada para S. Bento, a criatura começa a tentar meter o Rossio das promessas que já fez, das que ainda há-de fazer e das hipotecas ao socratismo e ao soarismo, tudo devidamente lubrificado com conversa fiada, na Betesga do espartilho orçamental sob os olhares perscrutadores da troika e dos credores em geral.
Como não podia deixar de ser, e como acontece com todas as propostas desertas de ideias e ensopadas por dilúvios de palavras, que propõem que se discutam mais propostas, foi ontem aprovado sem votos contra no parlamento o projecto de resolução para «desencadear um processo parlamentar de audição pública … de personalidades relevantes, especialistas na matéria, tendo como objectivo a identificação de soluções responsáveis e exequíveis para o problema do endividamento, que permitam simultaneamente um crescimento sustentado da economia do país».
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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24/10/2014
Pro memoria (203) – Atropelado pelo princípio da realidade e esmagado pela insustentável leveza do peso da dívida
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1 comentário:
Chama-se a isso(tretas do Costa) cá na minha paroquia politica de primeira.
A experiência por cá também mostra que os resultados são muito positivos.
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