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24/01/2004

DIÁRIO DE BORDO: Maiêutica do aborto (nº. 0).

De acordo com as minhas nebulosas recordações «maiêutica» significa em grego, mais coisa menos coisa, «arte de ajudar a parir». Sócrates, filho de uma parteira, aplicou as competências da mãe para extrair dos seus discípulos a verdade que, segundo ele, lá pré-existia nas suas mentes, soterrada nas profundezas. A essa operação chamou – ou alguém por ele - maiêutica.
Deve reconhecer-se que extrair seja o que for duma mente é um propósito que requer mais engenho, e, sobretudo, é bem mais perigoso, do que ofício de parteira. Talvez por isso, Sócrates sucumbiu à cicuta antes do tempo que lhe era devido, enquanto a sua mãe esperou por Thanatos na sua vez.
Lembrei-me de usar a maiêutica para tentar extrair alguma coisa da minha mente, verdade ou mentira, sobre o tema do aborto em que a minha única certeza são imensas dúvidas, a que acrescento mais esta: será a arte de ajudar a parir adequada para discorrer sobre o aborto?
À medida que os trabalhos de parto forem prosseguindo aqui prestarei a devida conta.

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