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10/01/2004

CASE STUDY: É bom (às vezes) enquanto dura, mas é caro e dura cada vez menos.

Pode ler-se aqui que “a organização dos casamentos em Portugal é um negócio que representa mais de 1,14 mil milhões de euros por ano, cerca de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e o equivalente ao investimento estimado para o American’s Cup”.
Segundo as contas dos casamenteiros, o custo médio do forrobodó, incluindo o copo d’água, que tem tudo menos água, é de 20.000 euros, o que é uma bela soma para um país pelintra (ora aqui está um óptimo tema para polemizar na óptica da pobreza relativa).
A coisa conduz-me a uma profunda reflexão. A teoria económica faria prever que deveria ser aplicável aos casamentos uma Função Zingarilho ++ (quanto mais dinheiro gastamos com o casamento, mais ele dura), uma vez que quanto maior o investimento maior o período de recuperação, ceteris paribus.
Diferentemente, as estatísticas sociais mostram-nos que a função é do tipo +- (quanto mais dinheiro gastamos com o casamento, menos ele dura).
A única explicação que me ocorre é que não se trata de um investimento, nem talvez de um bem de consumo duradouro. O certo é que a procura é inelástica em relação ao preço ou, pior do que isso, tal como os bens de luxo, a procura até pode aumentar com o preço. Em conclusão, trata-se de luxúria, institucional mas, em todo o caso, luxúria - enfim, pelo menos quase sempre e durante algum tempo.

Nota explicativa:
A coisa saiu-me assim, já de madrugada. Volto da Maria Rita no Coliseu, um pouco esgalgado e avio uns bicoitos salgadinhos com um queijinho picante, tudo empurrado por um tintol alentejano. A coisa saiu-me assim. Vá-se lá saber porquê.

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