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12/01/2004

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O fascínio semi-óptico e o jantar talvez estragado pelas hirsutas perguntas.

Secção Res ipsa loquitor
Percebe-se o fascínio da nossa intelectualidade periférica, historicamente tributária da cultura francesa, pelas luminárias gaulesas. Mas para além da história, temos que concordar que as luminárias locais nunca poderiam ficar fascinadas por um ex-militar como Colin Powell (apesar disso, o mais polido que a administração Bush pôde dispor para a secretaria de Estado), como ficam com o à vontade de salão de M. de Villepin quando se encontra nas Necessidades (que raio de nome para a sede dos Negócios Estrangeiros) com personalidades da cultura como os inevitáveis Eduardo Lourenço, Manoel de Oliveira (o homem é tão velho que ainda se escreve com «o») e, primus inter pares, o inefável bonzo da cultura nacional o doutor semi-óptico Eduardo Prado Coelho.
Uma cesta de bourbons para distribuição por todos os presentes no jantar das Necessidades, com excepção do premiado na Secção seguinte.

Perguntas impertinentes
No Seminário Diplomático promovido pela charmosa ministra dos Negócios Estrangeiros, Ramos-Horta o seu hirsuto homólogo timorense fez algumas perguntas que devem ter deixado igualmente hirsuto o elegante homólogo de ambos, M. de Villepin, e, quem sabe?, lhe estragaram o apetite para o jantar com as luminárias locais.
Eis algumas delas:
«Perante os crimes, é legítimo falar da santidade do princípio da não-ingerência?»
«Um genocídio seria legítimo se o Conselho de Segurança não autorizasse a intervenção?»
«A unipolaridade é o resultado do sucesso americano, ou do falhanço da Europa?»

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