Já se sabia, pelo menos desde 1961 (Robert Mundell, «A Theory of Optimum Currency Areas»), que uma zona monetária para ser óptima precisa cumprir um certo número de condições. Esqueçamos, por agora, todas as outras e concentremo-nos na mobilidade da mão-de-obra que no caso da EU27 apresenta ainda barreiras culturais e administrativas (acesso condicionado a muitas profissões, sistemas de segurança social heterogéneos, etc.), e obviamente linguísticas (mais de 20 línguas diferentes), que constituem obstáculos poderosos.
É razoável supor que numa zona com elevada mobilidade de mão-de-obra as taxas de desemprego tenderão a variar menos, ou seja a ter uma menor dispersão, do que numa outra zona com reduzida mobilidade. Se tomarmos as variações regionais da taxa de desemprego, como nos mostra o estudo «Unemployment in the EU27 regions» do Eurostat (ver news release de 4 de Julho), como um indicador da mobilidade da mão-de-obra, é forçoso concluir que as regiões consideradas no estudo apresentam uma reduzida mobilidade, como se pode ver no mapa seguinte.
271 regiões NUTS da EU27 e 47 regiões dos países candidatos e da EFTA (Fonte) |
O diagrama seguinte mostra a distribuição do desemprego na Zona Euro, confirmando a acentuadíssima dispersão.
Dados extraídos de «Unemployment in the EU27 regions» |
Comparem-se os mesmos parâmetros da Zona Euro (UE17) com os do desemprego estadual nos Estados Unidos («Unemployment Rates for States, Monthly Rankings Seasonally Adjusted», June 2012).
É uma diferença abissal. A dispersão das taxas de desemprego na Zona Euro (UE17) é tripla dos Estados Unidos, indiciando um enorme défice comparativo de mobilidade da mão-de-obra. A magnitude desse défice é tal que podemos provavelmente concluir que, mesmo com os outros critérios preenchidos, é duvidoso que se possa ignorar esta falta de mobilidade.
Para complicar mais as coisas, alguns outros critérios não se podem considerar completamente satisfeitos, a saber: flexibilidade de salários (está a anos-luz), transferências orçamentais automáticas (idem) e sincronismo dos ciclos económicos (nem por isso). Em conclusão, é melhor esperarmos sentados pela estabilidade da Zona Euro.
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