Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

09/10/2010

ESTADO DE SÍTIO: O aprendiz de feiticeiro

Ficou a saber-se que o governo torrou 330 mil euros para contratar a agência Kreab Gavin Anderson (KGA) por um processo bastante obscuro iniciado em Fevereiro. Segundo o ministério da Economia, trata-se de consultoria para melhorar a imagem de Portugal nos mercados financeiros. A avaliar pela evolução dos juros das OT a 10 anos, os conselhos da KGA têm sido inúteis e a única consequência visível da sua colaboração parece ter sido no domínio do lóbi conseguindo entrevistas ao governo no New York Times, na CNN e na Bloomberg.

[Fonte: Bloomberg]

Com esta abordagem o governo revela incompreensão do funcionamento dos mercados, a ideia ingénua que é possível enganá-los reiteradamente, e, sobretudo, uma vez mais, a crença nos poderes miraculosos da manipulação mediática, imagem de marca de Sócrates e dos seus governos. Crença que desloca o foco da acção política dos problemas de facto para o seu epifenómeno mediático. Se alguma inovação José Sócrates aportou à prática política portuguesa terá sido essa, a par da intensidade com que tem usado o princípio da prevalência absoluta dos fins sobre os meios. É um arremedo de príncipe maquiavélico a quem falta um maquiavel.

Sem comentários: