«Portugal é muito melhor do que a Índia» para fazer outsourcing, disse Frederico Moreira Rato, presidente da Portugal Outsourcing. Como pura publicidade a coisa tolerar-se-ia, se fosse dita em Londres, para onde a criatura se dirige. Os britânicos nem se dariam ao trabalho de pensar muito no assunto e veriam a coisa como um sound bite e se há atmosferas saturadas disso é a atmosfera de Londres. Acontece que Moreira Rato disse a coisa em Lisboa e provavelmente com ar de quem acredita mesmo. Aí a coisa vira masturbação e fica mortalmente ridícula.
Ridícula porque contra factos não há argumentos. Centenas de multinacionais de várias nacionalidades escolheram a Índia para localizar serviços desde baixa tecnologia (call centres, por exemplo) até média ou alta (software development centres) contratando centenas de milhar de técnicos. Alguns exemplos: BA, Amex, BEA, GE, Microsoft, SAP, HP, IBM, Intel, AMD, Oracle, Cisco, SAP e muitas outras. Porque foi a Índia preferida e não Portugal? A resposta é mão-de-obra qualificada e abundante (as universidades indianas produzem todos os anos muitas dezenas de milhar de graduados nas áreas científicas e tecnológicas) e, claro, barata.
Exagero? Nem por isso. Uma das empresas líderes do outsourcing, e não estou a falar de call centres ou de empresas de trabalho temporário tipo Manpower, estou a falar de IT infrastructure services e BTO (business process outsourcing), é a Infosys, uma empresa genuinamente indiana. Criada em 1981 por 7 pessoas com 250 dólares, factura hoje quase 5 mil milhões de dólares na Ásia, Austrália, Europa e América do Norte, emprega quase 115 mil pessoas e está cotada na Nasdaq.
«Portugal é muito melhor do que a Índia» só se for para o surfing. Ou então eu sou o Clark Kent e tenho uma namorada chamada Loris Lane. Ó doutor Moreira Rato, tenha dó de nós, já nos basta ter o rei dos lunáticos como primeiro-ministro.
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Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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14/10/2010
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Se o ridículo fosse mortal teríamos uma baixa na associação Portugal Outsourcing
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