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11/10/2011

SERVIÇO PÚBLICO: A banca europeia à beira de um ataque de nervos

Como qualquer observador informado já sabe há pelo menos dois anos, a banca europeia só sobreviverá ao colapso de alguns PIGS com injecções maciças de capital, por muito que os stress tests realizados pela outra troika (Comissão Europeia, BCE e Comité de Supervisores Bancários Europeus) tentassem tapar o sol com um peneira – ver a este respeito a série de posts Testes de (pouca) resistência.

Isso mesmo mostra o calculador desenvolvido pela Reuters em Junho. Com os valores então assumidos como prováveis haircuts e um target core Tire 1 de 7%, cerca de 3 dezenas de bancos, incluindo os 4 maiores bancos portugueses têm insuficiências de capital superiores a mil milhões de euros.

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Simulando haircuts superiores e mais conformes à CPD (Cumulative Probability of Default) implícita nos CDS (Credit Default Swap) as insuficiências disparam. Por exemplo, com um haircut de 50% da dívida pública portuguesa em vez de 26%, as insuficiências de capital dos bancos portugueses aumentariam mais de 50%. Aumentarão ainda mais se o target core Tire 1 for 9% (o calculador da Reuters está limitado a 8%) ou 10% como está previsto acontecer gradualmente.

Ontem mesmo Juncker, o presidente do Eurogrupo assumiu que o haircut da Grécia poderia ultrapassar 60% o que está em linha com a previsão de há 4 meses da Reuters, quando a CPD da Grécia era muito inferior à actual.

Por isso, quando, uma vez mais, a dívida ultrapassa um certo limiar são mais os devedores que têm os credores na mão do que o contrário. E, neste caso, os credores que interessam são os bancos e seguradores alemães e franceses, em primeira linha, e em segunda linha os respectivos Estados que serão forçados a capitalizá-los. Exemplo disso é o bad bank com 90 mil milhões de lixo do Dexia que os governos da França, Bélgíca e Luxemburgo decidiram ontem garantir.

Percebe-se agora melhor o dilema alemão, que um ditado brasileiro descreve assim: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

[Gráfico da Reuters enviado por AB]

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