Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

29/04/2021

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O pesadelo de BoJo

Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro / Secção Still crazy after all these years

The nightmare: Boris’s battles are just beginning

Uma imagem, neste caso o cartune de Morten Morland na capa da Spectator, diz mais do que mil palavras. No pesadelo de BoJo surge Dominic Cummings, um spin doctor que ameaça divulgar email privados, recentemente despedido por influência de Carrie Symonds, a namorada de BoJo, surge a namorada herself  e ainda Nicola Sturgeon, a primeira-ministra da Escócia que ameaça um referendo ao Scotexit, seguido de pedido de adesão à UE.

Pelo pesadelo, obra de noites mal dormidas, BoJo leva cinco bourbons, por não conseguir deixar de ser ele próprio, e três chateaubriands por imaginar que o resto do mundo não dá por isso e continuará a tolerar as suas palhaçadas.

O Novo Império do Meio tem aspirações a ser um império global e para já comporta-se como um império regional agressivo

«The chinese ships that appeared around Whitsun Reef in March were unusual for fishing vessels. They seemed to do little fishing, for a start. Satellite images revealed them to be pristine and lined up with military precision. China said the ships were simply sheltering from bad weather. But the Philippine government said they belonged to China’s “maritime militia”, a naval auxiliary force under the command of the People’s Liberation Army. The result is the latest stand-off in the South China Sea.

In 2016 an international tribunal in The Hague rejected China’s vague and sweeping claims in the South China Sea, including to the Spratly Islands, in a complaint brought by the Philippines. But Rodrigo Duterte, the Philippines’ president, has largely avoided confronting China over the issue, preferring instead to needle America, an ally but also a former colonial occupier of the Philippines.

Thus it was a surprise when Mr Duterte’s government strongly denounced the latest provocations. On March 21st Delfin Lorenzana, the defence minister, demanded that the 220 Chinese vessels in the reef’s lagoon leave “our sovereign territory”. Two weeks later he complained that China had shown “utter disregard…of international law”. The next day Teddy Locsin, the foreign minister, thundered at China’s “blatant falsehoods”. Though many of the ships have now left Whitsun Reef, they are thought to have dispersed to nearby reefs, still within the Philippines’ eez.

China has deployed a notionally civilian maritime militia since the 1970s, and Vietnam operates a similar fleet, although not as large or active. Chinese fishing boats played a big part in the Chinese seizure of disputed rocks and sandbars such as Mischief Reef in 1994 and Scarborough Shoal in 2012, notes Ryan Martinson of the us Naval War College. In late 2019 and 2020 China used both its maritime militia and its coastguard to intimidate the West Capella, a ship licensed by Malaysia to drill for oil and gas. In January China passed a law expanding the powers of its coastguard, allowing it to use force more readily.»

China tries to nick another speck in the sea from the Philippines, Economist

28/04/2021

Como atrasar irremediavelmente o plano de vacinação? Resposta: um dia de cada vez (44) - O alvo em movimento

Média diária desde o início da vacinação em 27-12-202070% da população vacinada no final de Setembro100 mil pessoas incluindo "privados"maiores de 60 anos vacinados na primeira semana de Junho

Dia após dia, fica mais difícil alcançar os objectivos que o próprio governo definiu. Por exemplo, para atingir 70% de vacinados até 30 de Setembro seria necessário aumentar um terço do número médio de doses diárias de 57 mil na última quinzena para 75 mil, aumento que até agora não foi possível e mais difícil será nos meses de Verão.

Para complicar, os objectivos estão constantemente a ser alterados. Ontem o Sr. Almirante redefiniu os objectivos por faixa etária que passaram a ser os seguintes em relação à primeira dose:

Observador

Acontece que, segundo o Expresso, a faixa etária 80+ anos só tem vacinados 77% com as duas doses e como os objectivos agora definidos são em função de uma dose é ainda mais duvidoso que seja possível administrar duas doses a 7 milhões até ao fim do Verão.

E qual é a credibilidade de tal plano onde se considera completada em 11 de Abril a 1.ª dose da faixa etária 80+ anos quando a informação oficial ECDP (European Centre for Disease Prevention) refere que hoje 28-04 só 92,7% estão vacinados com pelo menos uma dose?

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (39) - Deitar foguetes antes da festa

Outros portugueses no topo do mundo.


O título sugere um Portugal que sempre foi especial passar a ser também espacial. No texto o foguetão baixa à categoria de foguete ao saber-se que o consórcio vai investir no Portugal dos Pequeninos uns míseros 9 milhões de euros em 3 anos, escassamente suficientes até para montar uma modesta fábrica de pirotecnia, daquelas que de vez em quando explodem levando consigo a família proprietária.

Uma linhas mais abaixo fica-se a saber que afinal a produção é só de umas peças a que Luís de Gôngora y Argote se escrevesse o artigo teria chamado de sistemas para o futuro foguetão RFA ONE, e se no lugar do presidente da AICEP também proclamaria «estamos a entrar numa nova era, ao plantar as primeiras sementes da indústria espacial no País. Estamos a lançar a Era Espacial!». 

27/04/2021

ARTIGO DEFUNTO: A lista de Salgado (7)

 Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e (6)


Há cinco anos, o Expresso e a TVI divulgaram as primeiras informações sobre os Papéis do Panamá entre os quais se encontrava uma lista de avenças e compensações pagas pelo GES a mais de uma centena de pessoas, incluindo políticos, gestores e jornalistas, lista até hoje não divulgada.

Mais tarde, o Expresso desculpou-se numa Nota Editorial pela não divulgação explicando que «a lista de alegados pagamentos não está nos Panama Papers. Está no Ministério Público», contrariando o que escreveu inicialmente em que referiu a lista como parte dos Papéis do Panamá a que tiveram acesso. Em qualquer caso estar no MP ou noutro sítio qualquer não impediria que a ela se tivesse acesso, como a qualquer outra informação "protegida" pelo segredo de justiça.

A única protecção eficaz do segredo de justiça é a doutrina corporativista dos jornalistas em geral que mantêm um prudente silêncio, com a excepção conhecida de Vítor Rainho no jornal i.

Entre a comentadoria também o silêncio é a regra, ainda para mais porque os nomes de alguns dos opinion dealers podem constar da lista de Salgado. Que tenha reparado, só António Galamba - uma bête noire do Dr. Costa - insistiu em Os jornalistas no saco azul do GES e a teoria geral do funil e agora em Os nomes dos jornalistas avençados do saco azul do GES já prescreveram?

26/04/2021

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Sérgio Sousa Pinto e a manifestação da intolerância cultural e da ditadura do politicamente correcto

Secção Res ipsa loquitur / Secção Tiros no pés

Sérgio Sousa Pinto, um exemplo raro de militante socialista tolerante e provido de coluna vertebral, resolveu participar na convenção Portugal e os portugueses - Reconfiguração social, política e económica para as próximas décadas, promovida pelo Movimento Europa e Liberdade, onde intervirão várias outras personalidades públicas que vão desde o centro-esquerda, centro-direita e a direita liberal até à extrema-direita, tais como Fátima Bonifácio, José Manuel Fernandes, João Cotrim de Figueiredo, Paulo Portas e muitos outros incluindo Álvaro Beleza, Henrique Neto e ainda André Ventura, a bête-noire da esquerdalhada

Num país normal, a participação de Sousa Pinto seria vista como normal. Portugal não é, porém, um país normal, talvez porque tem uma esquerdalhada que fala em nome da esquerda e até fala, com grande desaforo, em nome do Portugal dos Pequeninos. 

Excitada com o tema "A intolerância cultural e a ditadura do politicamente correcto" em que Sousa Pinto participará no painel, a esquerdalhada reagiu pavlovianamente, ou seja, levianamente como o cão de Pavlov, e começou a soprar as habituais indignações nos jornais e os habituais incêndios nas redes sociais onde maluquinhos desprovidos de neurónios torram Sousa Pinto pelo facto de, dizem, "branquear" André Ventura.   

A Sousa Pinto atribuo quatro afonsos pela tesura de se borrifar para a intolerância militante da esquerdalhada e aos indignados com tal participação ofereço cinco bourbons, por nada esquecerem e nada aprenderem, e quatro chateaubriands, por não perceberem que o resultado destas patetices tem efeito contrário ao que pretendem.

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (82) - Em tempo de vírus (LIX)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

L'État c'est nous

Cumprindo o seu desígnio de ocupar o Estado sucial, o PS do Dr. Costa tem hoje um papel semelhante ao da União Nacional do Dr. Salazar fazendo os militantes socialistas instalados no aparelho do Estado as vezes dos funcionários situacionistas. O caso da Segurança Social é um bom exemplo. Segundo o levantamento do Observador, todo o Conselho Directivo do ISS e 12 dos 18 directores distritais são boys. O último nomeado como director-geral da Segurança Social é um caso paradigmático de um boy que fez o percurso dos gabinetes de Costa e Vieira da Silva.

A nomenclatura espera ansiosa o desencalhar da bazuca

Vencido o obstáculo do Tribunal Constitucional alemão que deixou passar a alteração que permitirá à CE financiar-se directamente nos mercados financeiros, ainda faltam nove países dos quais só a Holanda e a Áustria poderão levantar algum problema.

Por isso, já é audível o salivar das Forças Vivas de Nação (uma expressão usada no Estado Novo para designar as fraquezas moribundas nele penduradas), à espera dos fundos. Para citar Helena Garrido, até «os empresários ficaram aparentemente satisfeitos porque boa parte do aumento da dívida do país vai ser para eles.»

A tradição ainda é o que era

Numa espécie de homenagem póstuma ao Eng. Sócrates, por ocasião da limpeza da sua folha pelo Juiz Rosa, o Dr. Costa que havia sido forçado pela CE a retirar do PRR 140 milhões de euros para estradas resolveu financiá-las pelo OE2021. O que é uma coisa extraordinária a vários títulos, incluindo o à vontade magistral do governo ter enfiado no orçamento algo que lá não estava, depois de ter considerado inconstitucional a aprovação pelo parlamento do aumento da despesa relativa aos subsídios aos trabalhadores independentes.

Ineficiente, sempre. Ineficaz quando possível

Acredite se quiser: os seis helicópteros russos Kamov de combate aos incêndio florestais comprados por 40 milhões durante o mandato do Dr. Costa como ministro da Administração Interna (ver aqui o resumo da estória) e mantidos durante 11 anos a um custo anual de 10 milhões estão parados desde há três anos a aguardar uma auditoria para saber se vale a pena repará-los. Entretanto, mais de 4 milhões de peças propriedade do intermediário da compra continuam montadas nos helicópteros.

25/04/2021

Como atrasar irremediavelmente o plano de vacinação? Resposta: um dia de cada vez (43) - Ó Sr. Almirante deixe-se lá de anúncios

Média diária desde o início da vacinação em 27-12-202070% da população vacinada no final de Setembro100 mil pessoas incluindo "privados"maiores de 60 anos vacinados na primeira semana de Junho

A média móvel semanal que durante 6 dias consecutivos ultrapassou as 60 mil doses voltou a cair. Para compensar, o Sr. Almirante anunciou, mais uma vez, «um ritmo muito elevado, que será dentro de muito pouco tempo, superior a 100 mil vacinas por dia». Também anunciou a chegada de mais vacinas e não se desculpou com a falta delas que é uma versão que, para justificar o atraso na vacinação, continua a ser instilada subliminarmente nas cabecinhas do povo ignaro, apesar do stock de 20 milhões de doses na UE.

Na mesma linha de anúncios, o Sr. Thierry Breton, comissário do Mercado Interno (não perguntem o que tem ele a ver com a vacinação), que já havia anunciado que a imunidade colectiva na Óropa será atingida no 14 juillet, anunciou agora que «vamos alcançar a imunidade coletiva antes dos britânicos e talvez ao mesmo tempo que os americanos» o que não disse é se será antes ou depois da tomada da Bastilha. Visto que o Reino Unido e os EUA já vacinaram, respectivamente, 50,2% e 41,8% da população com pelo menos uma dose e 18% e 28% com a segunda, contra os 24,2% e 8,9% da UE, o anúncio de M Breton é no mínimo arrojado e fez-me lembrar Napoléon na véspera de Waterloo.

DIÁRIO DE BORDO: Um 25 de Abril impertinente. A tradição aqui ainda é o que sempre foi

O meu 25 de Abril foi o dia em que comecei a descobrir que as coisas não eram o que pareciam ser.

Em que comecei a descobrir que o país estava coalhado de democratas, socialistas e comunistas nunca antes vistos, nascidos nos escombros do colapso por vício próprio do edifício decadente do Estado Novo. Pouco a pouco, nos dias e meses seguintes, para minha surpresa, o coalho derramou-se pelo país numa maré do coming out, como lhe chamaríamos hoje. Em cada empregado servil, venerador, de espinha dobrada e mão estendida, havia um heróico sindicalista pronto a lutar pelos direitos dos trabalhadores e pelo «saneamento» do patrão.

Em que comecei a descobrir como tinha sido possível o marcelismo ter-se mantido de pé 6 longos anos, depois do Botas ter caído da célebre e providencial cadeira. Que nunca tinha havido uma oposição digna desse nome. Que a mole imensa do povinho lá tinha feito pela vidinha, esgueirando-se pelas frestas das fronteiras, pelas cunhas da tropa e pelas veredas das guerras do ultramar.

Em que comecei a perceber que o leitmotiv do drama não era uma ditadura suportada por uma direita retrógrada e infinitamente estúpida. Nem era uma ditadura provinciana, bafienta, decadente, de brandos costumes, que mantinha um número de presos políticos que envergonharia qualquer ditadura à séria (112, depois dum mês agitado de prisões).

Em que comecei a perceber que também não era a guerra colonial, que em 25 anos fez o equivalente ao número de mortos de 4 ou 5 anos de guerra rodoviária. Nem a guerra cujo fim foi uma humilhante fuga às responsabilidades (nem mais um só soldado para as colónias, berravam os bloquistas avant la lettre) que desencadeou em Angola, Moçambique e Timor a enorme hecatombe humana dos 20 anos seguintes.

Em que comecei a perceber que o leitmotiv do drama era a resposta à pergunta: como foi possível a uma tal ditadura manter-se quase 50 longos anos sem ter sido seriamente ameaçada?

Em que comecei a perceber que o 25 de Abril foi princípio do fim das nossas desculpas como povo. Que nada adiantaria sacudir a água do capote, e mandar a coisa para cima dos eles que escolhemos para nos desgovernarem.

E foi neste 25 de Abril que descobri que já não me restava pachorra para aturar, mais um ano, as comemorações do gang do esquerdismo senil que se julga proprietário da data.

[Este post foi publicado no trigésimo aniversário da chamada revolução dos cravos e republicado posteriormente. Hoje poderia escrever o mesmo, mas não foi preciso porque já estava escrito.]

24/04/2021

O Partido Socialista apodreceu e com ele apodreceu a 3.ª República (2)

 Continuação deste apodrecimento.

«A história do Acórdão 90/2019 do Tribunal Constitucional, de que falei aqui na semana passada e que Ivo Rosa utilizou para mandar abaixo toda a Operação Marquês (com o argumento de que o prazo de prescrição para os crimes de corrupção activa começou a contar em 2006, e portanto tudo estava prescrito), ficou ainda mais interessante com as informações  reveladas pelo programa da RTP Sexta às 9.

Em primeiro lugar, ficámos a conhecer o nome do advogado que interpôs o recurso junto do Tribunal Constitucional (TC) a que Ivo Rosa se agarrou com grande entusiasmo. Chama-se Rui Patrício, e é um ás na sua profissão. Em 21 de Março de 2018, o Supremo Tribunal de Justiça tinha condenado um cliente seu a cinco anos e sete meses de prisão pela prática de nove crimes de corrupção a activa e dois crimes de peculato (trata-se de um caso de processos de falência que não envolveu figuras públicas). Em meados de 2018, o advogado recorreu ao TC, argumentando que os crimes de corrupção estavam prescritos.

Graças a Deus, a justiça nem sempre é lenta, e o TC deu-lhe razão a 6 de Fevereiro de 2019. Numa jogada de mestre, Rui Patrício ganhou em vários tabuleiros: inocentou directamente o cliente das falências com aquele acórdão, e inocentou mais três clientes por tabela. Como? Simples: Rui Patrício é também advogado de Hélder Bataglia, de Bárbara Vara (filha de Armando Vara) e de Rui Horta e Costa (ex-administrador do empreendimento de Vale do Lobo), todos eles não pronunciados por decisão de Ivo Rosa com base no Acórdão 90/2019, que lhe caiu no colo a meio da instrução da Operação Marquês.

Mas há mais. Graças ao Sexta às 9, ficámos também a saber por que razão Manuel da Costa Andrade, então presidente do Tribunal Constitucional (abandonou este ano o cargo), não participou (e bem) na decisão da 1.ª secção do TC. Costa Andrade estava impedido de o fazer, porque em Novembro de 2015 assinou um parecer encomendado por Rui Patrício, no qual defende a tese da prescrição dos crimes de corrupção a partir do momento da promessa, invocando para isso o respeito pelo princípio da legalidade, argumento central utilizado pelo Juiz relator Cláudio Monteiro no Acórdão 90/2019.

Esse parecer, curiosamente, não foi assinado só por Costa Andrade. Foi assinado também pela professora Cláudia Cruz Santos, actual deputada do PS, e não por acaso citada pelo próprio juiz Cláudio Monteiro, ex-deputado do PS, no Acórdão 90/2019. Como se as coincidências não bastassem, ainda há mais uma: Manuel da Costa Andrade, ex-deputado do PSD, é pai de João Costa Andrade, advogado de José Paulo Pinto de Sousa, o fidelíssimo primo de José Sócrates, que também escapou à pronúncia. 

Há quem afirme que o mero elencar destes factos é uma forma ínvia de pôr em causa a reputação de pessoas respeitáveis, sobre as quais não recai suspeita alguma. Deixem-me esclarecer que não é a reputação das pessoas que está em causa, mas esta bambochata de ligações familiares, financeiras ou políticas. Somos um país dominado por uma elite minúscula que vive em circuito fechado, pejada de conflitos de interesses, porque o advogado já encomendou pareceres ao juiz, o filho seguiu as pisadas do pai, a professora esta no parlamento a sonhar com o TC (com uma perninha no futebol) e o político, o banqueiro ou o grande empresário que de repente é apanhado sabe muito bem a que portas ir bater para se safar. Isto é o sistema. Não foi criado por Sócrates . E continuará muito para além dele.»

O juiz, a deputada, o advogado, o professor e o filho dele, João Miguel Tavares no Público

Comentário: 
Sim, não é a reputação de pessoas respeitáveis que está em causa, porque na fossa séptica em que o PS e o regime estão mergulhados, pode haver reputação mas é a reputação da fossa séptica e quem a tem são pessoas talvez respeitadas na fossa séptica, mas não respeitáveis fora dela.

23/04/2021

Estado empreendedor (110) - O aeroporto que só abria, abre ou abrirá aos domingos (13) - Ressuscitado como apêndice de uma zona franca

Continuação de outras aterragens: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10, (11), (12)

Recapitulação

Ao princípio era o verbo do Eng. José Sócrates: mais de um milhão de passageiros até 2015 e o investimento seria recuperado nos 10 anos seguintes. Era o multiplicador socialista a funcionar de acordo com o estudo «Plano Regional de Inovação do Alentejo» da autoria de Augusto Mateus, um ex-ministro socialista da Economia do 1.º governo de Guterres. Segundo o estudo, o aeroporto de Beja iria constituir uma «plataforma logística para a carga a receber e a expedir de/para a América e África, incluído o transporte de peixe, utilizando aviões de grande porte e executando em Beja o transhipment para aviões menores para a ligação com os aeroportos europeus».

Entretanto, durante mais de uma década, desenrolou-se uma saga cujos principais episódios são relatados nos posts anteriores, o último dos quais consistiu num projecto para desmantelar aviões que se esfumou, como os anteriores.

Novos desenvolvimentos

Passados doze anos e imensos projectos de inspiração evangélico-socialista, do tipo se o construímos eles virão, ou do tipo Lockheed TriStar, se já gastámos x milhões vamos gastar mais y milhões para não perder o x, e de seguida vamos gastar mais z milhões, para não perder x + y, e assim sucessivamente, as ideias tornam-se inevitavelmente cada vez mais místicas, como é o caso agora da ideia de «usar aeroporto de Beja para ser uma zona franca comercial e industrial»

Esta última ideia, avançada pelo Presidente da Comunidade Portuária e Logística de Sines, cargo que certamente lhe deixa tempo suficiente para produzir mais ideias, seria mais uma para fazer meia dúzia de anúncios, dois ou três relatórios, quatro ou cinco apresentações, e no final torrava-se umas centenas de milhar e estaria o assunto arrumado. Infelizmente, com a chegada os milhões da bazuca a coisa pode complicar-se e chegar a vias de facto torrando-se não umas centenas de milhar mas centenas de milhões.

A bidenlogia substitui Alt-Right e White Supremacists por Antifa e Woke e recupera partes de trumpologia (nem sempre as melhores)

«Joe Biden, the 46th President of the United States, has never been able to keep his mouth shut. Throughout his absurdly long career in politics, he has always said too much, made stuff up, gone too far. ‎Os amigos e fãs encolhem-no.‎ ‘That’s our Joe.’

The trouble is, Biden is now America’s Commander-in-Chief, leader of the not-so-free-anymore world, and his loquaciousness — and the mental fuzziness it betrays — is becoming a problem.

Take, for instance, his decision this week to intervene before the jury reached its verdict on the trial of Derek Chauvin, the white police officer now found guilty of the murder last year of George Floyd in Minneapolis, Minnesota. ‘I’m praying the verdict is the right verdict. I think it’s overwhelming in my view,’ Biden said. ‘I wouldn’t say that unless the jury was sequestered,’ he quickly added — as if there were nothing untoward in a president weighing in pre-emptively on the most racially charged legal trial in America since the O.J. Simpson case in 1995.

As things turned out, mirabile dictu, the jury agreed with Biden and found Chauvin guilty on all three counts. Yet what ought to have been a calm vindication of American justice was treated as a grubby political show trial. Angry right-wingers will regard the verdict as a sop to left-wing mobs who would have — hell, maybe still will — set fire to cities across America had Chauvin not gone down. Chauvin’s lawyers are expected to claim that their client was not given a fair trial due to the monstrous public pressure surrounding the case.

The strangest part about Biden’s intervention was how unnecessary it was. Nobody was clamouring for the President to wade into the controversy at such a critical juncture. Yes, other leading Democrats had jumped the justice gun. Congresswoman Maxine Waters last weekend told reporters she hoped Chauvin would be found ‘guilty, guilty, guilty’ — which prompted a rebuke from the judge and lots of tut-tutting in responsible media circles.

Biden should have remained above the fray, but he just couldn’t help himself. That’s our Joe. He’s a member of the so-called Silent Generation who can’t stop talking.

22/04/2021

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (38) - Os primeiros na mão estendida

Outros portugueses no topo do mundo.

#Portugal foi o primeiro Estado membro a apresentar o PRR. A nossa recuperação assenta no reforço do SNS, na habitação digna e acessível, na promoção das qualificações, na capitalização e inovação empresarial, no desenvolvimento do interior e nas transições climática e digital.

Saudemos o Dr. Costa e a sua obra de realização do sonho do Padre António Vieira, dando passos para a criação do Quinto Império da Pedinchice.

Lost in translation (351) - Vou ser o Sócrates da bitola estreita, quis ele dizer por outras palavras

“Fizeram-se milhares de quilómetros de auto-estrada quase sem discussão. O investimento na ferrovia toda a gente discute”

Dr. Pedro Nuno Santos, na apresentação Plano Ferroviário, citado pelo Avante da Sonae

CASE STUDY: Trumpologia (75) - Uma espécie de balanço do trumpismo por uma portuguesa residente na Trumpolândia

Mais trumpologia.
«No fim-de-semana, quando conversei com as minhas amigas, uma delas disse que estava muito satisfeita com o Biden. A política do Biden tem diferido muito pouco da política do Trump; a maior diferença está no uso do Twitter e outra diferença é o papel da Rússia, que continua a ser vista como inimiga, isto depois de Trump ter visto a Rússia com mais afinidades.

Para mim, o Trump é um enorme paradoxo. Decerto que sem ele não teríamos tanto progresso social tão rápido; mas pagámos bem o preço de tudo o que conquistámos.»
Rita Carreira, neste post de A Destreza da Dúvidas

21/04/2021

Como atrasar irremediavelmente o plano de vacinação? Resposta: um dia de cada vez (42) - Depois do foguetório, mais do mesmo

Média diária desde o início da vacinação em 27-12-202070% da população vacinada no final de Setembro100 mil pessoas incluindo "privados"maiores de 60 anos vacinados na primeira semana de Junho

Depois do foguetório de cinco dias acima dos 60 mil e um dia com quase 120 mil, de volta aos 30 mil. É a confirmação do amadorismo ou, mais rigorosamente, do mau profissionalismo, porque amador não significa mau ou medíocre, significa que se faz com gosto.

Na União Europeia, que está muito atrás do Reino Unido e dos EUA, a posição de Portugal, com 23,5% da população com pelo menos uma dose e 8,0% com as duas, relativamente à média de 22,9% e 8,4%, posiciona-nos a meio da tabela o que nos classifica como medíocres no género europeu, que é medíocre no género países desenvolvidos. Porém, quando olhamos para o ranking europeu da vacinação por grupo etário, constatamos uma situação curiosa e muito significativa (fonte ECDC).
  • > 80 anos  - 6.º 
  • 70-79 anos - 18.º
  • 60-69 anos -  18.º
  • 50-59 anos - 10.º
  • 25-49 anos - 9.º
  • 18-24 anos - 16.º
Como explicar melhores situações em escalões de menor risco, em detrimento dos escalões de maior risco? A prioridade à freguesia eleitoral dos funcionários públicos não deve ser estranha a este resultado.
 
E o que diz S. Ex.ª, o presidente dos melhores entre melhores? Diz que em Portugal a vacinação decorre com «a flexibilidade compatível» com a falta de vacinas. Flexibilidade? Sem dúvida, se por flexibilidade se entender variabilidade que vai de menos de dois milhares para mais de uma centena de milhar de doses diárias. Falta de vacinas? O stock de doses na UE é 18,5 milhões (132,9 distribuídas e 114,4 administradas e em Portugal só Deus sabe, mas acaba de ser anunciada a entrega de 1,2 milhões de doses da Pfizer.

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (37) - "Sem paralelo" disse S. Ex.ª

Outros portugueses no topo do mundo.

«O Presidente da República considera que as reuniões do Infarmed, que juntam especialistas, líderes políticos e parceiros sociais, são realizadas “num quadro político e institucional sem paralelo em qualquer outra experiência externa”.» (Observador)

Foi com este quadro político e institucional sem paralelo que nos colocámos em Janeiro no topo do mundo com mais mortes por milhão de habitantes e ainda hoje nos colocamos a nível mundial num honroso 19.º lugar em número de casos por milhão de habitantes e num notável 17.º lugar em número de mortes por milhão de habitantes (worldometer).

Há duas explicações possíveis para esta fantasia recorrente dos melhores do mundo fabricada pela nossa nomenclatura política: ou bem eles acreditam nestas baboseiras e nesse caso são patetas, ou bem eles não acreditam e nesse caso consideram patetas quem os escuta.

20/04/2021

O pedronunismo, uma espécie de bonapartismo serôdio e periférico, ou o Dr. Pedro Nuno Santos reencarnando um Napoleão boina à parte no Portugal dos Pequeninos

«Eu que sou muito adepto da ferrovia e quero que a ferrovia se expanda […] e também quero que as viagens de avião com menos de 600 quilómetros desapareçam da Europa.»
Dr. Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação e CEO da TAP, partilhando com os participantes na sessão de lançamento do Plano Ferroviário Nacional a sua visão para a Óropa

Como atrasar irremediavelmente o plano de vacinação? Resposta: um dia de cada vez (41) - E de repente um foguetório

Média diária desde o início da vacinação em 27-12-202070% da população vacinada no final de Setembro100 mil pessoas incluindo "privados"maiores de 60 anos vacinados na primeira semana de Junho 

E de repente um foguetório. Cinco dias acima dos 60 mil, o recorde de quase 120 mil e a média móvel de 7 dias mais alta até agora. Antes de celebrarmos, interroguemo-nos: como explicar este carrossel de vacinação de que resulta um coeficiente de variação (relação entre o desvio-padrão e a média de doses diárias administradas) de 72%?  Que diabo de organização é esta que tem um output que varia entre uns poucos milhares e mais de cem mil? Que garantias temos de uma organização assim conseguir manter um fluxo estável de vacinas que permita cumprir os objectivos que ela própria fixou?

19/04/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (81) - Em tempo de vírus (LVIII)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Na aritmética socialista o total é menor do que a soma das parcelas

Se somarmos todos os subsídios, apoios, empréstimos, perdões, donativos, anunciados pelo governo do Dr. Costa obteremos incontáveis milhares de milhão. Mesmo que só consideremos o último dos múltiplos anúncios da mesma coisa obteremos muitos milhares de milhão. A UTAO - Unidade Técnica de Apoio Orçamental fez as contas e em 2020 estimou o custo total das medidas em 4,5 mil milhões de euros, ou o equivalente a 2,2% do PIB. Quando comparados com os 18% do Reino Unido, os 26% dos EUA ou mesma média modesta de 11% da UE, somos forçados a concluir que o governo do Dr. Costa é o melhor nos anúncios e o pior nos resultados, também nesta matéria.

O multiplicador, ontem, hoje, amanhã e sempre

A explicação para a referida anomalia na aritmética socialista poderia muito bem ser o efeito do multiplicador socialista do qual o (Im)pertinências já apresentou muitas dezenas de exemplos, a que se acrescenta hoje mais um. O ministério das Finanças postulou no Programa de Estabilidade que os 16,6 mil milhões de euros de fundos europeus do PRR irão multiplicar-se em 23,3 mil milhões na economia. Enfim, sempre é um multiplicador mais modesto do que o impacto dos 18 milhões que teria cada milhão torrado nas autoestradas. Poderia então concluir-se que quanto mais o dinheiro europeu fosse injectado na economia, melhor e, nesse caso, ficaria por compreender o que teria levado o Dr. Costa a usar só uma pequena parte do crédito disponibilizado pela bazuca.

O Plano de Recuperação e Resiliência, bazuca ou vitamina como terreno de disputa do Dr. Costa e do Dr. Marcelo

A bazuca continua estacionada no Tribunal Constitucional alemão, mas por cá já serve de pretexto para o Dr. Marcelo tentar marcar uns pontos face a um Dr. Costa que irritado pela ratificação dos apoios aos trabalhadores independentes já começou a pôr a merda do Dr. Marcelo na ventoinha dos mídia amigos, desenterrando o depoimento do falecido de Queiroz Pereira que ligou o Dr. Marcelo ao Dr. Salgado através da "namorada". O Dr. Marcelo aproveita a bazuca para, via a sua jornalista-porta-voz do Expresso, insinuar que ele conseguirá extrair mais dinheiro para as empresas.

18/04/2021

A lei de Paretto na pandemia: 80% das mortes ocorrem em 20% da população, mas isso não interessa nada e confina-se toda a gente (2)

Um grande número de hospitais, médicos, seguradores, farmácias e fornecedores de dados reuniu 5 mil milhões de registos médicos relativos a 104 milhões de americanos e criou o Covid-19 Research Database e autorizando a Economist a ter acesso a esses dados.

Fonte

Os resultados da análise estatística dessa imensidão de informação estão representados no diagrama acima que mostra claramente que a idade e o sexo são os factores determinantes no risco de letalidade por Covid (representado a vermelho), como o post anterior já tinha ilustrado relativamente a Portugal e Inglaterra. Contudo, as comorbilidades - as doenças preexistentes - constituem outro factor importante que agrava o risco de morte sobretudo a partir dos 60 anos. 

Já quando à gravidade medida pelo risco de hospitalização (representado a preto), a idade continua a ser um factor decisivo, coexistindo porém com uma interacção mais complexa de vários factores relacionados com as comorbilidades. 

Uma vez mais, a lei de Paretto (*): 80% das mortes e das hospitalizações ocorrem nos 20% mais velhos e mais doentes.

(*) Evidentemente que a lei de Paretto é inferência empírica (com um suporte na curva de Gauss da distribuição normal) e não uma lei científica. É uma simplificação que ajuda a focar os factores importantes mas pode ser uma simplificação grosseira.

17/04/2021

ARTIGO DE DEFUNTO: É preciso um grande descaramento

À esquerda recorte da 1.ª página do CP do Expresso de 17-04; à direita evolução da Carga Fiscal nos últimos 25 anos

Como se sabe, o aumento em 2011-2012 do IRS e de outros impostos resultou das condições do resgate negociadas pelo governo socialista de José Sócrates, no quadro da bancarrota. Desde que tomou posse no final de 2015, o governo do Dr. Costa anunciou o fim da austeridade e desde então a carga fiscal não parou de aumentar. Nestas circunstância, teria sido um enorme descaramento se o Dr. Leão tivesse dito que «recusa descer IRS que Gaspar aumentou» como o Expresso insinua que tenha dito.

Na verdade, o Dr. Leão não disse que recusa descer o IRS e não disse que Gaspar o tenha aumentado. Embora tenha dito outras coisas que pressupõem descaramento, neste caso em particular o grande descaramento é do Expresso que faz uma chamada na 1.ª página tentando manipular subliminarmente o córtex dos leitores, chutando o odioso para cima do governo PSD-CDS e limpando a folha do governo socialista. Ao fazê-lo, o semanário de reverência mostra-se, uma vez mais, uma espécie de Acção Socialista à paisana.

É claro que têm de ser curvar. Um governo pedinte faz um país de pedintes com deputados pedintes e é próprio dos pedintes curvarem-se

«Quando cerca de 40 jornalistas da televisão e rádio de Macau (TDM) foram informados, sob a forma de nove medidas específicas, que a censura tinha sido oficializada, reagiram corajosamente. A Comissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia da República curvou-se despudoradamente perante o Governo da China, desmentindo que houvesse censura, como se dezenas de jornalistas tivessem tido uma alucinação colectiva. Com um par de excepções, é difícil dizer qual dos deputados desceu mais fundo.

Quando os deputados se curvam perante a China, Jorge Menezes no Público

Porque não haveriam os deputados de curvar-se perante um dos maiores investidores em Portugal se o Dr.  Costa e o Dr Marcelo deram o exemplo e S. Ex.ª chegou a babar-se perante o Imperador do Novo Império do Meio (por falar na baba, por onde anda o vídeo censurado?).

15/04/2021

Um exercício de ética republicana. O departamento de marketing do PS tem representantes em todas as redacções

Como qualquer sujeito passivo, no sentido fiscal, que não seja passivo no sentido sociopolítico, deveria saber, o governo do Dr. Costa faz em relação ao IRS o que todos os outros têm feito, ou seja, fixa as taxas de retenção em níveis mais altos do que o necessário para adiantar a colecta e o dinheiro ficar do lado de lá desde Fevereiro. Há apenas duas diferenças do governo do Dr. Costa em relação aos que o precederam, a saber:

  1. Abusa da receita de antecipar a extorsão do IRS, de onde necessariamente os reembolsos atingem valores mais elevados, e
  2. Insulta a inteligência dos portugueses (isto é, daqueles que não são estúpidos) e faz durante vários meses uma intensa campanha noticiosa a anunciar os reembolsos de IRS, como se fosse uma dádiva do PS.
Esta campanha noticiosa é levada a cabo com a prestimosa colaboração de dezenas de jornalistas que polvilham todos os dias os jornais online com dezenas de anúncios. Anúncios que nos dois ou três meses que dura o circo superam 50 mil "notícias" como se pode ver na pesquisa abaixo. Muitas dessas "notícias" são ilustradas com a respectiva foto do respectivo secretário de Estado, .

Pesquisa

E daí, perguntarão? Daí que o governo do Dr. Costa, além de extorsionário, manipula escandalosamente os mídia, daí que os mídia estejam ocupados por legiões de jornalistas serventuários deste governo (e muitos deles provavelmente serventuários de qualquer outro governo) que publicam obediente e repetidamente as coisas mais estúpidas que os assessores de comunicação lhes põem nas mãos, daí que a comentadoria não faça a menor alusão a estas campanhas de manipulação, daí que ao povo ignaro tudo isto lhe passe ao lado.

Como atrasar irremediavelmente o plano de vacinação? Resposta: um dia de cada vez (40) - Estando o céu fora do alcance, só pode escolher-se entre os purgatórios

Média diária desde o início da vacinação em 27-12-2020; 70% da população vacinada no final de Setembro; 100 mil pessoas incluindo "privados"; maiores de 60 anos vacinados na primeira semana de Junho 

Lamento, mas não há nada de novo a dizer sobre o andamento do plano de vacinação. O tecto da média móvel diária semanal parece encalhado nos 40 mil e picos. Até o anúncio de sucessivos objectivos é apenas mais do mesmo. O mais recente é concluir a vacinação dos maiores de 60 anos na primeira semana de Junho.

Poucos dias depois de anunciada a compra das vacinas Johnson & Johnson de uma só dose, a FDA americana decidiu suspender a sua administração por terem sido registados algumas reacções adversas. A task force do Sr. Almirante garantiu que o atraso da chegada desta vacina não alteraria o plano português, o que é uma garantia curiosa porque, tal como vem sendo executado, o plano português só estará concluído nas calendas gregas.

14/04/2021

Dúvidas (305) - Terá o Expresso informação privilegiada sobre a vacinação?

Em cima site da DGS de cujos dados oficiais resulta uma média diária dos últimos 7 dias de 41.978 doses; em baixo Expresso com números e média diferentes (em ambos os casos às 21:10 do dia 14-04)

Dúvidas (304) - Porque escrevem os jornalistas tantas mentiras?

«Por que o Brasil é hoje o pior país do mundo na pandemia?»

Não, o Brasil não é o pior pais do mundo na pandemia. O Brasil de Bolsonaro é apenas o 41.º país em número de casos por milhão, bem atrás de Portugal do Dr. Costa (17.º), da Bélgica (18.º), Espanha (27.º) e até dos EUA de Biden, e é o 15.º país em número de mortos por milhão, atrás da Bélgica (9.º) , Itália (12.º) e quase ex aequo com o Portugal do Dr. Costa e os EUA de Biden. 

Alguém do PS está a tentar pôr a cabeça de fora da fossa séptica socialista

«Medina quebra silêncio do PS: comportamento de Sócrates "corrói o funcionamento da nossa vida democrática" »

Este blogue tem sido particularmente crítico deste putativo sucessor do Dr. Costa, não obstante, e por isso mesmo, estamos à vontade para registar algo de original entre os novos situacionistas que mantêm o prudente silêncio dos merdosos medrosos.

O Partido Socialista apodreceu e com ele apodreceu a 3.ª República

 «Esta foi a palavra mais ouvida na sexta-feira. O negócio da PT prescreveu, o negócio da Oi prescreveu, o negócio de Vale do Lobo prescreveu, os negócios do grupo Lena prescreveram. A palavra "prescrição" surge 305 vezes na decisão instrutória do juiz Ivo Rosa. Eis a pergunta fatal: porque é que aqueles crimes prescreveram? Rosário Teixeira enlouqueceu? O Ministério Público andou a esbanjar enormes recursos para perseguir crimes prescritos? O que é que permitiu a Ivo Rosa arquivar 172 crimes prescritos, quando a  circulação de 34 milhões de euros está tão bem documentada? Estas perguntas vão esbarrar no acórdão do Tribunal Constitucional de 6 de Fevereiro de 2019, que tem tudo para entrar para a pequena história da nossa democracia. 

A primeira estranheza é esta: Ivo Rosa iniciou a fase de instrução da Operação Marquês a 28 de Janeiro de 2019 e dez dias depois recebeu de prenda o acórdão do Tribunal Constitucional (TC) que lhe permitiu destruir a acusação com base na prescrição de quase todos os crimes. Aquilo que o acórdão em causa - n.º  90/2019 - diz, em termos muito simples, é isto: a contagem da prescrição do crime de corrupção activa começa a partir do momento que a promessa de corrupção é feita, e não quando o dinheiro é entregue ao corrupto, e muito menos aquando do último suborno. 

Imaginem que Ricardo Salgado acordava corromper José Sócrates em 2005, entregava a primeira tranche em 2007 e continuava a entregar-lhe dinheiro até 2011. Manda o bom senso que a prescrição do crime de corrupção comece a contar a partir de 2011, certo? Errado, segundo o TC: a contagem começa em 2005. O que significa - porque o prazo de prescrição da corrupção para acto lícito em 2005 era de apenas cinco anos - que em 2011 José Sócrates já estaria a receber dinheiro de um crime prescrito. Se declarasse o valor ao fisco e pagasse o respectivo imposto, provavelmente o dinheiro até seria legal. Viva o Estado de direito português. 

O acórdão teve como relator Cláudio Monteiro e recebeu os votos favoráveis dos conselheiros José Teles Pereira e João Pedro Caupers, actual presidente do TC. A conselheira Maria de Fátima Mata-Mouros votou contrata e deixou uma declaração de vencida duríssima na qual afirma que o "Tribunal Constitucional exorbitou a sua jurisdição", e acrescenta que o conteúdo daquele acórdão poderia vir a ter (parece que é bruxa) "custos irreparáveis para o prestígio da Justiça e do Estado de direito". 

A segunda estranheza é esta: logo por azar, o conselheiro Cláudio Monteiro que apenas esteve três anos no TC (entrou em Julho de 2016 e renunciou ao cargo em Janeiro de 2020, mudando-se o Supremo Tribunal Administrativo), foi escolhido pelo Partido Socialista e é um antigo deputado do PS. Significa isto que tal acórdão foi redigido para fazer favores a alguém? Não significa. Mas significa que a transumância entre a política partidária e o Tribunal Constitucional é péssima, e que o sistema, tal como o conhecemos, tem guardas pretorianos nas mais elevadas posições. Isto desprestigia o regime, alimentando todas as desconfianças. 

Os tristes factos são estes: a acusação da Operação Marquês foi entregue em 2017 para depois ser dinamitada em 2021 por um juiz que baseou a sua decisão num acórdão do TC de 2019. Um acórdão absurdo e insensível ao mais elementar bom senso. As instituições que deviam proteger-nos estão a alimentar uma cultura de impunidade - e não se vê quem esteja disposto a combatê-la e a travá-la.»

O acórdão do TC que afundou a Operação Marquês, João Miguel Tavares no Público

13/04/2021

O impacto do confinamento na educação é mais intenso nos alunos de famílias pobres, de onde do confinamento resulta mais desigualdade

«Quão prejudicial tem sido o confinamento para a educação das crianças? Um estudo da Universidade de Oxford tentou quantificá-lo analisando dados de alunos holandeses que, ao contrário da Grã-Bretanha, onde os exames foram cancelados, fizeram testes antes e logo após o primeiro confinamento na primavera passada.

Se as crianças de algum país conseguiram passar pelo confinamento sem problemas com a sua educação, sugerem os autores, deveriam ser as da Holanda. Lá, as escolas ficaram fechadas por um período relativamente curto - oito semanas - e a penetração da banda larga nas residências é maior do que em qualquer outro país. No entanto, isso não impediu que as crianças regredissem em uma média de três pontos percentuais nas suas pontuações nos testes entre fevereiro e junho passado.

Mais preocupante ainda, o nível de educação dos pais foi um grande preditor de queda no desempenho - quanto menos qualificados academicamente os pais, mais as crianças regrediram: com as pontuações caindo 60 por cento mais nos grupos com pais menos educados. Isso confirma o que também se suspeitava na Grã-Bretanha - que a educação em casa favorece as crianças com pais proativos que têm os conhecimentos e a inclinação para se tornarem professores substitutos.

O estudo de Oxford analisou os resultados dos testes em crianças de 8 a 11 anos em 15% das escolas primárias holandesas, e comparou a mudança no desempenho entre fevereiro e junho com o que tinha sido nos anos anteriores. Ele descobriu que as crianças de dez anos eram, por uma pequena margem, a faixa etária mais afetada. As capacidades de leitura foram as mais afetadas, seguidas por matemática e leitura. A queda no desempenho foi mais acentuada entre aqueles que, antes do confinamento, estavam no meio da faixa de conhecimentos. Os que estão no topo saíram-se um pouco menos mal, talvez porque tivessem mais motivação para trabalhar durante o confinamento. Os que estão na base também se saíram um pouco menos mal, possivelmente porque seu desempenho teve menos chance de cair. O desempenho das raparigas diminuiu um pouco mais do que o dos meninos.

O estudo afirma uma das desvantagens do cancelamento de exames e testes em escolas inglesas: não temos dados adequados para analisar o efeito do confinamento em alunos ingleses. Pelo contrário, os efeitos do confinamento na Inglaterra foram mascarados pelo uso de notas previstas não ajustadas para fins de GCSE e A-levels. Qualquer pessoa que olhasse isoladamente para os resultados dos exames do ano passado em relação aos anos anteriores, sem saber nada sobre a Covid-19, chegaria à conclusão de que as crianças de repente se tornaram muito mais inteligentes ou que os padrões de ensino sofreram uma melhoria dramática. Eles não imaginariam que, na verdade, o oposto quase certamente aconteceu, e conhecimentos das crianças caíram devido à interrupção da educação. Podemos ser gratos aos holandeses, pelo menos, por persistirem com testes que revelaram que, mesmo no "melhor cenário" de um confinamento curto e boa banda larga, a educação de crianças em idade escolar foi profundamente afetada.»

O impacto do confinamento na educação, Ross Clark na newsletter da Spectator