Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

14/05/2020

De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (17) - O que teria acontecido sem confinamento? (4)

Este post faz parte da série De volta ao Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é continuação de "O que teria acontecido sem confinamento?" (1),  (2) e (3) onde se concluiu que os idosos tem uma letalidade muito mais elevada, os acolhidos em lares de idosos representam uma percentagem muito significativa do total de vítimas, os países que não adoptaram o confinamento generalizado e compulsivo tiveram mais óbitos (mas muitos menos do que vários dos países mais confinados) em contrapartida de mais imunidade que limitará os óbitos futuros. Por tudo isto, a única justificação aceitável para o confinamento é evitar o colapso dos sistemas de saúde.

Se evitar o colapso dos sistemas de saúde é a única justificação aceitável para o confinamento, será que esse colapso esteve ou está próximo em algum país e nomeadamente em Portugal?

Para tentar responder a esta questão no que respeita a Portugal precisamos de saber a capacidade existente do sistema de saúde em termos de internamento e de unidades de cuidados intensivos (UCI) e compará-la com as necessidades adicionais impostas pela pandemia.

Em 2018 existiam nos hospitais portugueses públicos e privados 35.429 camas das quais aproximadamente 2/3 na área metropolitana de Lisboa e no região Norte em parte iguais (PORDATA). Segundo a ministra da Saúde, existem actualmente mais de 620 camas de cuidados intensivos. 

Fonte: DGS
Como se constata no diagrama, mesmo no pico da pandemia o número de internados não ultrapassou 1.302 e nos últimos dias é inferior a 700. Ou seja, em momento algum os internados por Covid-19 atingiram 4% da capacidade hospital e o número de casos mais graves nunca chegou a 300 ou seja menos menos de 50% da capacidade das UCI e nas últimas semanas não atingiram sequer 20%. Temos pois de concluir que o sistema português de saúde nunca esteve perto da rotura e que existiu, mesmo durante o pico, um excesso de confinamento de que resultou um impacto desnecessariamente elevado na economia, sem que daí tivesse resultado uma diminuição dos óbitos.

(Continua)

2 comentários:

Anónimo disse...

A questão não é só colapso do SNS e a imunidade de grupo. São as sequelas desconhecidas de um vírus novo.

SFF leia:

https://www.sciencemag.org/news/2020/05/finally-virus-got-me-scientist-who-fought-ebola-and-hiv-reflects-facing-death-covid-19?fbclid=IwAR230XjGyschKyTdlF7h7G-P2AN6K3sUa4OKddS8MoRjTzb2wgXuO2TkbD8

Anónimo disse...

Não concordo. São, somente, as sequelas conhecidas para qualquer vírus.
Mas não há melhor conselheiro do que se ser um paciente. Mesmo que seja impaciente.
Passou muitos anos a viver das doenças alheias. Quando lhe chegou a vez... entendemos o gasto de papel higiénico...
ao