Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/05/2020

Mitos (304) - As falhas americanas no combate à pandemia são grandemente exageradas pelo jornalismo de causas

Quem lê a imprensa portuguesa é induzido a pensar que o combate à pandemia nos EUA está nas mãos de um louro louco a twitar sentado na Resolute Desk do Oval Office. É certo que há uma criatura loura que parece louca e consome o seu tempo a twitar, mas não está nas suas mão o combate à pandemia, como se pode confirmar pelo testemunho da portuguesa Rita Carreira que anda por lá há 25 anos. 

«Fico constantemente impressionada com a rapidez com que as coisas podem acontecer nos EUA. Iniciámos o lockdown em 16 de Março e em 25 de Março a lei CARES (Coronavirus Aid, Relief, and Economic Security) foi aprovada no Senado e dois dias depois foi assinada pelo presidente. Os subsídios começaram a ser pagos em Abril e hoje, 28 de Maio, a Federal Reserve de Chicago divulgou um documento de trabalho analisando a propensão marginal ao consumo de uma amostra de indivíduos que os receberam.

Podemos ver como o FED acompanha de perto a economia, sem dúvida essa velocidade foi influenciada pela recuperação longa e moderada da Grande Recessão e pela timidez do Congresso em gastar o suficiente em política fiscal para responder a esse desafio. Desta vez, o presidente do FED fez as suas rondas de relações públicas e aproveitou todas as oportunidades para encorajar o Congresso a não relaxar.

A Europa ainda está a debater o que fazer. A política monetária não é um obstáculo, mas os governos arrastam os pés e mostram completa falta de solidariedade. Cada país seguiu sua própria resposta à crise médica, mesmo que o fracasso em um país acabasse a influenciar outros países. Mesmo agora, não existe uma única entidade na UE dirigindo a resposta médica.

Estou um pouco enojada com a obsessão portuguesa de apontar as falhas dos EUA ao lidar com o Covid-19. Nova York tornou-se um ponto de foco porque a Itália era um ponto de foco: 75% dos casos nos EUA vieram da Itália e a maioria acabou em Nova York. E se somarmos todos os dados da União Europeia, isso envergonhará os EUA? Eu acho que não. Os europeus afirmam que seus cuidados de saúde são muito melhores do que os americanos e, no entanto, não apenas não conseguiram conter a pandemia em seus próprios países, mas também acabaram sendo a causa de grande parte do problema para os Estados Unidos.»

Alguns números actualizados até hoje:

              Infectados  Óbitos    Infectados(/1M) Mortos(/1M)  
EU/EEA & UK . 1.391.619 .. 164.236 ... 2.681.3 ...... 316,5
USA ......... 1.803.135 .. 104.910 ... 5.450,3 ...... 317,1

Sem comentários: