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30/06/2018

Lost in translation (306) - Se eu aguento, a economia também aguenta. Ai aguenta, aguenta

«Sou favorável a um salário mínimo superior a 600 euros, além de outros de outros prémios. O aumento do rendimento das famílias é em si positivo para o seu nível de vida e para o consumo. Como tal, para a economia como um todo», disse Soares dos Santos, o patrão da Jerónimo Martins, respondendo «sim» à pergunta do Expresso «A economia portuguesa aguenta uma salário mínimo acima dos 600 euros?»

Sabendo-se que o salário mínimo em Portugal aumentou de 485 euros em 2014 para 580 euros em 2018, isto é cerca de 20% em 4 anos, atinge cerca de 60% do salário mediano e abrange quase 700 mil trabalhadores (*), a maioria deles em sectores de baixa produtividade e com predominância de micro e pequenas empresas, o pensamento de Soares dos Santos poderia traduzir-se assim:
«Sou favorável a um salário mínimo superior a 600 euros que permitirá a um segmento importante dos meus clientes aumentar as compras nos meus supermercados e o que é bom para mim é bom para a economia portuguesa. Se eu aguento (não tenho ninguém a ganhar o salário mínimo), a economia também aguenta.» 
Como já em tempos aqui escrevi há um vice-versa na constatação de que ser um grande político ou uma sumidade em ciência política não um grande empresário.

(*) Actualização: 764 mil

1 comentário:

Anónimo disse...

Soares dos Santos é patrão, sim senhor. Mas come as papas na tola dos políticos. E anda bem nutrido, como seria de esperar sem se ser bruxo.