«St Paul's Girls', uma escola sofisticada com mensalidades elevadas no oeste de Londres, está frequentemente no topo do ranking dos resultados dos exames. Agora é notícia por outra razão: a publicação de um novo "protocolo de identidade de género do estudante" que permite que alunas com mais de 16 anos usem roupas de rapazes e sejam conhecidos por nomes de rapazes. Embora a escola não aceite rapazes, está feliz por apoiar os alunos existentes que desejam mudar de sexo, explica Clarissa Farr, a principal professora da escola. Cresce o número de alunas, diz, que não se sentem como meninas.
As escolas estão frequentemente na linha de frente da mudança social, mas raramente essa mudança chega tão rapidamente. A Sociedade de Pesquisa e Educação em Identidade de Género, uma instituição de caridade, estima que o número de crianças que se identificam como transexuais na Grã-Bretanha está dobrando a cada ano. Mermaids, uma organização que apoia crianças transgénero, recebeu 600 telefonemas em 2014 e 3.000 no ano passado. A maioria das crianças identificam-se simplesmente com outro género ou com nenhum; uma minoria iniciou o tratamento médico para mudar de sexo.»
Excerto de «How British schools are adapting to growing numbers of transgender pupils»
Em tempos a Economist tratava simplesmente de temas sérios. Gradualmente foi sendo infiltrada por militantes do politicamente correcto e hoje dedica-se cada vez mais à temática do «género» a pretexto de promover a tolerância.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
27/02/2017
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Divulgar os devedores da Caixa?
«Ameaça ao regime? Pobre regime se depende só disso. Era uma ameaça aos ladrões.»
Pedro Ferraz da Costa em entrevista ao Eco
Pedro Ferraz da Costa em entrevista ao Eco
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (72)
Outras avarias da geringonça.
Apesar de arriscar agoniar os leitores vou ainda abordar as trapalhadas da Caixa, lembrando que as preocupações por parte da geringonça de protecção dos dados pessoais de Centeno e Domingues (como se pudessem ser considerados pessoais comunicações sobre uma empresa pública entre duas pessoas que exercem ou vão exercer cargos públicos e, ainda para mais, quando a empresa pública em questão pagou os advogados e a consultoria de Domingues) foram alegremente esquecidas quando se tratou do inquérito ao GES (um grupo privado, recorde-se) em que a esquerdalhada exigiu acesso aos emails trocadas entre os vários figurões que nem sequer exerciam cargos públicos (sem prejuízo do DDT subornar os que exerciam esses cargos).
Apesar de arriscar agoniar os leitores vou ainda abordar as trapalhadas da Caixa, lembrando que as preocupações por parte da geringonça de protecção dos dados pessoais de Centeno e Domingues (como se pudessem ser considerados pessoais comunicações sobre uma empresa pública entre duas pessoas que exercem ou vão exercer cargos públicos e, ainda para mais, quando a empresa pública em questão pagou os advogados e a consultoria de Domingues) foram alegremente esquecidas quando se tratou do inquérito ao GES (um grupo privado, recorde-se) em que a esquerdalhada exigiu acesso aos emails trocadas entre os vários figurões que nem sequer exerciam cargos públicos (sem prejuízo do DDT subornar os que exerciam esses cargos).
26/02/2017
Dúvidas (188) - Estamos a falar de quê? Porquê? e outras not Frequently Asked Questions
Factos: Em 28-10-2016 e em 21-02-2017 foram publicadas pelo mesmo jornal notícias sobre a saída de 10 mil milhões para offshores.
Not Frequently Asked Questions:
1. Em que consiste o «saíram» e o «deixou sair» mais de 10 mil milhões para offshores?
São transferências de um banco em Portugal para um banco num território com o estatuto de paraíso fiscal a que se costuma chamar offshore.
2. As autoridades portuguesas poderiam não «deixar sair»?
Convém recordar que os capitais transferidos são dos seus detentores e que há liberdade de circulação de capitais e a transferência é legal desde que tenham sido pagos os impostos devidos e as entidades financeiras que procedem à transferência e Autoridade Tributária executem os procedimentos para impedir o branqueamento de capitais.
3. As autoridades portuguesas tiveram conhecimento da saída?
Tiveram. De outro modo como se saberia que tinha havido saída? As entidades financeiras que procedem à transferência têm a obrigação legal de executar os procedimentos de luta contra o branqueamento de capitais e informam anualmente a Autoridade Tributária (AT) pela Declaração de Operações Transfronteiras que identifica o ordenante, o destinatário e o motivo da operação.
4. As operações eram ilegais (branqueamento de capitais ou outras)?
As entidades financeiras analisaram ou tinham a obrigação legal de analisar e a AT examinou ou tinha a obrigação de ter examinado essas operações e de emitir os relatórios. Até agora ninguém alegou e muito menos provou que fossem operações ilegais.
5. Afinal quantas são e quais são essas operações em causa?
Parece que são cerca de 20 e só uma delas corresponde a 50% do total: a transferência de 4,9 mil milhões de euros para as Bahamas pela venda em 2015 da PT Portugal à Altice,
6. Foram pagos os impostos devidos?
Se a AT teve conhecimento das operações e as analisou podia e devia assegurar o pagamento. Se não o fez tem ainda 12 anos após a data da operação para o fazer.
7. Essas operações deveriam ser tornadas públicas?
Não deveriam. Apenas deveriam ter sido (e não foram) publicadas estatísticas pela AT de acordo com um despacho de 2010 do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (SEAF) Sérgio Vasques do governo de Sócrates.
8. Quem é responsável pela não publicação das estatísticas?
O antigo director-geral da AT diz que o SEAF (do governo de Passos Coelho) deveria ter dado instruções para a publicação. O SEAF começou por dizer que competia ao director-geral da AT cumprir o despacho do seu antecessor mas acabou a considerar-se politicamente responsável pela não publicação e a demitir-se das funções que tinha no CDS.
9. A não publicação das estatísticas impediu ou poderia ter impedido o cumprimento da lei?
As estatísticas são meros dados quantitativos sem identificação dos operadores pelo que a sua não publicação não impede que as entidades financeiras já antes tivessem cumprido os procedimentos de branqueamento de capitais e que a AT tivesse depois analisado as operações.
10. Porquê a primeira notícia publicada pelo mesmo jornal não teve qualquer impacto e a segunda e a mesma notícias dez meses depois incendiou os jornais, as televisões e o parlamento?
PSD e CDS dizem que a publicação da segunda notícia visava dar oportunidade para desviar as atenções e aliviar a pressão sobre o governo PS à volta das trapalhadas da nomeação da administração da Caixa. O governo PS e as forças que compõem, a chamada geringonça, a quem aproveita a confusão, dizem que foi um simples acaso.
1.ªs páginas do Público de 25-04-2016 e 21-02-2017 |
Not Frequently Asked Questions:
1. Em que consiste o «saíram» e o «deixou sair» mais de 10 mil milhões para offshores?
São transferências de um banco em Portugal para um banco num território com o estatuto de paraíso fiscal a que se costuma chamar offshore.
2. As autoridades portuguesas poderiam não «deixar sair»?
Convém recordar que os capitais transferidos são dos seus detentores e que há liberdade de circulação de capitais e a transferência é legal desde que tenham sido pagos os impostos devidos e as entidades financeiras que procedem à transferência e Autoridade Tributária executem os procedimentos para impedir o branqueamento de capitais.
3. As autoridades portuguesas tiveram conhecimento da saída?
Tiveram. De outro modo como se saberia que tinha havido saída? As entidades financeiras que procedem à transferência têm a obrigação legal de executar os procedimentos de luta contra o branqueamento de capitais e informam anualmente a Autoridade Tributária (AT) pela Declaração de Operações Transfronteiras que identifica o ordenante, o destinatário e o motivo da operação.
4. As operações eram ilegais (branqueamento de capitais ou outras)?
As entidades financeiras analisaram ou tinham a obrigação legal de analisar e a AT examinou ou tinha a obrigação de ter examinado essas operações e de emitir os relatórios. Até agora ninguém alegou e muito menos provou que fossem operações ilegais.
5. Afinal quantas são e quais são essas operações em causa?
Parece que são cerca de 20 e só uma delas corresponde a 50% do total: a transferência de 4,9 mil milhões de euros para as Bahamas pela venda em 2015 da PT Portugal à Altice,
6. Foram pagos os impostos devidos?
Se a AT teve conhecimento das operações e as analisou podia e devia assegurar o pagamento. Se não o fez tem ainda 12 anos após a data da operação para o fazer.
7. Essas operações deveriam ser tornadas públicas?
Não deveriam. Apenas deveriam ter sido (e não foram) publicadas estatísticas pela AT de acordo com um despacho de 2010 do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais (SEAF) Sérgio Vasques do governo de Sócrates.
8. Quem é responsável pela não publicação das estatísticas?
O antigo director-geral da AT diz que o SEAF (do governo de Passos Coelho) deveria ter dado instruções para a publicação. O SEAF começou por dizer que competia ao director-geral da AT cumprir o despacho do seu antecessor mas acabou a considerar-se politicamente responsável pela não publicação e a demitir-se das funções que tinha no CDS.
9. A não publicação das estatísticas impediu ou poderia ter impedido o cumprimento da lei?
As estatísticas são meros dados quantitativos sem identificação dos operadores pelo que a sua não publicação não impede que as entidades financeiras já antes tivessem cumprido os procedimentos de branqueamento de capitais e que a AT tivesse depois analisado as operações.
10. Porquê a primeira notícia publicada pelo mesmo jornal não teve qualquer impacto e a segunda e a mesma notícias dez meses depois incendiou os jornais, as televisões e o parlamento?
PSD e CDS dizem que a publicação da segunda notícia visava dar oportunidade para desviar as atenções e aliviar a pressão sobre o governo PS à volta das trapalhadas da nomeação da administração da Caixa. O governo PS e as forças que compõem, a chamada geringonça, a quem aproveita a confusão, dizem que foi um simples acaso.
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (LXII) - Pesada herança
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
Aviso que o tema deste post tem pouco a ver com a geringonça grega composta pelo Syriza e a o Anel (um partido de extrema-direita). A não ser na medida em que o casamento Syriza-Anel é um casamento à grega (mas podia ser à portuguesa) com parceiros gregos numa festa grega. E acontece que a situação actual resulta de uma festa grega (mas podia ser uma festa portuguesa) que durou três décadas.
Uns anos antes da festa acabar em 2010 com o resgate, os gregos proporcionaram-se o luxo de gastar 7 mil milhões de euros para organizar Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas. O que resta desses milhares de milhões? Centros aquáticos e de vela, estádios de hóquei, softball e taekwondo e a vila olímpica abandonados e destruídos pelo vandalismo e a negligência.
Congratulemo-nos, pois, nós os portugueses, que partilhámos os frutos do socialismo com os gregos mas em vez do Pasok a enterrar dívida em instalações para as olimpíadas tivemos o PS de Guterres e Sócrates a enterrar divida em autoestradas nas quais podemos continuar a queimar gasolina passeando de norte a sul.
Aviso que o tema deste post tem pouco a ver com a geringonça grega composta pelo Syriza e a o Anel (um partido de extrema-direita). A não ser na medida em que o casamento Syriza-Anel é um casamento à grega (mas podia ser à portuguesa) com parceiros gregos numa festa grega. E acontece que a situação actual resulta de uma festa grega (mas podia ser uma festa portuguesa) que durou três décadas.
Centro de canoagem e caiaque de Atenas 2004 |
Congratulemo-nos, pois, nós os portugueses, que partilhámos os frutos do socialismo com os gregos mas em vez do Pasok a enterrar dívida em instalações para as olimpíadas tivemos o PS de Guterres e Sócrates a enterrar divida em autoestradas nas quais podemos continuar a queimar gasolina passeando de norte a sul.
25/02/2017
Eu que sou não católico, diria mesmo: mais vale ser agnóstico
«O que é um escândalo? É dizer uma coisa e fazer outra, é a vida dupla. 'Eu sou muito católico, vou sempre à missa, pertenço a esta ou à outra associação, mas a minha vida não é cristã, não pago com justiça aos meus empregados, aproveito-me das pessoas, faço negócios sujos'»
Quantas vezes ouvimos, todos nós, no nosso bairro e noutras partes, 'para ser um católico como esse, era melhor ser ateu'? É esse o escândalo. Destrói-nos, deita-nos por terra.»
Disse o papa Francisco, durante a missa da manhã de quinta-feira (fonte).
Aditamento:
Talvez Francisco não tenha dito o que lhe atribuíram e tenha sido mais uma vítima das fake news. Ossos do ofício de quem fala tanto, com tanta ambiguidade e se deixa apropriar pelos que combatem a liberdade em nome da justiça.
Quantas vezes ouvimos, todos nós, no nosso bairro e noutras partes, 'para ser um católico como esse, era melhor ser ateu'? É esse o escândalo. Destrói-nos, deita-nos por terra.»
Disse o papa Francisco, durante a missa da manhã de quinta-feira (fonte).
Aditamento:
Talvez Francisco não tenha dito o que lhe atribuíram e tenha sido mais uma vítima das fake news. Ossos do ofício de quem fala tanto, com tanta ambiguidade e se deixa apropriar pelos que combatem a liberdade em nome da justiça.
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eu diria mesmo mais,
Quem fala assim não é gago
ACREDITE SE QUISER: A ministra alemã da Defesa tem um exército em casa
Ursula von der Leyen, ministra alemã da Defesa, o marido Heiko Echter, professor de medicina, e os seus 7 filhos |
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delírios pontuais,
Desfazendo ideias feitas
24/02/2017
Manifestações de paranóia/esquizofrenia (20) - A trumpologia, o politicamente correcto e o multiplicador de Marvão Pereira
«Esquizofrénico é alguém que perde a capacidade de pensar de uma forma lógica e, consequentemente, de comunicar e de se relacionar, passando a viver num mundo paralelo e sem as normas pelas quais se regem as pessoas ditas normais»Trump revogou na 4.ª feira as guidelines de Barack Obama autorizando os alunos transexuais a utilizar WC e vestiários das escolas financiadas pelo governo «em função do género com que se identificam». (fonte)
Já ouço o bruaá da justa indignação politicamente correcta. Contudo, sem razão, desta vez. Segundo as minhas fontes, trata-se de uma medida transitória porque o programa keynesiano da administração Trump prevê o investimento de quase $100 mil milhões (uns 55% do PIB português) o qual, segundo o multiplicador do professor doutor Marvão Pereira, terá um efeito acumulado no PIB americano de $1,8 biliões, para construir em cada uma das cerca de 100 mil escolas as casas de banho, à razão de cerca de $10 mil cada, para cada um dos 9 géneros até hoje identificados, a saber: Lésbicas, Gay, Bissexual, Trans, Queer, Intersex, Assexuado, Demissexual e "+".
23/02/2017
CASE STUDY: Porque não gostam os "intelectuais" da nossa praça da internet e das redes sociais
«A Internet permitiu a democratização dos talentos e favoreceu uma estranha forma de cosmopolitismo doméstico, possibilitando viajar pelo mundo sem sair de casa (melhor dizendo, sem sair do quarto na casa dos pais... ), sem ter necessidade de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, sem ter de esperar pela crónica semanal de MEC para saber o que se fazia «lá fora». Sintomaticamente, há quem sustente que Sartre foi o último dos intelectuais: o surgimento da Internet, um fenómeno avassaladoramente democratizador, fez desaparecer hierarquias e circuitos privilegiados de acesso e difusão das ideias e, com isso, extinguiu a concepção do intelectual como referência de pensamento e de acção.
Em contrapartida, a quantidade de informação acabou por implicar maior esforço intelectual: desde então, não bastava proclamar «O que existe» ou «saiu um livro A ou um disco B» pois em poucos segundos se sabe e, de uma forma niveladoramente democrática, todos o sabem. Tornou-se necessário, cada vez mais, um contributo adicional, próprio, original para despertar o auditório e resgatá-lo do seu alegado provincianismo. Nos tempos da Internet e das redes sociais, uma publicação com o perfil d'O Independente, designadamente o seu famoso «Caderno 3» (dirigido por Esteves Cardoso), teria muita dificuldade de se distinguir na esfera pública.
Assim, a Internet foi extraordinariamente importante para a afirmação de uma nova geração, e existem hoje tantos blogues influentes de direita quanto de esquerda. A blogosfera e as redes sociais são muito mais plurais e equilibradas em termos de representatividade das diversas correntes de opinião do que, por exemplo, as televisões e, sobretudo, a imprensa escrita.»
António Araújo, «Da direita à esquerda», Saída de emergência
Em contrapartida, a quantidade de informação acabou por implicar maior esforço intelectual: desde então, não bastava proclamar «O que existe» ou «saiu um livro A ou um disco B» pois em poucos segundos se sabe e, de uma forma niveladoramente democrática, todos o sabem. Tornou-se necessário, cada vez mais, um contributo adicional, próprio, original para despertar o auditório e resgatá-lo do seu alegado provincianismo. Nos tempos da Internet e das redes sociais, uma publicação com o perfil d'O Independente, designadamente o seu famoso «Caderno 3» (dirigido por Esteves Cardoso), teria muita dificuldade de se distinguir na esfera pública.
Assim, a Internet foi extraordinariamente importante para a afirmação de uma nova geração, e existem hoje tantos blogues influentes de direita quanto de esquerda. A blogosfera e as redes sociais são muito mais plurais e equilibradas em termos de representatividade das diversas correntes de opinião do que, por exemplo, as televisões e, sobretudo, a imprensa escrita.»
António Araújo, «Da direita à esquerda», Saída de emergência
22/02/2017
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (30)
Outras preces.
Só hoje me dei conta do espectáculo, certamente deprimente, que o Presidente Marcelo voltou a oferecer aos seus cada vez menos admiradores (perdeu 4,2% de share desde a última performance como comentador no final de 2015), voltando à TVI (onde foi feliz, costuma acrescentar-se) para se submeter a avaliação por quatro figurões a fazerem de "comentadores" e entre eles o actual presidente da câmara de Lisboa.
Evaporam-se os últimos resquícios de bom senso e lucidez e confirma-se o diagnóstico de Bruno Alves, o politólogo encarnado psicanalista. «Como qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe, a coisa acabará mal para Marcelo (...) o problema está em que ninguém sabe o que vem a seguir. É por isso que Marcelo e a sua presidência são um perigo para este pobre país.»
Só hoje me dei conta do espectáculo, certamente deprimente, que o Presidente Marcelo voltou a oferecer aos seus cada vez menos admiradores (perdeu 4,2% de share desde a última performance como comentador no final de 2015), voltando à TVI (onde foi feliz, costuma acrescentar-se) para se submeter a avaliação por quatro figurões a fazerem de "comentadores" e entre eles o actual presidente da câmara de Lisboa.
Evaporam-se os últimos resquícios de bom senso e lucidez e confirma-se o diagnóstico de Bruno Alves, o politólogo encarnado psicanalista. «Como qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe, a coisa acabará mal para Marcelo (...) o problema está em que ninguém sabe o que vem a seguir. É por isso que Marcelo e a sua presidência são um perigo para este pobre país.»
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Conversa fiada,
é muito para um homem só,
incorrigível,
picareta falante
DIÁRIO DE BORDO: O direito a contaminar (republicação)
Recentemente a Direcção-Geral da Saúde alterou a sua norma relativa a «Dadores de sangue, comportamento sexual, critérios de suspensão» limitando as dádivas de homossexuais e bissexuais. Parece que esta alteração não caiu bem no lóbi gay, a avaliar pelas reacções do jornalismo das respectivas causas.
Propus-me comentar essas reacções até que me recordei ter escrito há algum tempo sobre este tema. Reli o post e concluí que, um ano e meio depois, se mantém bastante actual e resolvi por isso republicá-lo. Aqui vai.
Para alguém que olhe sem preconceitos negativos ou positivos para os comportamentos dos humanos, é razoavelmente evidente que a fixação dos lóbis gays no casamento unissexo, finalmente legalizado em Portugal há 5 anos, tem pouco a ver com a instituição do casamento em si mesma e muito mais com a necessidade de «normalizar» o seu status social.
De facto, como aqui escrevi, para a «comunidade» gay, com décadas de casamentos em atraso, mil e seiscentos casórios em 5 anos deveria ser uma decepção, sobretudo nestes tempos em que os casais normais no sentido gaussiano já quase deixaram de se casar, convencidos por décadas de propaganda politicamente correcta que o casamento era uma instituição burguesa decadente e não significava nada, a mesma propaganda politicamente correcta que convenceu os gays que o casamento significava tudo.
Algo semelhante se passa com a adopção numa época em que os casais «normais», além de cada vez menos se casarem, têm cada vez menos filhos cada vez mais tarde, por uma série de razões conhecidas. A menos que se descobrisse uma pulsão maternal e paternal «anormal» nos gays, a fixação dos seus lóbis na legalização da adopção tem com toda a probabilidade a mesma explicação - a necessidade de «normalizar» o seu status social.
A terceira vertente da «normalização» é a dádiva de sangue. Não parece que os gays individualmente considerados tenham uma pulsão para a dádiva de sangue mais forte do que a dos heterossexuais que, como é sabido, são relutantes em se deixarem sangrar. Outra vez ainda, são os seus lóbis que fazem a despesa da «luta», frequentemente usando a chantagem sobre os gays ainda dentro do armário em posições influentes para usarem essa influência.
Contudo, neste domínio a coisa fia mais fino porque o uso de sangue contaminado com HIV tem óbvios riscos para os receptores. A exemplo do que se passa nos EU, onde a FDA continua a não autorizar a dádiva por homossexuais, também em Portugal não é autorizada. Pois bem, tudo indica que o lóbi gay está em vias de conseguir infligir uma derrota à saúde pública: «o relatório "Comportamentos de risco com impacto na segurança do sangue e na gestão de dadores", a que a Lusa teve acesso, estabelece "a cessação da suspensão definitiva dos candidatos a dadores homens que têm sexo com homens (HSH) [homossexuais e bissexuais] ", uma decisão tomada por unanimidade entre os oito elementos do grupo de trabalho». Do relatório para a lei vai um passo que o lóbi gay jornalístico já deu, uma vez que anuncia que a «dádiva de sangue por parte de homossexuais vai passar a ser permitida».
Perguntar-se-á, mas os heterossexuais não têm HIV e não doam sangue? Claro que podem ter e têm HIV e podem doar e doam sangue. A enorme diferença é que, para utilizar o caso dos EU, os homens gays e bissexuais representam aproximadamente 2% da população e 57% das pessoas com HIV diagnosticado, ou seja a probabilidade a priori de um gay estar infectado é 65 vezes maior do que um não gay. Assim, sendo o risco tão desproporcionado a dádiva de sangue por um gay deveria no mínimo estar condicionada à apresentação de um teste negativo válido.
Por miopia e falta de coragem de ir contra a corrente do pensamento politicamente correcto, as luminárias domésticas confundem o direito à união legalizada (inadequadamente denominada casamento) com os «direitos» à adopção e à dádiva de sangue, que, se fossem direitos, seriam das crianças alvo da adopção e dos receptores de sangue.
Propus-me comentar essas reacções até que me recordei ter escrito há algum tempo sobre este tema. Reli o post e concluí que, um ano e meio depois, se mantém bastante actual e resolvi por isso republicá-lo. Aqui vai.
Para alguém que olhe sem preconceitos negativos ou positivos para os comportamentos dos humanos, é razoavelmente evidente que a fixação dos lóbis gays no casamento unissexo, finalmente legalizado em Portugal há 5 anos, tem pouco a ver com a instituição do casamento em si mesma e muito mais com a necessidade de «normalizar» o seu status social.
De facto, como aqui escrevi, para a «comunidade» gay, com décadas de casamentos em atraso, mil e seiscentos casórios em 5 anos deveria ser uma decepção, sobretudo nestes tempos em que os casais normais no sentido gaussiano já quase deixaram de se casar, convencidos por décadas de propaganda politicamente correcta que o casamento era uma instituição burguesa decadente e não significava nada, a mesma propaganda politicamente correcta que convenceu os gays que o casamento significava tudo.
Algo semelhante se passa com a adopção numa época em que os casais «normais», além de cada vez menos se casarem, têm cada vez menos filhos cada vez mais tarde, por uma série de razões conhecidas. A menos que se descobrisse uma pulsão maternal e paternal «anormal» nos gays, a fixação dos seus lóbis na legalização da adopção tem com toda a probabilidade a mesma explicação - a necessidade de «normalizar» o seu status social.
A terceira vertente da «normalização» é a dádiva de sangue. Não parece que os gays individualmente considerados tenham uma pulsão para a dádiva de sangue mais forte do que a dos heterossexuais que, como é sabido, são relutantes em se deixarem sangrar. Outra vez ainda, são os seus lóbis que fazem a despesa da «luta», frequentemente usando a chantagem sobre os gays ainda dentro do armário em posições influentes para usarem essa influência.
Contudo, neste domínio a coisa fia mais fino porque o uso de sangue contaminado com HIV tem óbvios riscos para os receptores. A exemplo do que se passa nos EU, onde a FDA continua a não autorizar a dádiva por homossexuais, também em Portugal não é autorizada. Pois bem, tudo indica que o lóbi gay está em vias de conseguir infligir uma derrota à saúde pública: «o relatório "Comportamentos de risco com impacto na segurança do sangue e na gestão de dadores", a que a Lusa teve acesso, estabelece "a cessação da suspensão definitiva dos candidatos a dadores homens que têm sexo com homens (HSH) [homossexuais e bissexuais] ", uma decisão tomada por unanimidade entre os oito elementos do grupo de trabalho». Do relatório para a lei vai um passo que o lóbi gay jornalístico já deu, uma vez que anuncia que a «dádiva de sangue por parte de homossexuais vai passar a ser permitida».
Perguntar-se-á, mas os heterossexuais não têm HIV e não doam sangue? Claro que podem ter e têm HIV e podem doar e doam sangue. A enorme diferença é que, para utilizar o caso dos EU, os homens gays e bissexuais representam aproximadamente 2% da população e 57% das pessoas com HIV diagnosticado, ou seja a probabilidade a priori de um gay estar infectado é 65 vezes maior do que um não gay. Assim, sendo o risco tão desproporcionado a dádiva de sangue por um gay deveria no mínimo estar condicionada à apresentação de um teste negativo válido.
Por miopia e falta de coragem de ir contra a corrente do pensamento politicamente correcto, as luminárias domésticas confundem o direito à união legalizada (inadequadamente denominada casamento) com os «direitos» à adopção e à dádiva de sangue, que, se fossem direitos, seriam das crianças alvo da adopção e dos receptores de sangue.
CASE STUDY: Trumpologia (14) - Da pós-verdade à pré-verdade
Mais trumpologia.
Sábado à noite num comício na Florida, Donald Trumpm referiu-se a «what's happening last night in Sweden» para designar um suposto motim provocado por emigrantes no dia anterior.
No domingo e na segunda-feira seguintes, indignados de todo o mundo revoltaram-se emocionados contra as trumpalhadas do Donald. Um dos indignados foi o primeiro-ministro sueco Stefan Lofven que exortou Trump e outros líderes a «serem responsáveis pelo uso correcto dos factos e verificarem todas as informações que espalham». Carl Bildt, um ex-primeiro-ministro sueco, liberto dessas responsabilidades, foi mais longe e perguntou-se «o que Trump tem andado a fumar?»
Segunda-feira à noite, ainda as indignações incendiavam os jornais, a blogosfera e as redes sociais, um violento motim com polícias cercados e atacados e carros incendiados, ocorreu em Rinkeby, um subúrbio de Estocolmo habitado por uma maioria de imigrantes, como reacção a uma tentativa da polícia prender no metro uma pessoa procurada, (Fonte)
«Peter Springare, que trabalha como investigador para a polícia em Örebro, uma pequena cidade no sul da Suécia, escreveu: "Estou tão cansado. O que estou escrevendo aqui não é politicamente correto. Mas eu não me importo. Nossos pensionistas estão de joelhos, as escolas são uma bagunça, a saúde é um inferno, a polícia está completamente destruída. Todo mundo sabe porquê, mas ninguém ousa ou quer dizer o porquê.» (Fonte)
Em conclusão, quanto mais a esquerdalhada em geral, o politicamente correcto e o jornalismo de causas em particular, negam a realidade, mais abrem o caminho aos demagogos transformado-os em profetas da desgraça.
Sábado à noite num comício na Florida, Donald Trumpm referiu-se a «what's happening last night in Sweden» para designar um suposto motim provocado por emigrantes no dia anterior.
No domingo e na segunda-feira seguintes, indignados de todo o mundo revoltaram-se emocionados contra as trumpalhadas do Donald. Um dos indignados foi o primeiro-ministro sueco Stefan Lofven que exortou Trump e outros líderes a «serem responsáveis pelo uso correcto dos factos e verificarem todas as informações que espalham». Carl Bildt, um ex-primeiro-ministro sueco, liberto dessas responsabilidades, foi mais longe e perguntou-se «o que Trump tem andado a fumar?»
Segunda-feira à noite, ainda as indignações incendiavam os jornais, a blogosfera e as redes sociais, um violento motim com polícias cercados e atacados e carros incendiados, ocorreu em Rinkeby, um subúrbio de Estocolmo habitado por uma maioria de imigrantes, como reacção a uma tentativa da polícia prender no metro uma pessoa procurada, (Fonte)
«Peter Springare, que trabalha como investigador para a polícia em Örebro, uma pequena cidade no sul da Suécia, escreveu: "Estou tão cansado. O que estou escrevendo aqui não é politicamente correto. Mas eu não me importo. Nossos pensionistas estão de joelhos, as escolas são uma bagunça, a saúde é um inferno, a polícia está completamente destruída. Todo mundo sabe porquê, mas ninguém ousa ou quer dizer o porquê.» (Fonte)
Em conclusão, quanto mais a esquerdalhada em geral, o politicamente correcto e o jornalismo de causas em particular, negam a realidade, mais abrem o caminho aos demagogos transformado-os em profetas da desgraça.
21/02/2017
Marcelo no divã
«Algumas almas generosas e benevolentes têm interpretado esta “estratégica mediática” do Presidente como uma tentativa de conquistar uma popularidade quase consensual e acima das habituais divisões partidárias, para que quando uma tempestade se abater sobre o país, ele a possa usar para arrumar a casa. Uns acham que ele será bem-sucedido, outros duvidam, mas todos concordam quanto à motivação de Marcelo. Sobrestimam o homem. A única motivação do Presidente é o seu desejo de adoração pública. Por isso tudo faz para que todos os seus gestos agradem ao máximo número de pessoas e desagradem o menos possível aos que se possam sentir ofendidos com o que diz ou faz.»
«Um Presidente Perigoso», Bruno Alves (Politólogo, mas aqui na sua encarnação de psicanalista que lhe assenta muito bem), no Jornal Económico
«Um Presidente Perigoso», Bruno Alves (Politólogo, mas aqui na sua encarnação de psicanalista que lhe assenta muito bem), no Jornal Económico
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (LXI) - Ponto de situação
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
Os credores da Grécia discutem: o FMI defende mais um perdão de dívida e quase todos os países da Zona Euro se opõem. Quanto à geringonça, sabe-se o que Costa pensa («Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha») mas não se sabe o que Costa disse.
O problema da Grécia são, em primeiro lugar, os gregos. Em segundo lugar, os credores que, além de não se entenderem, receitam medicinas que deixam o doente ainda mais doente, Ora veja-se o diagrama seguinte (fonte).
Enquanto isso, os yields da dívida a 10 anos andam pelos 7-8% e não descem para abaixo, como dizia há pouco tempo aquele conhecido analista residente em Belém.
O que se percebe lindamente quando se conhece a situação (radiografia do FMI vista por Tavares Moreira);
«(i) 50% dos particulares que são titulares de rendimentos (teoricamente) tributáveis, não pagam imposto;
(ii) défice do sistema de pensões ascende a 10,5% do PIB, quádruplo do valor médio na Zona Euro;
(iii) créditos em incumprimento (NPL’s) no sistema bancário representam 45% do total do crédito (em Portugal este rácio é de cerca de 12% e, como se sabe, os NPL’s são considerados um problema de enorme gravidade);
(iv) dívida pública atinge cerca de 180% do PIB, de longe o valor mais elevado na Zona Euro;
(v) taxa de desemprego em 23%, a mais alta da Zona Euro.»
A nossa esperança é Costa também não cumprir a promessa de seguir a mesma linha.
Aditamento:
Já depois de publicado este post, a Grécia, carecendo desesperadamente de dinheiro para não entrar em default em Julho, sucumbiu às pressões dos credores e aceitou aprovar um série de reformas estruturais. Não acreditem muito nisso. É, provavelmente, mas um expediente bilateral para chutar a bola para a frente: pelo lado grego porque é essa desde sempre o expediente; pelo lado da CE porque é preciso esperar pelas eleições francesas, holandesas, italianas e alemãs. Pelos dois lados, depois logo se vê.
Os credores da Grécia discutem: o FMI defende mais um perdão de dívida e quase todos os países da Zona Euro se opõem. Quanto à geringonça, sabe-se o que Costa pensa («Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha») mas não se sabe o que Costa disse.
O problema da Grécia são, em primeiro lugar, os gregos. Em segundo lugar, os credores que, além de não se entenderem, receitam medicinas que deixam o doente ainda mais doente, Ora veja-se o diagrama seguinte (fonte).
Enquanto isso, os yields da dívida a 10 anos andam pelos 7-8% e não descem para abaixo, como dizia há pouco tempo aquele conhecido analista residente em Belém.
Fonte: Bloomberg |
(ii) défice do sistema de pensões ascende a 10,5% do PIB, quádruplo do valor médio na Zona Euro;
(iii) créditos em incumprimento (NPL’s) no sistema bancário representam 45% do total do crédito (em Portugal este rácio é de cerca de 12% e, como se sabe, os NPL’s são considerados um problema de enorme gravidade);
(iv) dívida pública atinge cerca de 180% do PIB, de longe o valor mais elevado na Zona Euro;
(v) taxa de desemprego em 23%, a mais alta da Zona Euro.»
A nossa esperança é Costa também não cumprir a promessa de seguir a mesma linha.
Aditamento:
Já depois de publicado este post, a Grécia, carecendo desesperadamente de dinheiro para não entrar em default em Julho, sucumbiu às pressões dos credores e aceitou aprovar um série de reformas estruturais. Não acreditem muito nisso. É, provavelmente, mas um expediente bilateral para chutar a bola para a frente: pelo lado grego porque é essa desde sempre o expediente; pelo lado da CE porque é preciso esperar pelas eleições francesas, holandesas, italianas e alemãs. Pelos dois lados, depois logo se vê.
20/02/2017
ESTÓRIA E MORAL: O argueiro e a trave (2)
Estória (a mesma, mais em detalhe)
Era uma vez um ministro das Finanças que na apresentação do relatório OCDE, com o secretário-geral da OCDE a seu lado, disse «Todas as instituições internacionais falharam nas suas previsões.»
Moral (a mesma)
Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão.
(Mateus, VII: 3-5).
Era uma vez um ministro das Finanças que na apresentação do relatório OCDE, com o secretário-geral da OCDE a seu lado, disse «Todas as instituições internacionais falharam nas suas previsões.»
Moral (a mesma)
Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão.
(Mateus, VII: 3-5).
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (71)
Outras avarias da geringonça.
Entalado entre as pressões para «vincular» os professores «precários» e as contenções orçamentais indispensáveis para Bruxelas continuar a abrir os cordões à bolsa, o governo decidiu dar um osso ao PCP e ao BE (mais a este do que ao outro) imaginando que não custaria nada - irá custar, e muito, no futuro ao país. Trata-se de desfazer as reformas de Crato: reduzir os tempos das disciplinas de Português e Matemática e aumentar os tempos dedicados à doutrinação através do que eles chamam de ciências sociais, cidadania, «formação» cívica e as outras tretas do costume que os berloquistas, se os deixassem, tentariam transformar numa réplica das suas universidades de verão onde «a política também passa pelo WC» e se promove o «tocar em alguém do mesmo género».
Entalado entre as pressões para «vincular» os professores «precários» e as contenções orçamentais indispensáveis para Bruxelas continuar a abrir os cordões à bolsa, o governo decidiu dar um osso ao PCP e ao BE (mais a este do que ao outro) imaginando que não custaria nada - irá custar, e muito, no futuro ao país. Trata-se de desfazer as reformas de Crato: reduzir os tempos das disciplinas de Português e Matemática e aumentar os tempos dedicados à doutrinação através do que eles chamam de ciências sociais, cidadania, «formação» cívica e as outras tretas do costume que os berloquistas, se os deixassem, tentariam transformar numa réplica das suas universidades de verão onde «a política também passa pelo WC» e se promove o «tocar em alguém do mesmo género».
Dúvidas (187) – Irá o Brexit consumar-se? (VI)
Outras dúvidas sobre a consumação do Brexit.
É claro que actualmente a dúvida se o Brexit se consumará é puramente retórica. A verdadeira dúvida é quanto se consumirá no Brexit.
É cada vez mais claro que as manobras de manipulação dos brexiters sobrestimaram até ao delírio os benefícios (foram garantidas poupanças de £350 milhões por semana, mais do que as contribuições brutas para o orçamento comunitário e não considerando os fundos recebidos) e escamotearam completamente os custos da saída. Em suma, 52% dos eleitores que votaram pela saída foram completamente aldrabados.
Para começar, ainda ninguém sabe como e se é possível compensar 600 mil milhões de euros anuais de trocas comerciais com a UE. Para continuar, também ninguém sabe a quanto chegarão os pagamentos compensatórios devidos pela Grã-Bretanha à UE que incluem (1) a parte britânica nas verbas já comprometidas no quadro orçamental de 7 anos; (2) compromissos de investimento posteriores a 2019, principalmente financiamentos de coesão aos países mais pobres e (3) a parte das responsabilidades por pensões não financiadas dos eurocratas súbditos britânicos.
O total da festa segundo Michel Barnier, o líder das negociações por parte da CE, está estimado entre 40 e 60 mil milhões de euros, mas segundo outros pode atingir 72,8 mil milhões.
[Fonte]
É claro que actualmente a dúvida se o Brexit se consumará é puramente retórica. A verdadeira dúvida é quanto se consumirá no Brexit.
É cada vez mais claro que as manobras de manipulação dos brexiters sobrestimaram até ao delírio os benefícios (foram garantidas poupanças de £350 milhões por semana, mais do que as contribuições brutas para o orçamento comunitário e não considerando os fundos recebidos) e escamotearam completamente os custos da saída. Em suma, 52% dos eleitores que votaram pela saída foram completamente aldrabados.
Para começar, ainda ninguém sabe como e se é possível compensar 600 mil milhões de euros anuais de trocas comerciais com a UE. Para continuar, também ninguém sabe a quanto chegarão os pagamentos compensatórios devidos pela Grã-Bretanha à UE que incluem (1) a parte britânica nas verbas já comprometidas no quadro orçamental de 7 anos; (2) compromissos de investimento posteriores a 2019, principalmente financiamentos de coesão aos países mais pobres e (3) a parte das responsabilidades por pensões não financiadas dos eurocratas súbditos britânicos.
O total da festa segundo Michel Barnier, o líder das negociações por parte da CE, está estimado entre 40 e 60 mil milhões de euros, mas segundo outros pode atingir 72,8 mil milhões.
[Fonte]
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19/02/2017
CASE STUDY: Banco de Portugal, outra aplicação prática da lei de Parkinson (2)
Há uns bons treze anos publiquei aqui um outro post sobre este tema, onde citava Luís Aguiar-Conraria:
«Dado que Portugal não tem moeda própria, a única função do Banco de Portugal é a regulação e supervisão do sistema bancário. O Banco de Portugal tem 1700 funcionários, quatro vezes mais que o Banco Central da Suécia, que, lembre-se, tem de gerir a sua moeda, a coroa sueca.»
Treze anos depois, o BdeP compra um terreno nas Laranjeiras onde, segundo os jornais, irá construir um mausoléu para alojar 1.500 funcionários vindos de diversas outras campas: Almirante Reis (800 corpos), Castilho (500 corpos) e República (200 corpos). Manterá a sede na Baixa onde se manterão uns 500 corpos que perfazem um total de 2.000, mais 18% do que há treze anos.
Em contrapartida, segundo o Expresso, nos 19 países da Zona Euro entre 1999 e 2016 os efectivos totais dos bancos centrais desceram de 59.790 para 46.896 funcionários, uma redução de 21,6%.
Não obstante a redução do âmbito da sua missão e o aumento dos efectivos, ou talvez por isso mesmo, ao BdeP, responsável pela supervisão dos bancos portugueses, passou-lhe ao lado a bancarrota que atingiu quatro deles (BPN, BPP, BES e Banif) e só tardiamente impôs aos restantes o cumprimento dos rácios mínimos.
Temos, pois, uma vez mais, um exemplo perfeito das leis de Parkinson (ver aqui um resumo): a Lei da Multiplicação dos Subordinados e a Lei da Multiplicação do Trabalho e do seu corolário - da diminuição absoluta do âmbito de intervenção ou do volume de trabalho duma organização pode resultar o crescimento exponencial dos seus efectivos.
O BdeP é, segundo as luminárias do regime, uma das instituições mais prestigiadas, se não mesmo a mais prestigiada, do regime. De onde surge a dúvida cartesiana, como serão as outras instituições do regime menos prestigiadas?
«Dado que Portugal não tem moeda própria, a única função do Banco de Portugal é a regulação e supervisão do sistema bancário. O Banco de Portugal tem 1700 funcionários, quatro vezes mais que o Banco Central da Suécia, que, lembre-se, tem de gerir a sua moeda, a coroa sueca.»
Treze anos depois, o BdeP compra um terreno nas Laranjeiras onde, segundo os jornais, irá construir um mausoléu para alojar 1.500 funcionários vindos de diversas outras campas: Almirante Reis (800 corpos), Castilho (500 corpos) e República (200 corpos). Manterá a sede na Baixa onde se manterão uns 500 corpos que perfazem um total de 2.000, mais 18% do que há treze anos.
Em contrapartida, segundo o Expresso, nos 19 países da Zona Euro entre 1999 e 2016 os efectivos totais dos bancos centrais desceram de 59.790 para 46.896 funcionários, uma redução de 21,6%.
Não obstante a redução do âmbito da sua missão e o aumento dos efectivos, ou talvez por isso mesmo, ao BdeP, responsável pela supervisão dos bancos portugueses, passou-lhe ao lado a bancarrota que atingiu quatro deles (BPN, BPP, BES e Banif) e só tardiamente impôs aos restantes o cumprimento dos rácios mínimos.
(Inspirado no Armour & Co.'s General Office, Chicago, 1900, foto adaptada do Early Office Museum) |
O BdeP é, segundo as luminárias do regime, uma das instituições mais prestigiadas, se não mesmo a mais prestigiada, do regime. De onde surge a dúvida cartesiana, como serão as outras instituições do regime menos prestigiadas?
18/02/2017
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O presidente vai nu (8)
Outros nus do presidente.
Prometo que esta série de posts não irá para além do 10.º episódio e ficará por uma só temporada. Porquê? Porque, dia após dia, a comentadoria doméstica desinibe-se e desanca cada vez mais no presidente Marcelo dos Afectos. Não sei se Marcelo chegará ao estado de Cavaco, que apanhava na cabeça pelo que fazia e pelo que não fazia, pelo que pensava e pelo que não pensava, e concitava o ódio de toda a esquerdalhada a um ponto em que quem não malhasse no homem não era bom chefe de família, como nos tempos do fascismo - em que havia chefes de família e quem não era do Benfica dizia-se não ser bom chefe de família. Não tendo pena da criatura, porque ele tem andado a pedi-as, o certo é que se cascar-lhe vier a transformar-se num desporto nacional não praticarei a modalidade.
Por agora, aqui vai ainda mais um juízo crítico sobre a incontinência mediática da criatura:
«Se perguntarem a qualquer português se gosta de ver Marcelo em Belém, tenho a certeza que a generalidade daria uma resposta positiva, inclusivamente muitos que não votaram nele. Só que a sua excessiva exposição, a incontinência mediática, levam a uma série de intervenções que minam o seu próprio caminho.
Marcelo Rebelo de Sousa mantém uma popularidade inabalável, mas perdeu o estado de graça pois está a «ficar mal com todas as forças políticas», como esta semana disse Pedro Santana Lopes, que tem elogiado vastíssimas vezes o Presidente da República (PR), no seu comentário na SIC. Quais são então as razões para o sortilégio de ter começado o tiro a Marcelo?»
«Marcelo tornou-se o maior inimigo de si próprio», Rui Calafate no jornal Eco
Prometo que esta série de posts não irá para além do 10.º episódio e ficará por uma só temporada. Porquê? Porque, dia após dia, a comentadoria doméstica desinibe-se e desanca cada vez mais no presidente Marcelo dos Afectos. Não sei se Marcelo chegará ao estado de Cavaco, que apanhava na cabeça pelo que fazia e pelo que não fazia, pelo que pensava e pelo que não pensava, e concitava o ódio de toda a esquerdalhada a um ponto em que quem não malhasse no homem não era bom chefe de família, como nos tempos do fascismo - em que havia chefes de família e quem não era do Benfica dizia-se não ser bom chefe de família. Não tendo pena da criatura, porque ele tem andado a pedi-as, o certo é que se cascar-lhe vier a transformar-se num desporto nacional não praticarei a modalidade.
Por agora, aqui vai ainda mais um juízo crítico sobre a incontinência mediática da criatura:
«Se perguntarem a qualquer português se gosta de ver Marcelo em Belém, tenho a certeza que a generalidade daria uma resposta positiva, inclusivamente muitos que não votaram nele. Só que a sua excessiva exposição, a incontinência mediática, levam a uma série de intervenções que minam o seu próprio caminho.
Marcelo Rebelo de Sousa mantém uma popularidade inabalável, mas perdeu o estado de graça pois está a «ficar mal com todas as forças políticas», como esta semana disse Pedro Santana Lopes, que tem elogiado vastíssimas vezes o Presidente da República (PR), no seu comentário na SIC. Quais são então as razões para o sortilégio de ter começado o tiro a Marcelo?»
«Marcelo tornou-se o maior inimigo de si próprio», Rui Calafate no jornal Eco
Bons exemplos (117) - Se não for só conversa...
Pode ser que seja só o agitprop socialista a funcionar - só acreditarei quando vir - e a juntar o útil ao agradável aproveitando para criar mais uns lugares para os licenciados em direito do PS. O governo da geringonça anunciou que uma equipa de juristas da Presidência do Conselho de Ministros está a analisar as leis aprovadas entre 1974 e 1978 concluiu que mais de 1.500 das que se mantém em vigor estão obsoletas ou já não têm sentido actualmente. E diz ainda que o governo se propõe fazer a limpeza dessas leis.
Pois que a faça, E bem pode prolongá-la até 2017 limpando não 1.500 mas 15.000 ou mais leis obsoletas, inúteis e sem sentido. E, cereja no topo bolo, podia abster-se de encher o diário da república com uma média de meia dúzia de diplomas 5 dias por semana, 250 dias por ano.
Pois que a faça, E bem pode prolongá-la até 2017 limpando não 1.500 mas 15.000 ou mais leis obsoletas, inúteis e sem sentido. E, cereja no topo bolo, podia abster-se de encher o diário da república com uma média de meia dúzia de diplomas 5 dias por semana, 250 dias por ano.
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17/02/2017
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (147) – Abaixo de trumpada
Se as acções e a «doutrina política» de Donald Trump, o seu desprezo pela verdade e os seus «factos alternativos», são para a esquerdalhada em geral e o PS em particular motivo das maiores indignações, o que dizer quando confrontamos as seguintes duas realidades?
- Menos de um mês depois de ter sentado na ala ocidental da Casa Branca no seu gabinete de assessor de segurança nacional de Trump, Michael T. Flynn foi forçado a demitir-se ao ser confrontado com umas estórias mal contadas sobre conversas com o embaixador russo.
- Durante mais de 6 meses, um ministro de Costa, confrontado com meias-verdades, meias-mentiras, falsidades e omissões no parlamento sobre as excepções à lei que aceitou como condição de nomeação do presidente de um banco público, disse numa conferência de imprensa que se tratava de um «erro de percepção mútuo». Pelo seu lado, o primeiro-ministro e vários dignitários socialistas classificaram a coisa de «tricas» e, em conjunto com os seus parceiros de geringonça, impediram a leitura de SMS do ministro que permitiriam esclarecer o erro de percepção mútuo.
O que dizer? É abaixo de trumpada.
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DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O presidente vai nu (7)
Outros nus do presidente.
A multiplicação de apreciações críticas indicia que o estado de graça de Marcelo chegou ao fim? Possivelmente não. De momento indicia apenas o fim da paralisia mental generalizada da comentadoria e talvez o princípio dos apertos de Marcelo de quem José Miguel Júdice, que o conhece bem, disse recentemente na TVI que lida muito mal com as críticas.
«O mais errado no meio disto tudo é Marcelo não o fazer por convicção, mas antes por oportunismo. Esta constante vontade de agradar, impelem o Presidente da República a não ser mais do que um Presidente da situação. Um catavento mediático, como alguém um dia lhe chamou.
A esquerda tem hoje um Governo, uma maioria e um Presidente.
(...)
O episódio Centeno mostrou a António Costa que Marcelo afinal não é o amigo que parecia à primeira vista ser. Tal como Marcelo (ainda comentador) já o tinha provado, semana após semana, a Passos Coelho (ainda primeiro-ministro).
A postura discreta da Presidência da República é hoje uma miragem. A figura do Presidente moderador morreu e nos próximos anos teremos que viver com um Presidente jogador. Habituemo-nos a viver com isto, dizem que é uma questão de afetos.»
«Afetos a mais também enjoam», João Gomes de Almeida no jornal Eco
A multiplicação de apreciações críticas indicia que o estado de graça de Marcelo chegou ao fim? Possivelmente não. De momento indicia apenas o fim da paralisia mental generalizada da comentadoria e talvez o princípio dos apertos de Marcelo de quem José Miguel Júdice, que o conhece bem, disse recentemente na TVI que lida muito mal com as críticas.
«O mais errado no meio disto tudo é Marcelo não o fazer por convicção, mas antes por oportunismo. Esta constante vontade de agradar, impelem o Presidente da República a não ser mais do que um Presidente da situação. Um catavento mediático, como alguém um dia lhe chamou.
A esquerda tem hoje um Governo, uma maioria e um Presidente.
(...)
O episódio Centeno mostrou a António Costa que Marcelo afinal não é o amigo que parecia à primeira vista ser. Tal como Marcelo (ainda comentador) já o tinha provado, semana após semana, a Passos Coelho (ainda primeiro-ministro).
A postura discreta da Presidência da República é hoje uma miragem. A figura do Presidente moderador morreu e nos próximos anos teremos que viver com um Presidente jogador. Habituemo-nos a viver com isto, dizem que é uma questão de afetos.»
«Afetos a mais também enjoam», João Gomes de Almeida no jornal Eco
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (146) – Meteu o rabinho entre as pernas e saiu do palco pela esquerda baixa
Era uma vez um rapaz irrequieto chamado, como um dia aqui escreveu o outro subscritor, João Maynard Galamba da Mouse Square School of Economics, talvez o maior teórico do keynesianismo entre nós (e não é dizer pouco porque keynesianos entre nós são mais do que os economistas).
Na quarta-feita à noite, a propósito do folhetim CGD, Galamba disse (citado pelo DN) no programa Sem Moderação da TSF, que «o Presidente da República está profundamente implicado nisto. O que ele tentou fazer na segunda-feira, político hábil como é, foi tentar demarcar-se disso e tentar desresponsabilizar-se de algo que é também responsabilidade sua». Mais à frente, para acabar com as dúvidas, acrescentou «tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República português ser, ipsis verbis, acusado exatamente da mesma coisa (...) as responsabilidades de Mário Centeno, quaisquer que elas sejam, são também as de Marcelo e Marcelo tentou sacudir a água do capote».
Tivesse o jovem Galamba ficado por aqui e teríamos de lhe reconhecer cojones por, de uma assentada, ter desfeito a montanha de equívocos nas relações do presidente dos Afectos com o governo da geringonça.
Mas não ficou. No dia seguinte, porventura puxadas as orelhas pelo chefe Costa, engoliu a sua farronca, como o faria um apparatchik ao serviço do camarada Jerónimo, e traduziu, fazendo de nós estúpidos, ao Negócios as suas palavras da véspera: «quando digo que o Presidente da República está tão implicado quanto Mário Centeno, quero dizer que não está implicado em nada. (...) Mas quem quiser transformar uma coisa que não é grave numa coisa gravíssima, então tem que perceber que também está a acusar o Presidente».
Na quarta-feita à noite, a propósito do folhetim CGD, Galamba disse (citado pelo DN) no programa Sem Moderação da TSF, que «o Presidente da República está profundamente implicado nisto. O que ele tentou fazer na segunda-feira, político hábil como é, foi tentar demarcar-se disso e tentar desresponsabilizar-se de algo que é também responsabilidade sua». Mais à frente, para acabar com as dúvidas, acrescentou «tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República português ser, ipsis verbis, acusado exatamente da mesma coisa (...) as responsabilidades de Mário Centeno, quaisquer que elas sejam, são também as de Marcelo e Marcelo tentou sacudir a água do capote».
Tivesse o jovem Galamba ficado por aqui e teríamos de lhe reconhecer cojones por, de uma assentada, ter desfeito a montanha de equívocos nas relações do presidente dos Afectos com o governo da geringonça.
Mas não ficou. No dia seguinte, porventura puxadas as orelhas pelo chefe Costa, engoliu a sua farronca, como o faria um apparatchik ao serviço do camarada Jerónimo, e traduziu, fazendo de nós estúpidos, ao Negócios as suas palavras da véspera: «quando digo que o Presidente da República está tão implicado quanto Mário Centeno, quero dizer que não está implicado em nada. (...) Mas quem quiser transformar uma coisa que não é grave numa coisa gravíssima, então tem que perceber que também está a acusar o Presidente».
16/02/2017
ACREDITE SE QUISER: Redes móveis tão rápidas quanto a fibra óptica
Desde os primórdios da transmissão de dados pelas redes móveis com a tecnologia 1G em 1980, atingindo uns poucos kbps, até à actual 4G, as velocidades têm vindo a crescer e poderão atingir 10 Gbps na futura 5G (em 2020).
Isso foi antes de a Hiroshima University, o National Institute of Information and Communications Technology e a Panasonic Corporation anunciarem o desenvolvimento de um transmissor por satélite capaz de atingir mais de 100 Gbps num único canal na banda 300-GHz. Ou seja 10 vezes mais do que a anunciada 5G e tão rápida quanto as ligações por fibra óptica, o que significa que os telemóveis do futuro poderão ser equivalentes na transmissão de dados aos actuais desktops ligados às melhores redes fixas.
Espera-nos mais bullshit, pós-verdades e factos alternativos twitados, retwitados, whatsappados, snapchapados ad infinitum por todos os incontáveis idiotas deste mundo à velocidade de 100 Gbps.
Isso foi antes de a Hiroshima University, o National Institute of Information and Communications Technology e a Panasonic Corporation anunciarem o desenvolvimento de um transmissor por satélite capaz de atingir mais de 100 Gbps num único canal na banda 300-GHz. Ou seja 10 vezes mais do que a anunciada 5G e tão rápida quanto as ligações por fibra óptica, o que significa que os telemóveis do futuro poderão ser equivalentes na transmissão de dados aos actuais desktops ligados às melhores redes fixas.
Espera-nos mais bullshit, pós-verdades e factos alternativos twitados, retwitados, whatsappados, snapchapados ad infinitum por todos os incontáveis idiotas deste mundo à velocidade de 100 Gbps.
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O que tem de ser tem muita força,
o saber ocupa lugar
15/02/2017
CASE STUDY: Trumpologia (13) - Unintended consequences
Mais trumpologia.
A esquerdalhada que no capítulo do exercício das liberdades económicas só vê os buracos do queijo - as chamadas falhas do mercado, que pressurosa e diligentemente se propõe corrigir com menos liberdades e mais intervenção estatal, tende a ver agora (outra vez), depois da vitória de Trump e das ameaças de Le Pen e dos outros demagogos, falhas da democracia no exercício das liberdades políticas. E, esperai o pior, propõe-se corrigir essas falhas pelos mesmos métodos.
Não sei como a esquerdalhada explica com seu arsenal doutrinário os resultados de um inquérito pós-eleições a uma amostra de trabalhadores americanos publicado pelo insuspeito Washington Post que apontam para alguns factos singulares: um terço dos trabalhadores dizem que os seus colegas falam agora mais de política do que trabalham; passam duas horas a ler sobre política durante o horário de trabalho em média 14 artigos nas redes sociais; 20% participaram numa manifestação desde a eleição.
Será isto uma falha da democracia?
A esquerdalhada que no capítulo do exercício das liberdades económicas só vê os buracos do queijo - as chamadas falhas do mercado, que pressurosa e diligentemente se propõe corrigir com menos liberdades e mais intervenção estatal, tende a ver agora (outra vez), depois da vitória de Trump e das ameaças de Le Pen e dos outros demagogos, falhas da democracia no exercício das liberdades políticas. E, esperai o pior, propõe-se corrigir essas falhas pelos mesmos métodos.
Não sei como a esquerdalhada explica com seu arsenal doutrinário os resultados de um inquérito pós-eleições a uma amostra de trabalhadores americanos publicado pelo insuspeito Washington Post que apontam para alguns factos singulares: um terço dos trabalhadores dizem que os seus colegas falam agora mais de política do que trabalham; passam duas horas a ler sobre política durante o horário de trabalho em média 14 artigos nas redes sociais; 20% participaram numa manifestação desde a eleição.
Será isto uma falha da democracia?
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O presidente vai nu (6)
Outros nus do presidente.
Mais um comentário desalinhado com a graxa geral a Marcelo. Que estas apreciações críticas se tornem mais frequentes pode ser um sinal que os mídia e a comentadoria doméstica se começam a libertar do estado de estupor em que os mergulhou a agitação febril de Marcelo e o medo de enfrentarem uma opinião pública infantilizada pela opinião publicada.
«Após quase um ano em Belém, Marcelo dobrou procedimentos e regras protocolares do regime. Envolveu-se em disputas partidárias, por exemplo imiscuindo-se das questões internas da liderança no PSD. Permitiu a instrumentalização da Presidência por parte do Governo, que a usa como factor de legitimação. Revelou-se incapaz de isenção, sendo por isso visto como mais próximo de Costa do que de Passos – e, de resto, assumiu-se como advogado de defesa do ministro das Finanças no caso da CGD, em relação ao qual já ninguém duvida dos seus erros. Ainda, Marcelo descreveu reiteradamente a situação financeira do país em tons que não coincidem com a realidade. Fez da “descrispação” a sua bandeira – quando esta não passa de uma fraude. E aproximou-se tanto do primeiro-ministro e do governo que, não raras vezes, mais do que porta-voz, parece ser ele quem toma as decisões – tudo passa por ele, é ele o primeiro-ministro do primeiro-ministro e o ministro de cada ministro.
(...)
Ninguém sabe o que Marcelo realmente defende. Ninguém o acha suficientemente distanciado do governo ou das tricas partidárias do PSD para avaliar com isenção. Ninguém o vê como reserva de último recurso do regime porque é ele quem se põe na primeira fila de cada decisão. E ninguém consegue antecipar o que fará perante uma situação de crise política.»
«Saudades de Cavaco Silva», Alexandre Homem Cristo no Observador
Mais um comentário desalinhado com a graxa geral a Marcelo. Que estas apreciações críticas se tornem mais frequentes pode ser um sinal que os mídia e a comentadoria doméstica se começam a libertar do estado de estupor em que os mergulhou a agitação febril de Marcelo e o medo de enfrentarem uma opinião pública infantilizada pela opinião publicada.
«Após quase um ano em Belém, Marcelo dobrou procedimentos e regras protocolares do regime. Envolveu-se em disputas partidárias, por exemplo imiscuindo-se das questões internas da liderança no PSD. Permitiu a instrumentalização da Presidência por parte do Governo, que a usa como factor de legitimação. Revelou-se incapaz de isenção, sendo por isso visto como mais próximo de Costa do que de Passos – e, de resto, assumiu-se como advogado de defesa do ministro das Finanças no caso da CGD, em relação ao qual já ninguém duvida dos seus erros. Ainda, Marcelo descreveu reiteradamente a situação financeira do país em tons que não coincidem com a realidade. Fez da “descrispação” a sua bandeira – quando esta não passa de uma fraude. E aproximou-se tanto do primeiro-ministro e do governo que, não raras vezes, mais do que porta-voz, parece ser ele quem toma as decisões – tudo passa por ele, é ele o primeiro-ministro do primeiro-ministro e o ministro de cada ministro.
(...)
Ninguém sabe o que Marcelo realmente defende. Ninguém o acha suficientemente distanciado do governo ou das tricas partidárias do PSD para avaliar com isenção. Ninguém o vê como reserva de último recurso do regime porque é ele quem se põe na primeira fila de cada decisão. E ninguém consegue antecipar o que fará perante uma situação de crise política.»
«Saudades de Cavaco Silva», Alexandre Homem Cristo no Observador
14/02/2017
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (29) - Eles saberão porquê
Lei permite ler os SMS de Centeno mas esquerda não deixa
14.02.2017 às 18h00
Expresso
Também faço minhas as palavras de Helena Matos: «banco público (é) o tal que temos de capitalizar porque é público e não podemos investigar porque é público».
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Vigaristas de todo o país uni-vos
«Em conclusão, vigaristas de todo o país uni-vos que o banco público por ser público não deve ser discutido nem investigado. Sim, porque aquilo que conduziu a CGD ao estado em que está foram a enormes reportagens e investigações sobre aquela instituição. Não foi de modo algum a politização da sua gestão.
É realmente uma extraordinária benesse para os vigaristas termos um banco público. O tal que temos de capitalizar porque é público e não podemos investigar porque é público.»
«CGD: o pior de todos os mundos», Helena Matos no Blasfémias
É realmente uma extraordinária benesse para os vigaristas termos um banco público. O tal que temos de capitalizar porque é público e não podemos investigar porque é público.»
«CGD: o pior de todos os mundos», Helena Matos no Blasfémias
Títulos inspirados (66) - O campeonato é outro
O título do Expresso Diário é «Portugal cresce ao ritmo da zona Euro pela primeira vez desde a crise».
Ao ritmo? Qual ritmo? 1,6% em 2017. E quem cresce ao ritmo de 1,6% ou inferior? Alemanha (1,6%), Bélgica (1,4%), França (1,4%), Finlândia (1,2%) e Itália (0,9%), isto é países «crescidos» com um PIB per capita muito superior ao português, pertencentes a um outro campeonato.
E como crescem os países que estão no mesmo campeonato (considerando a UE e não apenas a zona euro)? Roménia (4,4%), Hungria (3,5%), Irlanda (3,4%), Polónia (3,2%), Croácia (3,1%), Eslovénia (3,0%), Eslováquia (2,9%), Bulgária (2,9%), Lituânia (2,9%), Letónia (2,8%), Grécia (2,7%), Espanha (2,3%), Estónia (2,2%).
Por isso, o título mais apropriado aos factos é do Negócios: «Portugal é o "resgatado" que menos cresce»
Ao ritmo? Qual ritmo? 1,6% em 2017. E quem cresce ao ritmo de 1,6% ou inferior? Alemanha (1,6%), Bélgica (1,4%), França (1,4%), Finlândia (1,2%) e Itália (0,9%), isto é países «crescidos» com um PIB per capita muito superior ao português, pertencentes a um outro campeonato.
E como crescem os países que estão no mesmo campeonato (considerando a UE e não apenas a zona euro)? Roménia (4,4%), Hungria (3,5%), Irlanda (3,4%), Polónia (3,2%), Croácia (3,1%), Eslovénia (3,0%), Eslováquia (2,9%), Bulgária (2,9%), Lituânia (2,9%), Letónia (2,8%), Grécia (2,7%), Espanha (2,3%), Estónia (2,2%).
Por isso, o título mais apropriado aos factos é do Negócios: «Portugal é o "resgatado" que menos cresce»
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Lost in translation (285) - Erro de percepção, disse um. Tecnicamente nunca mentiram, disse o outro
Na conferência de imprensa onde, mais uma vez, tentou lançar poeira para os nossos olhos, o ministro Centeno para designar não ter dito a verdade e ter dito o seu contrário sobre os compromissos que assumiu com Domingues, agora perfeitamente evidentes, traduziu «mentira» por «erro de percepção», talvez esperando que quem o escute ou leia tenha um «erro de percepção».
Quem seguramente teve um erro de percepção foi o jornalista/militante/comentador/analista, ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, futuro ex-geringonça (sim, tudo isso numa só encarnação), que elaborou o conceito de mentira técnica para concluir que Centeno (e Mourinho Félix) «tecnicamente nunca mentiram». Se o ridículo fosse mortal teríamos, de uma assentada, uma criatura em perigo de vida (Centeno) e outra em perigo de morte (Oliveira).
Quem seguramente teve um erro de percepção foi o jornalista/militante/comentador/analista, ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, futuro ex-geringonça (sim, tudo isso numa só encarnação), que elaborou o conceito de mentira técnica para concluir que Centeno (e Mourinho Félix) «tecnicamente nunca mentiram». Se o ridículo fosse mortal teríamos, de uma assentada, uma criatura em perigo de vida (Centeno) e outra em perigo de morte (Oliveira).
13/02/2017
De boas intenções está o inferno cheio (47) – A religião é a política por outros meios? (XIX)
Outros posts sobre a religião como a política por outros meios.
«O principal painel consultivo do Papa Francisco começa hoje uma reunião de três dias em Roma. Logo após o início de seu papado, Francisco escolheu nove cardeais para elaborar planos para reformar a governação da Igreja. Os planos deveriam incluir uma nova constituição para a Cúria Romana, a administração central. Quase quatro anos depois, os planos ainda não se conhecem. Um projecto abrangente de reforma ajudaria o papa a desviar a atenção de uma revolta cada vez mais aberta por parte de prelados conservadores que estão convencidos de que suas declarações doutrinárias estão em desacordo com o ensino da Igreja. No início deste mês, apareceram cartazes em Roma atacando-o. Francisco pode ser o queridinho dos progressistas do mundo - alguns até o veneraram como o anti-Trump, mas uma minoria do seu próprio rebanho vê-o quase como um anti-Cristo. Se o papa embarcar em uma revisão profunda da Curia Romana, que tem uma resistência lendária à mudança, alguns rebeldes de topo terão motivos para detestá-lo ainda mais.»
[The Economist Espresso desta madrugada]
«O principal painel consultivo do Papa Francisco começa hoje uma reunião de três dias em Roma. Logo após o início de seu papado, Francisco escolheu nove cardeais para elaborar planos para reformar a governação da Igreja. Os planos deveriam incluir uma nova constituição para a Cúria Romana, a administração central. Quase quatro anos depois, os planos ainda não se conhecem. Um projecto abrangente de reforma ajudaria o papa a desviar a atenção de uma revolta cada vez mais aberta por parte de prelados conservadores que estão convencidos de que suas declarações doutrinárias estão em desacordo com o ensino da Igreja. No início deste mês, apareceram cartazes em Roma atacando-o. Francisco pode ser o queridinho dos progressistas do mundo - alguns até o veneraram como o anti-Trump, mas uma minoria do seu próprio rebanho vê-o quase como um anti-Cristo. Se o papa embarcar em uma revisão profunda da Curia Romana, que tem uma resistência lendária à mudança, alguns rebeldes de topo terão motivos para detestá-lo ainda mais.»
[The Economist Espresso desta madrugada]
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (70)
Outras avarias da geringonça.
Na semana que terminou, a OCDE divulgou o seu relatório sobre Portugal ao qual houve duas reacções notáveis: a do presidente dos Afectos para o qual está tudo como dantes, quartel-general em Abrantes, e a do ministro das Finanças que nas trombas de Angel Gúrria, o secretário-geral da OCDE, acusou «as instituições internacionais de falharam as suas previsões e não compreenderem a essência da política económica do Governo». Ele que, como se sabe, está a pôr em práticas políticas contraditórias com as que anunciou e tem sido um prodígio em matéria de previsões.
E o que conclui o relatório da OCDE? Ora, nada de surpreendente para quem tenha andado pelo planeta Terra nos últimos meses. Que foram as (poucas) reformas estruturais entre 2011 e 2014 que sustentaram a (pouca) recuperação da economia, reformas ajudadas pelo quantitative easing do BCE e os baixos preços do petróleo; que o crescimento anémico continuará anémico (1,3% em 2017); que o aumento do salário mínimo irá impedir a descida mais forte do desemprego; que a redução do IVA da restauração não criará emprego e só favoreceu os consumidores com maior poder de compra; que a queda do investimento comprometerá o crescimento futuro; que a falta de ímpeto reformador da geringonça piora o clima de negócios; que o elevado malparado da banca limita a capacidade de financiamento; que os efectivos da função pública estão a aumentar; que há polícias e professores em excesso; que os direitos adquiridos prejudicam os trabalhadores mais novos; que a generosidade das pensões é insustentável para os jovens e futuros pensionistas; etc. Um etc. bastante grande. Tirando isso, corre tudo pelo melhor, como diz o Costa.
Na semana que terminou, a OCDE divulgou o seu relatório sobre Portugal ao qual houve duas reacções notáveis: a do presidente dos Afectos para o qual está tudo como dantes, quartel-general em Abrantes, e a do ministro das Finanças que nas trombas de Angel Gúrria, o secretário-geral da OCDE, acusou «as instituições internacionais de falharam as suas previsões e não compreenderem a essência da política económica do Governo». Ele que, como se sabe, está a pôr em práticas políticas contraditórias com as que anunciou e tem sido um prodígio em matéria de previsões.
E o que conclui o relatório da OCDE? Ora, nada de surpreendente para quem tenha andado pelo planeta Terra nos últimos meses. Que foram as (poucas) reformas estruturais entre 2011 e 2014 que sustentaram a (pouca) recuperação da economia, reformas ajudadas pelo quantitative easing do BCE e os baixos preços do petróleo; que o crescimento anémico continuará anémico (1,3% em 2017); que o aumento do salário mínimo irá impedir a descida mais forte do desemprego; que a redução do IVA da restauração não criará emprego e só favoreceu os consumidores com maior poder de compra; que a queda do investimento comprometerá o crescimento futuro; que a falta de ímpeto reformador da geringonça piora o clima de negócios; que o elevado malparado da banca limita a capacidade de financiamento; que os efectivos da função pública estão a aumentar; que há polícias e professores em excesso; que os direitos adquiridos prejudicam os trabalhadores mais novos; que a generosidade das pensões é insustentável para os jovens e futuros pensionistas; etc. Um etc. bastante grande. Tirando isso, corre tudo pelo melhor, como diz o Costa.
Vivemos num estado policial? (11) - Sim, vivemos. A OCDE dá-me razão
Outros casos de polícia: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9) e (10).
Há quase nove anos que este vosso escriba vem chamando a atenção das autoridades e do bom povo em geral para o caminho que temos vindo a percorrer para sermos um dos estados mais policiados do mundo.
Segundo o relatório da OCDE divulgado esta semana, Portugal «tem 432 polícias por 100 mil habitantes, um valor que torna a polícia portuguesa 36% mais bem equipada do que as polícias na média dos países europeus» (jornal Eco).
Na verdade, ser um estado policial também tem algumas vantagens. Que outros países têm uma polícia que «publicou um manual no Facebook para ajudar os jogadores de Pokémon GO a caçar Pokémons em segurança»? Em que outros países 10% dos polícias são sindicalistas de 13 sindicatos diferentes? Em que outros países os polícias se preocupam tanto com a segurança dos nacionais como a nossa Associação Sindical dos Profissionais da Polícia que alertou o governo para «nos últimos anos a capacidade de resposta da PSP atingiu o limite, cortar mais é pôr em causa a nossa missão e a segurança dos portugueses»?
Há quase nove anos que este vosso escriba vem chamando a atenção das autoridades e do bom povo em geral para o caminho que temos vindo a percorrer para sermos um dos estados mais policiados do mundo.
Segundo o relatório da OCDE divulgado esta semana, Portugal «tem 432 polícias por 100 mil habitantes, um valor que torna a polícia portuguesa 36% mais bem equipada do que as polícias na média dos países europeus» (jornal Eco).
Na verdade, ser um estado policial também tem algumas vantagens. Que outros países têm uma polícia que «publicou um manual no Facebook para ajudar os jogadores de Pokémon GO a caçar Pokémons em segurança»? Em que outros países 10% dos polícias são sindicalistas de 13 sindicatos diferentes? Em que outros países os polícias se preocupam tanto com a segurança dos nacionais como a nossa Associação Sindical dos Profissionais da Polícia que alertou o governo para «nos últimos anos a capacidade de resposta da PSP atingiu o limite, cortar mais é pôr em causa a nossa missão e a segurança dos portugueses»?
12/02/2017
DIÁRIO DE BORDO: Estará o PS a caminho de uma maioria absoluta?
A última sondagem publicada na sexta-feira pelo Expresso mostra as intenções de voto no PS a subirem 0,5% para 37,8% e as do PSD a descerem 0,8%. Todos os outros partidos apresentam apenas pequenas variações, embora em termos relativos o aumento de 0,5% do PCP tenha uma certa expressão.
Quando comparado com as eleições de 2015, o PS subiu 5,5% e a coligação PSD-CDS que tinha obtido 38,6% tem agora 36,2%, ou seja perdeu 2,4%. O PCP aguenta-se com os mesmos 8,3% e o BE cai 1%.
Ao fim de 14 meses de governo a contar estórias para fazer o povo feliz, a agitar o papão da austeridade, com o PS levado ao colo pelo presidente dos Afectos, com o apoio activo da geringonça (decrescente, é certo), desfrutando de uma paz social, com os comunistas a segurarem a trela dos sindicatos, e a melhor boa imprensa que algum dia se viu neste país depois da queda do salazarismo, distribuindo benesses financiadas com o dinheiro dos credores e dos impostos pela sua clientela eleitoral de funcionários públicos (650 mil) e pensionistas (3,6 milhões), no total 44% dos eleitores inscritos, o que poderemos concluir destas sondagens?
Que, mais ponto percentual menos ponto percentual, o PS está perto do seu potencial máximo de votos nas presentes circunstâncias. Daí que a sua base eleitoral provavelmente se irá erodindo à medida que o dinheiro for faltando, as contradições na geringonça subirem de tom, aumentarem a parada as apostas de comunistas e bloquistas, os primeiros porque estão a conseguir segurar o seu eleitorado e os segundos porque estão a perdê-lo.
O tempo corre contra Costa é, a meu ver, o cenário mais provável, Cenário ceteris paribus que é uma coisa que no mundo real não existe e, neste caso, tudo o resto só pode piorar porque as variáveis externas jogam quase todas contra as condições de continuidade da geringonça.
Quando comparado com as eleições de 2015, o PS subiu 5,5% e a coligação PSD-CDS que tinha obtido 38,6% tem agora 36,2%, ou seja perdeu 2,4%. O PCP aguenta-se com os mesmos 8,3% e o BE cai 1%.
Ao fim de 14 meses de governo a contar estórias para fazer o povo feliz, a agitar o papão da austeridade, com o PS levado ao colo pelo presidente dos Afectos, com o apoio activo da geringonça (decrescente, é certo), desfrutando de uma paz social, com os comunistas a segurarem a trela dos sindicatos, e a melhor boa imprensa que algum dia se viu neste país depois da queda do salazarismo, distribuindo benesses financiadas com o dinheiro dos credores e dos impostos pela sua clientela eleitoral de funcionários públicos (650 mil) e pensionistas (3,6 milhões), no total 44% dos eleitores inscritos, o que poderemos concluir destas sondagens?
Que, mais ponto percentual menos ponto percentual, o PS está perto do seu potencial máximo de votos nas presentes circunstâncias. Daí que a sua base eleitoral provavelmente se irá erodindo à medida que o dinheiro for faltando, as contradições na geringonça subirem de tom, aumentarem a parada as apostas de comunistas e bloquistas, os primeiros porque estão a conseguir segurar o seu eleitorado e os segundos porque estão a perdê-lo.
O tempo corre contra Costa é, a meu ver, o cenário mais provável, Cenário ceteris paribus que é uma coisa que no mundo real não existe e, neste caso, tudo o resto só pode piorar porque as variáveis externas jogam quase todas contra as condições de continuidade da geringonça.
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Manifestações de paranóia/esquizofrenia (19) - Nova entrada para o glossário das sexualidades alternativas
«Esquizofrénico é alguém que perde a capacidade de pensar de uma forma lógica e, consequentemente, de comunicar e de se relacionar, passando a viver num mundo paralelo e sem as normas pelas quais se regem as pessoas ditas normais»Perdido no mundo das siglas para designar espécies de sexualidades alternativas, encontrei há algum tempo o glossário seguinte:
Foi sol de pouca dura. Foi descoberta mais uma nova espécie: os demissexuais, que poderiam ser acrescentados à lista com um «D». «Não são assexuais, mas não se interessam por sexo com a mesma facilidade que a maioria das pessoas. Não têm relações casuais e a atração sexual pode só surgir ao fim de anos», explica pedagogicamente o DN.
Em boa verdade, esta nova espécie parece mais normal do que alternativa ou talvez o antigo normal seja o novo alternativo, o que levaria a incluir na lista de siglas um «N».
Não admira que os «saloios» de todo o mundo agoniados com tanta mariconçada, tanta singularidade, tanto relativismo, tanta alteridade, se tornem presas de demagogos.
11/02/2017
ESTÓRIA E MORAL: O argueiro e a trave
Estória
Era uma vez um ministro das Finanças que na apresentação do relatório OCDE, com o secretário-geral da OCDE a seu lado, disse,
Se falhou grosseiramente em tudo o que resultava das proclamadas politicas anti-austeridade miraculosas, incluindo o crescimento do PIB que o documento dos 12 sábios liderados por Centeno previa um crescimento em 2016 de 3,5% que acabou em 1,3%, e, suprema humilhação, inferior ao 1,6% em 2015 do governo da austeridade, conseguiu um resultado melhor precisamente na... austeridade, com um défice orçamental inferior ao previsto (à custa da queda abissal do investimento público, das cativações e dos perdões fiscais).
Moral
Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão.
(Mateus, VII: 3-5).
Era uma vez um ministro das Finanças que na apresentação do relatório OCDE, com o secretário-geral da OCDE a seu lado, disse,
«Todas as instituições internacionais falharam nas suas previsões. Mas o seu erro não foram as previsões. Foi não compreenderem a essência da política económica do Governo»Esse ministro das Finanças foi o mesmo que falhou todos as suas previsões, com especial destaque para o investimento público que era para aumentar quase 8% e acabou a reduzir-se e as exportações que eram para aumentar quase 6% e aumentaram menos de 1%.
Clique para ampliar (situação em Junho de 2016) |
Moral
Por que vês tu, pois, o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu olho? Ou como dizes a teu irmão: Deixa-me tirar-te do teu olho o argueiro, quando tens no teu uma trave? Hipócrita, tira primeira a trave do teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão.
(Mateus, VII: 3-5).
10/02/2017
A arte de fazer sondagens e a arte de as comentar
Se alguém pretendesse saber através de uma sondagem se os portugueses acharam que o PSD fez bem em votar contra a redução da TSU para compensar o aumento do salário mínimo como faria pergunta? Que tal ir direito ao assunto:
A jornalista Cristina Figueiredo do Expresso, embarcando gostosamente no enviesamento da pergunta condicionada, introduziu mais o implícito subliminar se visava revitalizar o PSD aos olhos dos eleitores, e comentou assim os resultados das respostas:
«O PSD fez bem em votar contra a redução da TSU para compensar o aumento do salário mínimo?»Numa sondagem para o Expresso da Eurosondagem (do ex-deputado e dirigente do PS durante 20 anos e comentador desportivo, entre outras actividades) a pergunta em causa foi feita nos seguintes termos:
«O PSD fez bem em unir-se ao BE e à CDU para chumbar a baixa da TSU?»66,3% dos inquiridos responderam não. A quê? O não é um não a «fez bem em unir-se ao BE e à CDU» ou é um não a «chumbar a baixa da TSU» ou é um não a ambas?
A jornalista Cristina Figueiredo do Expresso, embarcando gostosamente no enviesamento da pergunta condicionada, introduziu mais o implícito subliminar se visava revitalizar o PSD aos olhos dos eleitores, e comentou assim os resultados das respostas:
«A estratégia, se visava revitalizar o PSD aos olhos dos eleitores, não deu bons frutos. De acordo com o estudo de opinião de fevereiro da Eurosondagem para Expresso e SIC, a esmagadora maioria dos inquiridos (66,3°/o) entende que o partido liderado por Pedro Passos Coelho não fez bem em unir-se ao BE e à CDU para chumbar a baixa da TSU. Confrontados com esta pergunta, apenas 21,8°/o dos eleitores avalizam a atuação dos sociais democratas.»Moral da estória: como a guerra para von Clausewitz, as sondagens da Eurosondagem e o jornalismo do Expresso são a continuação da política por outros meios.
CASE STUDY: Trumpologia (12) - O Donald é um copycat (III)
Mais trumpologia.
Já concluímos aqui e aqui que o muro de Donald é uma cópia do muro de Bush pai e do muro de Obama, o seu nepotismo teve o antecedente de JFK, as suas políticas anti-globalização, intervencionismo estatal e investimento público são cópias das políticas da esquerdalhada, a relação com os mídia, a sua «pós-verdade» e os «factos alternativos» são uma cópia tosca do agitprop inventando pelos comunistas soviéticos nos anos 20 e a profusão de ordens executivas teve vários precursores, incluindo Santo Obama,
Acrescente-se que o seu discurso pode ser comparado a uma espécie de newspeak da Oceania inventada por Orwell, inspirado na União Soviética.
E, se não fosse suficiente, até a sua política de expulsão dos imigrantes para alegadamente defender os postos de trabalho dos americanos também teve um precedente com a expulsão dos braceros, os trabalhadores temporários mexicanos na agricultura texana e californiana dos anos 60. Adivinhe quem adoptou essa política, de resto completamente falhada sem praticamente efeitos no aumento do emprego ou no aumento dos salários dos trabalhadores americanos? JFK, o presidente democrata americano, o mesmo que nomeou o irmão para o governo.
Voltando à sua ordem executiva proibindo a entrada de refugiados e nacionais de países alegadamente de risco, constatemos no diagrama anterior (fonte) que, considerando a experiência dos últimos 40 anos, tudo indica serem essas medidas ineficazes para reduzir o risco de atentados terroristas, por muito que façam felizes os eleitores de Trump.
Já concluímos aqui e aqui que o muro de Donald é uma cópia do muro de Bush pai e do muro de Obama, o seu nepotismo teve o antecedente de JFK, as suas políticas anti-globalização, intervencionismo estatal e investimento público são cópias das políticas da esquerdalhada, a relação com os mídia, a sua «pós-verdade» e os «factos alternativos» são uma cópia tosca do agitprop inventando pelos comunistas soviéticos nos anos 20 e a profusão de ordens executivas teve vários precursores, incluindo Santo Obama,
Acrescente-se que o seu discurso pode ser comparado a uma espécie de newspeak da Oceania inventada por Orwell, inspirado na União Soviética.
E, se não fosse suficiente, até a sua política de expulsão dos imigrantes para alegadamente defender os postos de trabalho dos americanos também teve um precedente com a expulsão dos braceros, os trabalhadores temporários mexicanos na agricultura texana e californiana dos anos 60. Adivinhe quem adoptou essa política, de resto completamente falhada sem praticamente efeitos no aumento do emprego ou no aumento dos salários dos trabalhadores americanos? JFK, o presidente democrata americano, o mesmo que nomeou o irmão para o governo.
Voltando à sua ordem executiva proibindo a entrada de refugiados e nacionais de países alegadamente de risco, constatemos no diagrama anterior (fonte) que, considerando a experiência dos últimos 40 anos, tudo indica serem essas medidas ineficazes para reduzir o risco de atentados terroristas, por muito que façam felizes os eleitores de Trump.
09/02/2017
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa (21)
Outros trapinhos tirados.
«Mulheres exigem direito a fazer topless com manif em topless»
(em Buenos Aires)
(em Buenos Aires)
Pela quantidade de marmanjos que apreciam las tetas há um grande apoio popular a esta nobre causa |
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tirar os trapinhos
COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (8) - Apenas um chinelo de quarto, por agora (III)
Outras botas para descalçar.
«Alguns comentadores falaram muito sobre o problema da emissão a 4,2%, mas na mesma sessão, logo a seguir, desceu para abaixo de 4% a taxa de juro. E nas sessões seguintes esteve abaixo de 4%, o que significa portanto que não consolidou a tendência que se dizia que era preocupante» disse há duas semanas o presidente dos Afectos e suplente a primeiro-ministro e a ministro das Finanças.
Eis a tendência que se dizia que era preocupante:
E não, não só os yields no mercado secundário. Estes juros foram os obtidos no mercado primário nas colocações de 3.ª feira, as quais ficaram abaixo (1.180 milhões de euros, dos quais apenas 550 milhões a 7 anos) do máximo previsto (1.250 milhões).
«Alguns comentadores falaram muito sobre o problema da emissão a 4,2%, mas na mesma sessão, logo a seguir, desceu para abaixo de 4% a taxa de juro. E nas sessões seguintes esteve abaixo de 4%, o que significa portanto que não consolidou a tendência que se dizia que era preocupante» disse há duas semanas o presidente dos Afectos e suplente a primeiro-ministro e a ministro das Finanças.
Eis a tendência que se dizia que era preocupante:
Jornal Eco |
08/02/2017
ACREDITE SE QUISER: Agora é que é! Costa apresentou o plano quinquenal!
Ontem o primeiro-ministro Costa apresentou ao país, com pompa e circunstância, o «Programa de Valorização das Áreas Empresariais» que prevê em 5 anos, até 2021, um investimento de... 180 milhões de euros, o equivalente a 0,1% (zero vírgula um por cento) nos 5 anos do plano ou 0,02% do PIB anualmente! É um plano quinquenal que fará os comunistas estremecer de saudade dos planos quinquenais soviéticos, mas além disso terá um efeito evanescente na economia.
O governo socialista, para quem o investimento público costumava ser o alfa e ómega de toda a governação, com as consequências conhecidas, a par de várias outras medidas extraordinárias para atingir o défice de 2,3%, cortou o ano passado ao investimento público orçamentado mais de 900 milhões de euros, pelo que este acabou por ser inferior em mais de 400 milhões ao do governo «neoliberal" em 2015. Este plano quinquenal de 180 milhões representará em 5 (cinco) anos menos de 20% do corte do investimento público em 2016 ou, em média anual, menos de 4%.
A montanha de manipulação e aldrabice pariu um rato de impacto na economia.
Aditamento:
Já depois de publicado este post, ocorreu-me, a propósito das tretas de Costa ao emplumar-se com o anúncio de um investimentozeco, depois de ter cortado mais de 900 milhões ao investimento orçamentado para 2016, a estória da autoestrada mexicana que contei há uns anos. Aqui vai ela outra vez:
O governo socialista, para quem o investimento público costumava ser o alfa e ómega de toda a governação, com as consequências conhecidas, a par de várias outras medidas extraordinárias para atingir o défice de 2,3%, cortou o ano passado ao investimento público orçamentado mais de 900 milhões de euros, pelo que este acabou por ser inferior em mais de 400 milhões ao do governo «neoliberal" em 2015. Este plano quinquenal de 180 milhões representará em 5 (cinco) anos menos de 20% do corte do investimento público em 2016 ou, em média anual, menos de 4%.
A montanha de manipulação e aldrabice pariu um rato de impacto na economia.
Aditamento:
Já depois de publicado este post, ocorreu-me, a propósito das tretas de Costa ao emplumar-se com o anúncio de um investimentozeco, depois de ter cortado mais de 900 milhões ao investimento orçamentado para 2016, a estória da autoestrada mexicana que contei há uns anos. Aqui vai ela outra vez:
A estória é a de uma auto-estrada que o governo mexicano teria inaugurado com pompa e circunstância pelo facto de dispor de 3 faixas, embora estreitíssimas. As faixas, de tão estreitas, originaram inúmeros acidentes, forçando o governo passado pouco tempo a reduzi-las para duas, com o argumento que da redução de pouco mais de trinta por cento do número de faixas resultaria um maior acréscimo de segurança. Talvez o resultado tivesse sido mais segurança, mas o que resultou, sem margem para dúvidas, foram enormes engarrafamentos que levaram o governo a voltar ao número original de faixas anunciando entusiasticamente que o número de faixas iria ser aumentado de cinquenta por cento.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O governo de Netanyahu é o melhor aliado do Hamas (3) ou como manter os inimigos e alienar os amigos
Este post é uma espécie de sequela deste e deste.
Secção Tiros nos pés
Na 2.ª Feira o Knesset, o parlamento israelita, aprovou uma lei autorizando retroactivamente o governo a expropriar terra palestina privada na qual foram construídos colonatos. Pela primeira desde 1967, Israel decidiu aplicar a lei israelita à Cisjordânia ocupada o que poderá alterar a situação de cerca de 4.000 habitações construídas em terras palestinas. Ainda há a possibilidade de o Supremo Tribunal revogar a lei, o que, se acontecer, agravará as tensões entre o sistema judicial de Israel e o sistema político, fortemente influenciado pela direita religiosa fanática. (fonte)
Para Netanyahu e os seus correlegionários, uma vez mais, cinco chateaubriands, por continuarem convencidos que o pior para os palestinos é o melhor para Israel e cinco bourbons por aí continuarem encalhados.
Secção Tiros nos pés
Na 2.ª Feira o Knesset, o parlamento israelita, aprovou uma lei autorizando retroactivamente o governo a expropriar terra palestina privada na qual foram construídos colonatos. Pela primeira desde 1967, Israel decidiu aplicar a lei israelita à Cisjordânia ocupada o que poderá alterar a situação de cerca de 4.000 habitações construídas em terras palestinas. Ainda há a possibilidade de o Supremo Tribunal revogar a lei, o que, se acontecer, agravará as tensões entre o sistema judicial de Israel e o sistema político, fortemente influenciado pela direita religiosa fanática. (fonte)
Para Netanyahu e os seus correlegionários, uma vez mais, cinco chateaubriands, por continuarem convencidos que o pior para os palestinos é o melhor para Israel e cinco bourbons por aí continuarem encalhados.
07/02/2017
Dúvidas (186) - «Como é que a “geringonça” pode algum dia governar o país, se gasta o tempo todo a governar-se a si própria?»
É a pergunta que João Miguel Tavares faz no Público depois de ter lido o que a Fitch escreveu no seu relatório: «Até ao momento, o sr. Costa tem um bom historial a gerir as diferenças entre os partidos, o que assegura estabilidade política. Contudo, o problema é que há pouca capacidade para aplicar reformas estruturais ambiciosas em outras áreas da política económica.»
Exagero? Parece que não. Segundo confessou Pedro Nuno Santos, o azeitador do PS encarregado de olear as engrenagens da geringonça, «há dias em que temos 14-15 reuniões num só dia. Em simultâneo há três, quatro reuniões, com diferentes partidos e diferentes ministros.»
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CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Escolas vão ter uma báscula à entrada
Petição. Partidos vão fazer lei contra mochilas pesadas
E uma lei contra a estupidez não seria preferível?DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (29)
Outras preces.
«O Presidente da República foi hoje desafiado a comentar o relatório da OCDE e sobre o destaque que é dado à fragilidade da banca realçou que
Provavelmente, com a sua imanente superficialidade e ligeireza, o presidente dos Afectos nunca se terá dado ao trabalho de ler o «MEMORANDUM OF UNDERSTANDING ON SPECIFIC ECONOMIC POLICY CONDITIONALITY 3 May 2011», assinado pelo governo socialista.
Se tivesse tido essa maçada, teria constatado que o chamado memorando da troika tem todo o capítulo 2. Financial sector regulation and supervision dedicado à banca, estabelecendo um conjunto de medidas relativamente a: Maintaining liquidity in the banking sector; Deleveraging in the banking sector; Capital buffers; Caixa Geral de Depósitos (CGD); Monitoring of bank solvency and liquidity; Banking regulation and supervision; Banco Português de Negócios; Bank resolution framework; The Deposit Guarantee Fund; Corporate and household debt restructuring framework; Monitoring of corporate and household indebtedness.
Não tendo tido a maçada, se tivesse sensatez teria dito que não conhecia o problema em detalhe e, não sendo ministro das Finanças, quanto muito seria porta-voz auto-nomeado da Fitch, deveria reencaminhar os jornalistas que o «desafiaram» a dizer inanidades.
«O Presidente da República foi hoje desafiado a comentar o relatório da OCDE e sobre o destaque que é dado à fragilidade da banca realçou que
"se há coisa que nós lamentamos é que a ‘troika’ não tenha descoberto isso há mais tempo. Porque se tem descoberto isso há uns quatro, cinco anos tinha facilitado muito essa decisão",»(Jornal Económico)
Provavelmente, com a sua imanente superficialidade e ligeireza, o presidente dos Afectos nunca se terá dado ao trabalho de ler o «MEMORANDUM OF UNDERSTANDING ON SPECIFIC ECONOMIC POLICY CONDITIONALITY 3 May 2011», assinado pelo governo socialista.
Se tivesse tido essa maçada, teria constatado que o chamado memorando da troika tem todo o capítulo 2. Financial sector regulation and supervision dedicado à banca, estabelecendo um conjunto de medidas relativamente a: Maintaining liquidity in the banking sector; Deleveraging in the banking sector; Capital buffers; Caixa Geral de Depósitos (CGD); Monitoring of bank solvency and liquidity; Banking regulation and supervision; Banco Português de Negócios; Bank resolution framework; The Deposit Guarantee Fund; Corporate and household debt restructuring framework; Monitoring of corporate and household indebtedness.
Não tendo tido a maçada, se tivesse sensatez teria dito que não conhecia o problema em detalhe e, não sendo ministro das Finanças, quanto muito seria porta-voz auto-nomeado da Fitch, deveria reencaminhar os jornalistas que o «desafiaram» a dizer inanidades.
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06/02/2017
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O presidente vai nu (5)
Outros nus do presidente.
Mais um post desta série, citando uma das reacções à disparatada e insensata divulgação pelo presidente Marcelo dos Afectos da manutenção do rating da Fitch que, de acordo com as regras da União Europa, fora por esta comunicada confidencialmente ao governo no dia anterior, 24 horas antes do momento que a própria Fitch divulgaria oficialmente.
«A outra confusão que V. Exa deveria evitar é a de falar sobre temas que não têm nada a ver com a iniciativa que está a realizar. Falar sobre a dívida, o rating e a Fitch antes de ir almoçar a convite de uma família de parcos recursos é como pedir um bife tártaro num restaurante vegetariano. Mais ainda porque se pode entusiasmar e acabar a considerar que manter a nossa dívida no nível lixo é bom.
Este humilde comentador que agora lhe escreve tinha já alertado, na semana passada, para o facto de o estado de graça se começar a perder junto dos jornalistas e dos comentadores muito antes de o povo dar a sua sentença. Não deve ser fácil para si ter de estar a explicar-se a uns "miúdos" jornalistas sobre a alegada gafe que o levou a libertar uma informação que os jornalistas gostam de receber em papel timbrado, mas garanto-lhe que o povo ainda gosta menos de ver um Presidente da República assim confrontado. Veja que até houve, na profissão de informar, quem julgasse ter visto nessa sua antecipação uma espécie de crime de mercado.»
Paulo Baldaia no DN
Mais um post desta série, citando uma das reacções à disparatada e insensata divulgação pelo presidente Marcelo dos Afectos da manutenção do rating da Fitch que, de acordo com as regras da União Europa, fora por esta comunicada confidencialmente ao governo no dia anterior, 24 horas antes do momento que a própria Fitch divulgaria oficialmente.
«A outra confusão que V. Exa deveria evitar é a de falar sobre temas que não têm nada a ver com a iniciativa que está a realizar. Falar sobre a dívida, o rating e a Fitch antes de ir almoçar a convite de uma família de parcos recursos é como pedir um bife tártaro num restaurante vegetariano. Mais ainda porque se pode entusiasmar e acabar a considerar que manter a nossa dívida no nível lixo é bom.
Este humilde comentador que agora lhe escreve tinha já alertado, na semana passada, para o facto de o estado de graça se começar a perder junto dos jornalistas e dos comentadores muito antes de o povo dar a sua sentença. Não deve ser fácil para si ter de estar a explicar-se a uns "miúdos" jornalistas sobre a alegada gafe que o levou a libertar uma informação que os jornalistas gostam de receber em papel timbrado, mas garanto-lhe que o povo ainda gosta menos de ver um Presidente da República assim confrontado. Veja que até houve, na profissão de informar, quem julgasse ter visto nessa sua antecipação uma espécie de crime de mercado.»
Paulo Baldaia no DN
ACREDITE SE QUISER: O soft Brexit alemão
«A Grã-Bretanha foi sempre muito racional na defesa dos seus interesses, apesar do Brexit ter sido apenas a segunda decisão mais inteligente. Para nós é clara a prioridade de manter a Europa unida. (... ) não queremos punir os britânicos pela sua decisão.
Queremos manter o Reino Unido perto de nós. O centro financeiro de Londres, por exemplo, serve a economia europeia como um todo. Londres oferece serviços financeiros de qualidade que não encontramos no continente. Embora a situação mude alguma forma depois da separação, devemos encontrar regras razoáveis na relação com o Reino Unido.»
Talvez surpreendentemente para quem tenha uma ideia estereotipada de Wolfgang Schäuble, o ministro alemão das Finanças, a citação é de uma sua entrevista ao jornal Der Tasspiegel
Queremos manter o Reino Unido perto de nós. O centro financeiro de Londres, por exemplo, serve a economia europeia como um todo. Londres oferece serviços financeiros de qualidade que não encontramos no continente. Embora a situação mude alguma forma depois da separação, devemos encontrar regras razoáveis na relação com o Reino Unido.»
Talvez surpreendentemente para quem tenha uma ideia estereotipada de Wolfgang Schäuble, o ministro alemão das Finanças, a citação é de uma sua entrevista ao jornal Der Tasspiegel
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Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (69)
Outras avarias da geringonça.
Tivemos a semana passada mais uns arrufos na geringonça, desta feita a propósito da entrega à Câmara de Lisboa da Carris, devidamente expurgada da sua gigantesca dívida (mais de 800 milhões) que fica a cargo dos contribuintes de Valença a Vila Real de Santo António. Os comunistas gostaram do expurgo da dívida mas não gostaram da entrega à Câmara que os deixa com menos poder para usarem a Carris como multiplicador de greves.
Não sendo uma matéria em que a geringonça tenha especiais responsabilidade, o certo é que continua a ceder ao lóbi médico que impinge um numerus clausus impedindo a formação de médicos em número suficiente, como se confirma uma vez mais ao ficarem «mais de metade das vagas de especialidade por preencher».
Tivemos a semana passada mais uns arrufos na geringonça, desta feita a propósito da entrega à Câmara de Lisboa da Carris, devidamente expurgada da sua gigantesca dívida (mais de 800 milhões) que fica a cargo dos contribuintes de Valença a Vila Real de Santo António. Os comunistas gostaram do expurgo da dívida mas não gostaram da entrega à Câmara que os deixa com menos poder para usarem a Carris como multiplicador de greves.
Não sendo uma matéria em que a geringonça tenha especiais responsabilidade, o certo é que continua a ceder ao lóbi médico que impinge um numerus clausus impedindo a formação de médicos em número suficiente, como se confirma uma vez mais ao ficarem «mais de metade das vagas de especialidade por preencher».
05/02/2017
Pro memoria (334) - O português de há cem anos, segundo Almada Negreiros
«O português, como os decadentes, só conhece os sentimentos passivos: a resignação, o fatalismo, a indolência, o medo do perigo, o servilismo, a timidez e até a inversão.
Quando é viril manifesta-se instintivamente animal a par do seu analfabetismo primitivamente anti-higiénico.
É preciso criar o espírito da aventura contra o sentimentalismo literário dos passadistas.
É preciso destruir este nosso atavismo alcoólico e sebastianista de beira-mar.
É preciso criar e desenvolver a actividade cosmopolita das nossas cidades e dos nossos portos.
É preciso explicar à nossa gente o que é democracia para que não torne a cair em tentação.
É preciso ter a consciência exacta da Actualidade.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, Portugueses já só vos faltam as qualidades.»
“Ultimatum futurista às gerações portuguesas do séc. XX”, Almada Negreiros, 1917
Cem anos depois, se vivesse, em vez de um manifesto anti-Dantas, escreveria Almada um manifesto anti-Marcelo?
Quando é viril manifesta-se instintivamente animal a par do seu analfabetismo primitivamente anti-higiénico.
É preciso criar o espírito da aventura contra o sentimentalismo literário dos passadistas.
É preciso destruir este nosso atavismo alcoólico e sebastianista de beira-mar.
É preciso criar e desenvolver a actividade cosmopolita das nossas cidades e dos nossos portos.
É preciso explicar à nossa gente o que é democracia para que não torne a cair em tentação.
É preciso ter a consciência exacta da Actualidade.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, Portugueses já só vos faltam as qualidades.»
“Ultimatum futurista às gerações portuguesas do séc. XX”, Almada Negreiros, 1917
Cem anos depois, se vivesse, em vez de um manifesto anti-Dantas, escreveria Almada um manifesto anti-Marcelo?
04/02/2017
CASE STUDY: Trumpologia (11) - O Donald é um copycat (II)
Mais trumpologia.
Já antes concluímos que o muro de Donald é uma cópia do muro de Bush pai e do muro de Obama. Que a nomeação do genro teve vários precedentes, entre eles o da nomeação de um irmão por JFK. Que as suas políticas anti-globalização, intervencionismo estatal e investimento público não passam de cópias das políticas da esquerdalhada, o seu discurso, a relação com os mídia, a sua «pós-verdade» e os «factos alternativos» não passam de uma cópia tosca do agitprop inventando pelos comunistas soviéticos nos anos 20, a sua limitada dificuldade literacia
Dizem os seus detractores, aparentemente com razão, que o Donald não deve muito à literacia, sendo um dos presidentes americanos menos educados. Admitamos que sim. Também aqui, uma vez mais, Trump não é inovador. Sobre John F. Kennedy, la crème de la crème dos presidentes, uma conhecida revista inglesa classificou a sua candidatura a Harvard como «um estudo em mediocridade», acrescentando que se formou com notas medíocres, e que o único pensamento claro na meia dúzia de inanidades que escreveu na candidatura era também o mais revelador: «ser um "homem de Harvard" é uma distinção invejável que espero sinceramente alcançar».
Uma onda de indignação (mais uma) varre o planeta pela ordem executiva emitida por Trump de proibição de entrada de nacionais de vários com ligação ao terrorismo. Convirá saber que a ordem é legal e a procuradora-geral, que se demitiu para não a cumprir por não concordar politicamente, não pôs em causa a sua legalidade.
Outra onda de indignação foi criada pela expulsão de imigrantes ilegais. Há vários precedentes de deportação: a exclusão de chineses em 1882, as restrições à entrada de judeus por Roosevelt, a deportação de comunistas por Truman, a expulsão de iranianos por Carter e até recentemente ordens temporárias de Obama. Aliás, Obama foi o campeão das deportações: só no primeiro mandato expulsou 1,5 milhões de imigrantes indocumentados, mais do que os seus antecessores, incluindo George W. Bush.
Diz-se que Trump está a fintar o Congresso recorrendo a ordens executivas com força de lei. É verdade que já emitiu várias, mas todos os presidentes americanos o fizeram, alguns abundantemente, incluindo o seu antecessor Obama com 276 nos seus 8 anos na Casa Branca.
Por tudo isso, podemos culpar o Donald de quase tudo, menos de ser original.
Já antes concluímos que o muro de Donald é uma cópia do muro de Bush pai e do muro de Obama. Que a nomeação do genro teve vários precedentes, entre eles o da nomeação de um irmão por JFK. Que as suas políticas anti-globalização, intervencionismo estatal e investimento público não passam de cópias das políticas da esquerdalhada, o seu discurso, a relação com os mídia, a sua «pós-verdade» e os «factos alternativos» não passam de uma cópia tosca do agitprop inventando pelos comunistas soviéticos nos anos 20, a sua limitada dificuldade literacia
Dizem os seus detractores, aparentemente com razão, que o Donald não deve muito à literacia, sendo um dos presidentes americanos menos educados. Admitamos que sim. Também aqui, uma vez mais, Trump não é inovador. Sobre John F. Kennedy, la crème de la crème dos presidentes, uma conhecida revista inglesa classificou a sua candidatura a Harvard como «um estudo em mediocridade», acrescentando que se formou com notas medíocres, e que o único pensamento claro na meia dúzia de inanidades que escreveu na candidatura era também o mais revelador: «ser um "homem de Harvard" é uma distinção invejável que espero sinceramente alcançar».
Uma onda de indignação (mais uma) varre o planeta pela ordem executiva emitida por Trump de proibição de entrada de nacionais de vários com ligação ao terrorismo. Convirá saber que a ordem é legal e a procuradora-geral, que se demitiu para não a cumprir por não concordar politicamente, não pôs em causa a sua legalidade.
Outra onda de indignação foi criada pela expulsão de imigrantes ilegais. Há vários precedentes de deportação: a exclusão de chineses em 1882, as restrições à entrada de judeus por Roosevelt, a deportação de comunistas por Truman, a expulsão de iranianos por Carter e até recentemente ordens temporárias de Obama. Aliás, Obama foi o campeão das deportações: só no primeiro mandato expulsou 1,5 milhões de imigrantes indocumentados, mais do que os seus antecessores, incluindo George W. Bush.
Por tudo isso, podemos culpar o Donald de quase tudo, menos de ser original.
DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia (noite)
«Aqueles que exprimem reservas acerca da ideia de vínculos permanentes entre pessoas, são também quem defende com denodo mais particular a ideia de emprego monogâmico e para sempre.»
Miguel Tamen no Observador
Miguel Tamen no Observador
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03/02/2017
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (28)
Outras preces.
Não sendo fixe, Marcelo tenta ser Fitch |
«Marcelo antecipa-se à Fitch. “Rating” ficou na mesma»
É difícil maior falta de sensatez e de espírito institucional. Se o rating do presidente dos Afectos não descer este ano abaixo dos 33,3% (está provado que 1/3 dos portugueses são irremediavelmente tontos), então o rating do país ficará em lixo não reciclável.
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incorrigível,
picareta falante
Chávez & Chávez, Sucessores (54) – Ponto de situação do socialismo bolivariano
Outras obras do chávismo.
O PIB caiu 18,6% em 2016, a inflação subiu às alturas de 800% e este ano espera-se que atinja 2.200%, Mesmo usando notas de maior valor (100 bolivares, valendo 3 cêntimos de dólar no mercado negro), alguns comerciantes em vez de as contar optam por pesá-las.
A somar aos milhares de filas para comprar seja o que for, o chavismo dotou o país de uma nova fila: a fila dos passaporte para abandonar o paraíso do socialismo bolivariano, Fila que não pára de crescer porque o governo deixou acabar o plástico usado para fabricar os passaportes. Faz lembrar um outro governo socialista que deixou acabar o papel dos bilhetes de Metro.
Fonte: «As Venezuela crumbles, the regime digs in» |
O PIB caiu 18,6% em 2016, a inflação subiu às alturas de 800% e este ano espera-se que atinja 2.200%, Mesmo usando notas de maior valor (100 bolivares, valendo 3 cêntimos de dólar no mercado negro), alguns comerciantes em vez de as contar optam por pesá-las.
A somar aos milhares de filas para comprar seja o que for, o chavismo dotou o país de uma nova fila: a fila dos passaporte para abandonar o paraíso do socialismo bolivariano, Fila que não pára de crescer porque o governo deixou acabar o plástico usado para fabricar os passaportes. Faz lembrar um outro governo socialista que deixou acabar o papel dos bilhetes de Metro.
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Mitos (247) - A notícia da bancarrota camuflada do Deutsche Bank é bastante exagerada (III)
Continuação de (I) e (II).
Recapitulando: a pretexto dos comentários de Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, criticando os desvarios de geringonça, voltaram ao topo da agenda do jornalismo doméstico de causas domésticas as teorias da conspiração que se dividem em dois tipos: (1) Schäuble tem o propósito contumaz de interferir na política doméstica favorecendo a oposição e (2) Schäuble fala de Portugal para desviar a atenção das desgraças do Deutsche Bank (DB). Citando um exemplo notável: o do pastorinho Nicolau Santos e da sua cabala dos Quatro Pérfidos Alemães que combina as duas teorias.
Quanto à teoria da conspiração (2), já aqui amplamente descomposta, vejamos as últimas evoluções relatadas pelo Economist Espresso que nos mostram um Deutsche Bank com problemas que comparados com os da banca portuguesa não parecem muito preocupantes:
«The worst may be over—even if Germany’s biggest lender announces another loss today. John Cryan, Deutsche Bank’s boss, expects last month’s $7.2bn settlement with America’s Department of Justice, over the mis-selling of residential mortgage-backed securities in 2005-07, to translate into a $1.2bn pre-tax fourth-quarter hit. Deutsche has also been fined $630m by American and British regulators over trades in 2011-15, in which money was spirited out of Russia. More may follow; the DoJ is still investigating the Russian transactions. At least the mortgage bill is now certain, and the share price has rebounded from September’s low, when the DoJ demanded $14bn. Also cleaned up is the sale of a stake in Hua Xia, a Chinese bank, finally completed in November, which will boost capital. Now for the hard part: rebuilding profitability. With pickings in Germany slim and the investment bank no longer swaggering, there’s a long way to go.»
Recapitulando: a pretexto dos comentários de Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, criticando os desvarios de geringonça, voltaram ao topo da agenda do jornalismo doméstico de causas domésticas as teorias da conspiração que se dividem em dois tipos: (1) Schäuble tem o propósito contumaz de interferir na política doméstica favorecendo a oposição e (2) Schäuble fala de Portugal para desviar a atenção das desgraças do Deutsche Bank (DB). Citando um exemplo notável: o do pastorinho Nicolau Santos e da sua cabala dos Quatro Pérfidos Alemães que combina as duas teorias.
Quanto à teoria da conspiração (2), já aqui amplamente descomposta, vejamos as últimas evoluções relatadas pelo Economist Espresso que nos mostram um Deutsche Bank com problemas que comparados com os da banca portuguesa não parecem muito preocupantes:
«The worst may be over—even if Germany’s biggest lender announces another loss today. John Cryan, Deutsche Bank’s boss, expects last month’s $7.2bn settlement with America’s Department of Justice, over the mis-selling of residential mortgage-backed securities in 2005-07, to translate into a $1.2bn pre-tax fourth-quarter hit. Deutsche has also been fined $630m by American and British regulators over trades in 2011-15, in which money was spirited out of Russia. More may follow; the DoJ is still investigating the Russian transactions. At least the mortgage bill is now certain, and the share price has rebounded from September’s low, when the DoJ demanded $14bn. Also cleaned up is the sale of a stake in Hua Xia, a Chinese bank, finally completed in November, which will boost capital. Now for the hard part: rebuilding profitability. With pickings in Germany slim and the investment bank no longer swaggering, there’s a long way to go.»
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