Quem são os mais entusiásticos apoiantes de Jeremy Corbyn, o novo líder esquerdista do Partido Trabalhista? Os militantes esquerdistas do Labour, certo? Errado. São os militantes dos grupúsculos esquerdistas.
Corbyn, um admirador do Syriza, do chávismo e do Hamaz, com instintos fortemente anti-semitas, foi eleito graças à entrada maciça de
registered supporters do Labour que pagaram 3 libras para votar o ano passado nas eleições para o substituto de Ed Miliband, um
cognoscentum de boas famílias que face a Corbyn parece um social-democrata moderado. Entre esses
registered supporters encontravam-se militantes e simpatizantes dos inúmeros grupúsculos esquerdistas, como o Socialist Party, o Socialist Workers Party, o National Executive Committee ou o Momentum, todos eles usando o «entrismo», uma táctica tipicamente trotskista para se infiltrarem nos partidos maiores, bem como uma multidão de gente radicalizada não ligada a partidos.
Toda esta gente apoia Corbyn, pressiona o «saneamento» dos deputados trabalhistas moderados (a maioria) e já conseguiu limpar o gabinete do governo-sombra, hoje completamente ocupado por corbynistas.
Como concluía recentemente a
Economist, tudo isto são excelentes notícias para Theresa May e o Partido Conservador e são péssimas notícias para o Reino Unido, e especialmente a Inglaterra, que precisa de uma oposição credível e responsável.
É indiscutível que as culturas, os protagonistas e as circunstâncias são muito diferentes, contudo o que passa com o Labour ilustra o risco de os partidos da esquerda moderada serem assaltados pela esquerdalhada radical. No caso português, na táctica do BE o «entrismo» (o tele-evangelista Louçã é um mestre nesse domínio) poderá ter algum papel, mas parece mais depender de fazer o PS governar com políticas inspiradas pelo BE, retirar daí os dividendos políticos e deixar a factura de um outro provável resgate nas mãos dos socialistas.
Costa e Marcelo, cada um procurando as suas conveniências, o primeiro a sobrevivência política a curto prazo e o segundo trabalhando para apear Passos Coelho, fazendo-o pagar a infâmia do «catavento» e conseguindo a unanimidade dos afectos, desempenham objectivamente para a esquerdalhada o mesmo papel que os chamados «idiotas úteis» tiveram no passado para o comunismo soviético.