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23/12/2015

Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (13)

Outras avarias da geringonça.

Prossegue a marcha imparável da geringonça rumo ao socialismo, com medidas de «interesse nacional» - se não souber ou não perceber o racional de uma decisão do governo afinfe-lhe este rótulo.

A decisão do governo na Desconcertação Social em que impôs aos patrões o aumento do salário mínimo e deixou cair a redução da TSU que lhes tinha prometido mostra a mão pesada do governo em cima dos exploradores.

Na mesma linha, Costa fez saber aos capitalistas que compraram 61% da TAP que a coisa vai voltar para trás com ou sem acordo. Fez assim chegar aos investidores estrangeiros distraídos que porventura ainda quisessem aplicar algum dinheiro aqui no nosso Portugal dos Pequeninos uma mensagem: tenham juízo. E bem podem protestar como os mexicanos através do seu embaixador pela anulação da subconcessão do Metro Carris atribuída ao grupo ADO/Avanza que será transferida para o consórcio CGTP-PCP.

A actualização trimestral dos salários da função pública foi aprovada com os votos da esquerdalhada e do deputado dos animais. O PCP votou duas vezes: na proposta do PS e na sua própria. A actualização das pensões mostra bem as preocupações do PS com os pensionistas pobres, como se pode ver no sugestivo quadro roubado ao Insurgente:


No meio deste enlevo que une a trilogia PS-BE-PCP exalto o espírito religioso do segundo e terceiro membros o que votam a favor da reposição dos feriados do Corpo de Deus e do Dia de Todos os Santos «que a direira reaccionária e ultramontana tinha posto termo». Bem hajam.

Entretanto, discute-se no parlamento o orçamento rectificativo que terá voto contra já anunciado do PCP e provavelmente também do BE que exigiu nacionalizar o Novo Banco, entre outras condições. Como suplente a cobrir as baixas na equipa principal, espera-se que a oposição se abstenha ou vote a favor, o que constituirá uma aparição, não se sabe se pontual, de um novo engenho a adicionar à geringonça e ao zingarelho.

Registe-se a propósito do Banif, que Mário Centeno salientou justamente que o seu governo «fez em três semanas o que o anterior não fez em três anos»: salvou accionistas, obrigacionistas e grandes depositantes e fez os contribuintes pagar sem remissão uns milhares de milhões de euros, coisa estranha para um governo tão amigo dos pobres.

Quanto ao OE 2016, vai tudo em bom ritmo com apenas uns pormenores a resolver, como seja convencer a CE que existe dinheiro suficiente para estimular o consumo e manter as contas públicas controladas no médio e longo prazo.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Registe-se a propósito do Banif, que Mário Centeno salientou justamente que o seu governo «fez em três semanas o que o anterior não fez em três anos»: salvou accionistas, obrigacionistas e grandes depositantes e fez os contribuintes pagar sem remissão uns milhares de milhões de euros, coisa estranha para um governo tão amigo dos pobres.»"

Bestial!. Muito boa explicação
Abraço; que mais posso fazer?