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25/11/2014

Pro memoria (207) – Porque será que (mais uma vez) não estou surpreendido?

Salvo erro, foi há 6 anos a primeira das inúmeras vezes que escrevi sobre o portátil «Magalhães», um das brainchilds de José Sócrates, que bem merecia a continuação da operação «Carrossel» de investigação da associação criminosa e fraude fiscal qualificada - envolvendo a J. P. Sá Couto fabricante do Magalhães - que deve ter morrido antes de chegar à praia. Nessa altura publiquei o seguinte post:

«Quando li o comunicado do governo que anuncia o Magalhães, «primeiro computador portátil com acesso à Internet montado em Portugal», que não é primeiro computador portátil com acesso à Internet montado em Portugal, equipado com o «último processador da Intel», que não é o último processador da Intel, que tem seu «lançamento mundial» aqui no burgo, lançamento que já teve lugar em 2006, Intel que escolheu Portugal, que afinal foi quem escolheu a Intel, Intel que terá uma fábrica em Portugal segundo o governo, que nunca existirá, segundo a Intel, quando li o comunicado, dizia eu, pensei que seria um insulto à inteligência.

Um insulto à inteligência, em primeiro lugar dos jornalistas, que exporiam facilmente a construção ficcional do governo. Em segundo lugar dos cidadãos, ou dos eleitores, ou dos contribuintes (ou dos sujeitos passivos, como lhes chama o Impertinente). Passados 4 dias e lidos uma dúzia de jornais, posso garantir, sem sombra de dúvidas, que o e.escolinha (nome certamente escolhido por um daqueles spin doctors que não conseguiram chegar a criativos duma agência) não é um insulto à inteligência dos jornalistas». Pelo menos à inteligência dos que praticam o jornalismo promocional, acrescento agora, porque lhes falta a inteligência e/ou a integridade.


É evidente que esta mistificação fraudulenta, tal como muitas outras lançadas por José Sócrates, não teria sido possível sem a cumplicidade activa ou passiva do jornalismo promocional em particular e do PS em geral.

Por tudo isto, imagine-se a falta de surpresa ao ler aqui sobre «um estudo da Universidade Portucalense (UPT) chegou à conclusão que os computadores “Magalhães” foram um “fracasso”: as instituições escolares não obtiveram um retorno imediato do equipamento e utilizaram-no “de forma esporádica” dentro do contexto de sala de aula. O estudo, realizado no âmbito de um doutoramento em Educação, analisou 682 agentes educativos – 400 alunos, 181 encarregados de educação e 101 professores – do primeiro ciclo do ensino básico do concelho de Matosinhos … (concluindo) que 89,1% dos professores, 84,5% dos encarregados de educação e 86% dos alunos consideram que nunca ou raramente o computador é utilizado nas salas de aula.»

1 comentário:

Unknown disse...

tem toda a razão, apesar de interligar duas coisas que não têm nada a ver uma com a outra. Uma a reconhecida incapacidade da maquina escolar para ser eficiente; a outra a reconhecida incapacidade que o poder judicial tinha de ser eficente e fazer avançar os processos.