Foi como reflexo condicionado que vi, mais uma vez, as reacções indignadas dos nossos opinion dealers, ministros da Educação passados, presentes e futuros, deputados da maioria e da minoria, intelectualidade vária e outras forças vivas da Nação às considerações de Angela Merkel sobre o suposto excesso de licenciados que dificultaria «persuadir países como Espanha e Portugal, que têm demasiados licenciados, dos benefícios do ensino vocacional».
Ensino vocacional que, como se sabe, em Portugal se chamava ensino profissional e era uma via de ascensão social (exemplos: Cavaco Silva, Ernani Lopes, Eduardo Catroga e milhares de outros). Foi extinto pelas Conquistas de Abril e ressuscitado 30 anos mais tarde para ser uma espécie de repositório dos alunos pobres e remediados que não conseguem aproveitamento no ensino secundário.
Se Angela Merkel tivesse ouvido tais reacções possivelmente ficaria perplexa porque falando para uma associação empresarial, provavelmente quereria significar aquilo que qualquer espanhol ou português está cansado de saber: Espanha e Portugal têm uma quantidade de licenciados em «ogias» que custaram aos contribuintes espanhóis e portugueses (e, já agora, aos alemães como maiores contribuintes para o orçamento comunitário) uma pipa de massa, que nem sabem apertar um parafuso ou, em geral, não sabem fazer nada que alguém esteja disposto a pagar para ser feito.
Fonte: INE |
Seria fastidioso comentar os comentários dos comentadores - parecem desfilar num concurso para Miss Portugal Indignado a mostrar a melhor perna - competindo para o comentário, que imaginam muito patriótico, mais engraxador do ego lusitano ferido por aquilo que nas suas meninges é a arrogância germânica.
1 comentário:
Se se dessem ao trabalho de dizer mais que banalidades esses indignadis iam ver onde está a maioria dos doutorados - no estado a melhorarem a "elevada" qualidade do Citius e exemplos semelhantes(colocação e avaliação de saberes).
Conheço muitos dos licenciados pagos pelo contribuinte portugues(ricos) que estão na Alemanha, Belgica, Holanda e Inglaterra a produzirem o triplo que fariam cá.
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