«Quais são os valores do Novo?
Um dos que mais me tocam é a ideia de que nada fornecido pelo Estado é gratuito. Todos os dias, nossos líderes políticos gostam de vender a promessa de inúmeros benefícios, mas não nos informam como isso será pago ou, pior, deixam no ar a impressão de que essa conta será bancada por terceiros. Infelizmente, essa possibilidade não existe. É uma ilusão. Não há gratuidade, e a conta acaba chegando com juros e correção principalmente aos mais pobres. Nosso objetivo é demonstrar, por meio da lógica e de exemplos ao redor do mundo, que a fatura do que está sendo feito hoje virá e que, quanto antes revertermos esse processo, menos doloroso será lidar com ele. Quando o governo gasta sem controle, a noção de que o cobertor ficou curto demais sempre aparece. Foi isso que aconteceu no início do ano, quando a Receita propôs o aumento de impostos da cerveja para compensar o socorro dado ao setor elétrico. Para nós, o governo deve gastar menos e ceder espaço aos indivíduos e às empresas.
A promoção da iniciativa privada não seria algo compartilhado com o Partido Democratas (DEM), de viés liberal?
Não vejo tão clara entre eles a defesa da redução do Estado. Além disso, somos fortemente a favor da desestatização de empresas. Achamos que o governo não deve ter participação em nenhuma companhia, em nenhum setor. Por que o senhor fala em "desestatização", e não em "privatização"? Prefiro esse tenho porque, teoricamente, as empresas já são privadas. É o natural. Falar em desestatização para mim faz mais sentido, pois as empresas não são originalmente do Estado.
Qual é a sua avaliação sobre as cotas raciais e sociais?
No Brasil, o conceito de direitos é, muitas vezes, confundido com o de privilégios. As cotas criadas nos serviços públicos e nas faculdades e o tratamento diferenciado para minorias são exemplos de medidas que desvirtuam o princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei. Eles dividem a população e criam incentivos para que grupos se organizem para demandar benefícios. Não sou a favor de dividir a sociedade nem de estabelecer privilégios de nenhuma espécie. Todos devem ser iguais perante a lei.
Esse não deveria ser o discurso da esquerda?
Isso só mostra como é difícil definir o Novo: liberal, direita, esquerda. Temos valores de todos os lados.
O senhor é contra o Bolsa Família?
Não sou. Do ponto de vista custo-benefício, esse é o melhor programa do Estado. O custo é baixo, de 25 bilhões de reais, menor que o do seguro-desemprego, que deve consumir 35 bilhões de reais neste ano. O maior mérito do Bolsa Família é fornecer o dinheiro às pessoas, que podem usá-lo da maneira que elas acharem mais adequada. Podem comprar comida no supermercado ou a roupa de que precisam onde quiserem, na rede privada. Não foi preciso que o governo construísse supermercados e comprasse alimentos. O modelo é parecido com o que gostaríamos de fazer na saúde e na educação, em que os mais pobres receberiam uma ajuda financeira, um voucher, e poderiam escolher a escola que desejassem para seus filhos, o hospital que melhor os atendesse. Não há necessidade de o governo construir colégios, clínicas, contratar educadores, médicos nem adquirir equipamentos. O único porém do Bolsa Família é não ter um objetivo definido. Afinal, ele existe para perpetuar as pessoas na pobreza ou para tirá-las de lá? No meu entender, a medida do seu êxito deveria ser a redução do número de usuários.
Pelo que o senhor tem acompanhado, qual tem sido o objetivo do Bolsa Família?
Minha impressão é que querem manter a população na pobreza. Digo isso porque o governo parece festejar sempre que o número de usuários cresce.»
1 comentário:
Será que vão abrir um sucursal em Portugal?
Enviar um comentário