Aos 79 anos e sofrendo de uma variante de Alzheimer, terminada a sua impunidade pela condição de presidente da República francesa, Jacques Chirac foi finalmente condenado a semana passada a 2 anos com pena suspensa por financiamento ilegal do partido RPR que liderou.
Ocupando o poder durante mais de 35 anos, como primeiro-ministro (5 anos), presidente da câmara de Paris (18 anos) e presidente da República (12 anos), Chirac foi um homem com uma influência imensa no sistema político francês que usou com pouco escrúpulo e muitos conflitos de interesse. O tribunal assinalou esse facto como «connexité entre son parti et la municipalité parisienne» dando como provada a correia de transmissão sob diversas formas incluindo o pagamento de salários a apparatchiks do RPR empregados de fachada da mairie de Paris.
Não sendo o sistema judicial francês exactamente um modelo de independência - um professor de direito escreveu no Monde um artigo de opinião com uma interessante interrogação «La condamnation de M. Chirac signe-t-elle la fin d'un pouvoir féodal?» - serve melhor os franceses do que a azêmola da nossa justiça serve os portugueses.
O equivalente em Portugal à investigação e condenação de Chirac em França seria a investigação (e condenação?) de Mário Soares pelas trapalhadas de Macau, Emaudio, etc., para não ir mais longe. Não estou a ver o sistema judicial português a meter-se com tal senhor feudal. Nem mesmo estou a ver os tribunais portugueses a meterem-se com a pletora de políticos que habitualmente «criam» empregos para manadas de apparatchiks sem que isso tire o sono a ninguém.
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Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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22/12/2011
Se os nossos políticos fossem julgados nos tribunais franceses a espécie extinguia-se?
Etiquetas:
alegada inocência,
dois pesos,
justiça de causas
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