Há excepções |
Não vou gastar latim a repetir o que se pensa sobre o assunto no (Im)pertinências. O tema já foi muitas vezes abordado: por exemplo aqui e aqui. Vou apenas relevar a honestidade intelectual de Luís Aguiar-Conraria, que, segundo creio, é, e considera-se ele próprio, de esquerda, pelo seu artigo «Esquerda, salário mínimo e hipocrisia» no Observador, cuja leitura atenta se recomenda e onde em suma conclui:
«A hipocrisia do governo e dos sindicatos está em esperarem que este decréscimo não se note. Por exemplo, se o desemprego descer dos actuais 11,9% para 11,5%, poderão dizer que o salário mínimo aumentou e que ainda assim o desemprego diminuiu. Nunca dirão que, sem o aumento do salário mínimo, o desemprego poderia descer ainda mais, muito provavelmente para 11%. Ou seja, este aumento do salário mínimo, mais do que destruir empregos, o que vai fazer é que pessoas actualmente no desemprego tenham ainda mais dificuldade em voltar a trabalhar, agravando ainda mais o desemprego de longa duração, o qual é, a par do desemprego jovem, o nosso maior flagelo.»
2 comentários:
Na minha modesta opinião o trilema de Žižek mantém-se, não o considero de esquerda, se ele se considera, é porque para ele a direita pura é anarco-capitalismo!
Não leio os artigos dele há muito tempo, mas pelo que leio ele não é de esquerda.
Abraço
Suponho que Luís Aguiar-Conraria é considerado de esquerda. Contudo, a esquerda, como a direita, são casas com muitos quartos e, além disso, a classificação unidimensional, só por si, não faz muitas vezes sentido, sendo necessário considerar a dimensão individualismo-colectismo. A duas dimensões alguns quartos da esquerda ficam adjacentes a quartos da direita.
Seja como for, o importante neste caso é LAC ter apanhado a coisa pelo lado certo, expurgando-a da visão puramente ideológica.
Obrigado pelo seu comentário.
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