Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/12/2015
SERVIÇO PÚBLICO: Seis personagens à procura de um autor
António Costa, Passos Coelho, Paulo Porta, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e Cavaco Silva avaliados no artigo «Um ano, seis personagens» no Público por Francisco Assis, um líder que o PS precisaria para se livrar do esquerdismo infantil e senil e «de um certo oportunismo interesseiro e negocista que o atacou, como musgo viscoso», para usar as palavras do pai Soares ditas após a fuga do Eng. Guterres do pântano,
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Pro memoria (280) – Há coisas que nunca mudam
«As fraquezas humanas, que têm que ver com os humores, o fígado, a gasolina, as vénias, as influências, os compadrios, explicam esta atitude no que se refere ao Partido dito Socialista. Com efeito, ele montou rapidamente uma máquina administrativa e uma rede de influências, sucessora da extinta União Nacional, que faz de cada membro deste partido um privilegiado. Neste país de bichas, ser do Partido Socialista é estar à cabeça de qualquer bicha, quer para um cargo de mando quer para um emprego. Mais, e mais grave: tratando-se de socialistas do topo, o «socialismo» do interessado constitui até uma protecção contra a acção da justiça, pois chegamos a assistir ao espectáculo escandaloso de ministros (incluindo o primeiro) e porta-vozes do PS atacarem e injuriarem, em público, o poder judicial, para defender membros do partido e fazerem pressão para influir no decorrer do processo. Isto é simplesmente uma violação da Constituição actual e de qualquer Constituição democrática, cuja base universal é a separação de poderes (legislativo, executivo e judicial). Num país normalmente democrático esta pressão sobre o poder judicial seria motivo mais que bastante para a exoneração do Governo.»
Excerto de «Os partidos o presidente e o povo», capítulo de «Filhos de Saturno», de António José Saraiva (publicado originalmente no Diário Popular de 29-8-1978
Excerto de «Os partidos o presidente e o povo», capítulo de «Filhos de Saturno», de António José Saraiva (publicado originalmente no Diário Popular de 29-8-1978
DIÁRIO DE BORDO: As três leis de Robert Conquest
Robert Conquest, um historiador britânico autor de «The Great Terror: Stalin's Purge of the Thirties», talvez o primeiro livro a desmascarar de forma sistemática a fraude do socialismo real na União Soviética, enunciou as seguintes três leis empíricas:
- Todos somos conservadores acerca do que conhecemos melhor;
- Qualquer organização que não seja explicitamente de direita será mais tarde ou mais cedo de esquerda;
- A maneira mais simples de explicar o comportamento de uma organização burocrática é assumir que é controlada por uma cabala dos seus inimigos.
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Desconformidades,
Desfazendo ideias feitas,
o saber ocupa lugar
30/12/2015
Lost in translation (259) - As obrigações dos contribuintes não os tornam obrigacionistas
«Regulador resolve problema do Novo Banco à custa de obrigacionistas»
Tradução do título do Público em português corrente: «Regulador resolve problema do Novo Banco sem ser à custa dos contribuintes»
CASE STUDY: O nevoeiro contabilístico e conceptual à volta do Banif (2)
Depois vários posts sobre o caso Banif (dúvida original, dúvida reformulada, presente de Natal socialista e nevoeiro (1), ainda um outro para ajudar a dissipar o nevoeiro ignorante e/ou malicioso plantado pelo jornalismo de causas e os opinion dealers.
O caso Banif é tão grave como o BNP?
Não parece. Não há indícios de burlas ou fraudes e o banco ficou capitalizado em 2013. Na entrevista à SICN da semana passada (citada aqui), Jorge Tomé rejeitou categoricamente a existência de imparidades não registadas.
Para onde vai o dinheiro dos contribuintes que o governo PS irá enterrar no Banif?
Por agora não vai para lado nenhum. É na sua maioria entrada de capital para o Banif cumprir os rácios, depois de ter sido obrigado a criar provisões para cobrir perdas futuras de crédito mal parado.
Quando, dentro de meses ou anos, se confirmar a irrecuperabilidade de alguns desses créditos, então podemos dizer que o dinheiro extorquido aos contribuintes pelo governo PS (ou outro) foi parar aos bolsos dos Emídios Catum (empresário da empresas falidas de construção e imobiliário nas listas do BES e do BPN e, sabe Deus, do Banif), dos Luíses Filipe Vieira (17 milhões ao BPN e 600 milhões ao BES), dos Duartes Lima (calotes no BPN e Novo Banco), dos Arlindos Carvalho (calotes ao BPN para compra de terrenos), dos Dias Loureiro (calotes ao BPN e suspeito de burlas e crimes fiscais). E no caso do BPN foi ainda parar aos bolsos de mais de 500 clientes com dívidas iguais ou superiores a meio milhão de euros. (Dados citados por Nicolau Santos no Expresso Curto, que, não por acaso, praticando o seu jornalismo engagé destaca a gente próxima de Cavaco Silva).
A condução do caso pelo governo PS
Na citada entrevista, Jorge Tomé deu conta de vários factos que põem em causa a condução pelo PS do processo, nomeadamente (sirvo-me do relato do jornalista António Costa):
«Reconheceu que na quinta-feira seguinte à notícia, ainda assim, tinha propostas para a compra da participação do Estado no Banif melhores do que aquela que foi decidida. Inclusivamente da parte do Santander.
Afirmou desconhecer que o Banif teria perdido o estatuto de contraparte do BCE, e disse estranhar que tal fosse verdade, até porque apesar das restrições de liquidez, alegadamente por causa da dita notícia, o Banif estava a funcionar normalmente e em melhores condições do que estava quando entrou em funções.
Deixa implícita uma suspeita, grave, a de que o Banco de Portugal negociou a venda dos activos do Banif ao Santander por baixo da mesa e de forma pouco transparente.
Denuncia explicitamente que a operação de venda de activos do Banif serviu para pôr os contribuintes a financiarem o fundo de resolução e na prática os bancos do sistema. Como? Ao transferir para o fundo de resolução activos do Banif a um preço de saldo que depois serão vendidos com mais-valias. A compensação por essa transferência é assegurada pelo cheque que é passado pelos contribuintes.»
Já agora, acrescente-se, que Jorge Tomé também acusa justamente, como no referi no post anterior, o governo PSD-CDS de encanar a perna à rã, entalado entre o calendário eleitoral e a venda do Novo Banco.
Em resumo, o governo PS fez um golpe de mestre: poupou os suspeitos do costume à custa da multidão anónima de contribuintes que pagarão a factura; fez um favor ao Santander (objectivamente, sem a menor dúvida, e talvez subjectivamente); puxou o lustro à imagem mostrando um grande expeditismo muito louvado pelo seu público e, last but not least, fez tudo isso às custas do governo PSD-CDS que ficou muito mal na foto – onde aliás nunca ficaria bem.
Aditamento:
Já depois de escrito este post, li o artigo «A complexa engenharia financeira para “resolver” o Banif» no Observador que descreve objectivamente os aspectos técnicos da operação, cuja leitura se recomenda.
O caso Banif é tão grave como o BNP?
Não parece. Não há indícios de burlas ou fraudes e o banco ficou capitalizado em 2013. Na entrevista à SICN da semana passada (citada aqui), Jorge Tomé rejeitou categoricamente a existência de imparidades não registadas.
Para onde vai o dinheiro dos contribuintes que o governo PS irá enterrar no Banif?
Por agora não vai para lado nenhum. É na sua maioria entrada de capital para o Banif cumprir os rácios, depois de ter sido obrigado a criar provisões para cobrir perdas futuras de crédito mal parado.
Quando, dentro de meses ou anos, se confirmar a irrecuperabilidade de alguns desses créditos, então podemos dizer que o dinheiro extorquido aos contribuintes pelo governo PS (ou outro) foi parar aos bolsos dos Emídios Catum (empresário da empresas falidas de construção e imobiliário nas listas do BES e do BPN e, sabe Deus, do Banif), dos Luíses Filipe Vieira (17 milhões ao BPN e 600 milhões ao BES), dos Duartes Lima (calotes no BPN e Novo Banco), dos Arlindos Carvalho (calotes ao BPN para compra de terrenos), dos Dias Loureiro (calotes ao BPN e suspeito de burlas e crimes fiscais). E no caso do BPN foi ainda parar aos bolsos de mais de 500 clientes com dívidas iguais ou superiores a meio milhão de euros. (Dados citados por Nicolau Santos no Expresso Curto, que, não por acaso, praticando o seu jornalismo engagé destaca a gente próxima de Cavaco Silva).
A condução do caso pelo governo PS
Na citada entrevista, Jorge Tomé deu conta de vários factos que põem em causa a condução pelo PS do processo, nomeadamente (sirvo-me do relato do jornalista António Costa):
«Reconheceu que na quinta-feira seguinte à notícia, ainda assim, tinha propostas para a compra da participação do Estado no Banif melhores do que aquela que foi decidida. Inclusivamente da parte do Santander.
Afirmou desconhecer que o Banif teria perdido o estatuto de contraparte do BCE, e disse estranhar que tal fosse verdade, até porque apesar das restrições de liquidez, alegadamente por causa da dita notícia, o Banif estava a funcionar normalmente e em melhores condições do que estava quando entrou em funções.
Deixa implícita uma suspeita, grave, a de que o Banco de Portugal negociou a venda dos activos do Banif ao Santander por baixo da mesa e de forma pouco transparente.
Denuncia explicitamente que a operação de venda de activos do Banif serviu para pôr os contribuintes a financiarem o fundo de resolução e na prática os bancos do sistema. Como? Ao transferir para o fundo de resolução activos do Banif a um preço de saldo que depois serão vendidos com mais-valias. A compensação por essa transferência é assegurada pelo cheque que é passado pelos contribuintes.»
Já agora, acrescente-se, que Jorge Tomé também acusa justamente, como no referi no post anterior, o governo PSD-CDS de encanar a perna à rã, entalado entre o calendário eleitoral e a venda do Novo Banco.
Em resumo, o governo PS fez um golpe de mestre: poupou os suspeitos do costume à custa da multidão anónima de contribuintes que pagarão a factura; fez um favor ao Santander (objectivamente, sem a menor dúvida, e talvez subjectivamente); puxou o lustro à imagem mostrando um grande expeditismo muito louvado pelo seu público e, last but not least, fez tudo isso às custas do governo PSD-CDS que ficou muito mal na foto – onde aliás nunca ficaria bem.
Aditamento:
Já depois de escrito este post, li o artigo «A complexa engenharia financeira para “resolver” o Banif» no Observador que descreve objectivamente os aspectos técnicos da operação, cuja leitura se recomenda.
29/12/2015
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: O neoliberalismo visto pelo neobobismo
«Qualquer tipo de neoliberalismo terá sempre de defender uma redução significativa da despesa pública e a diminuição do peso do Estado na economia. Se o Estado não diminui, não pode haver neoliberalismo, tal como não pode haver marxismo sem controlo público dos meios de produção ou aves sem asas e sem penas.
Imagino que nos livros de Harvey e Žižek não se encontrem dados sobre a dimensão do Estado português, mas basta um pulo à Pordata para encontrar o peso das despesas da administração pública em percentagem do PIB. Em 2005, quando o engenheiro Sócrates tomou conta do governo, esse valor era de 46,7%. Em 2011, quando Passos Coelho tomou posse, era de 50,0%. E em 2014 estava nos 51,7%. (*) O Estado nunca teve um peso tão grande na economia. A despesa pública em Portugal ultrapassa a barreira dos 50% do PIB, o que não acontece em praticamente lado nenhum do mundo civilizado. Nós somos um dos países mais socialistas do planeta – e Alfredo Barroso acha que caímos nas garras do neoliberalismo.
Porquê tamanha confusão? Em parte, porque Passos Coelho tinha um discurso (não uma prática) relativamente liberal para os hábitos portugueses. Em parte, porque dá mais jeito atribuir as falhas do governo aos excessos de um neoliberalismo inventado do que aos abusos de um estatismo real. E assim, a esquerda neo-histérica continua toda entretida com a sua caça ao gambuzino neoliberal, ignorando o verdadeiro elefante no meio da sala: o capitalismo de compadrio que PS, PSD e CDS alimentam há mais de 40 anos.»
«Alfredo Barroso e o gambuzino neoliberal», João Miguel Tavares no Público
Esclarecimento:
Quando era presidente do Brasil nos anos 90, Fernando Henrique Cardoso, farto de ser chamado neoliberal por todos os patetas brasileiros, disse: «Só quem não tem nada na cabeça é que fica repetindo que o governo é neoliberal. Isso é neobobismo.»
(*) Em rigor, como aqui mostra Jorge Costa no Insurgente, a despesa pública ajustada pelo ciclo até terá diminuído ligeiramente, mas isso não resultou da redução do peso do Estado pela mão do governo «neoliberal». Resultou apenas do facto prosaico de não haver dinheiro e a troika estar por cá, como se está a confirmar agora e se verá melhor quando o governo socialista entrar em cruzeiro.
Imagino que nos livros de Harvey e Žižek não se encontrem dados sobre a dimensão do Estado português, mas basta um pulo à Pordata para encontrar o peso das despesas da administração pública em percentagem do PIB. Em 2005, quando o engenheiro Sócrates tomou conta do governo, esse valor era de 46,7%. Em 2011, quando Passos Coelho tomou posse, era de 50,0%. E em 2014 estava nos 51,7%. (*) O Estado nunca teve um peso tão grande na economia. A despesa pública em Portugal ultrapassa a barreira dos 50% do PIB, o que não acontece em praticamente lado nenhum do mundo civilizado. Nós somos um dos países mais socialistas do planeta – e Alfredo Barroso acha que caímos nas garras do neoliberalismo.
Porquê tamanha confusão? Em parte, porque Passos Coelho tinha um discurso (não uma prática) relativamente liberal para os hábitos portugueses. Em parte, porque dá mais jeito atribuir as falhas do governo aos excessos de um neoliberalismo inventado do que aos abusos de um estatismo real. E assim, a esquerda neo-histérica continua toda entretida com a sua caça ao gambuzino neoliberal, ignorando o verdadeiro elefante no meio da sala: o capitalismo de compadrio que PS, PSD e CDS alimentam há mais de 40 anos.»
«Alfredo Barroso e o gambuzino neoliberal», João Miguel Tavares no Público
Esclarecimento:
Quando era presidente do Brasil nos anos 90, Fernando Henrique Cardoso, farto de ser chamado neoliberal por todos os patetas brasileiros, disse: «Só quem não tem nada na cabeça é que fica repetindo que o governo é neoliberal. Isso é neobobismo.»
(*) Em rigor, como aqui mostra Jorge Costa no Insurgente, a despesa pública ajustada pelo ciclo até terá diminuído ligeiramente, mas isso não resultou da redução do peso do Estado pela mão do governo «neoliberal». Resultou apenas do facto prosaico de não haver dinheiro e a troika estar por cá, como se está a confirmar agora e se verá melhor quando o governo socialista entrar em cruzeiro.
Mitos (217) - Os salários da classe-média norte-americana estão a estagnar
Este é um dos mitos recorrentes da economia de causas, construído com a ajuda da estatística de causas. Na sua versão mais geral é o mito do empobrecimento de todas as classes sociais com excepção daquela minoria dos 1% (ou 0,1% ou outra percentagem qualquer que dê jeito) cada vez mais fabulosamente ricos. Um dos expedientes mais comuns e simplórios para justificar o mito é confundir pobreza absoluta com pobreza relativa, ou seja concluir que certas classes de menores rendimento estão mais pobres porque a distribuição do rendimento se tornou mais desigual. Outras vezes os argumentos são um pouco mais sofisticados, como é o caso dos que Martin Feldstein desmonta no seu texto «Estão os salários da classe-média norte-americana a estagnar?», traduzido (mal) e publicado há tempos no Negócios do qual respiguei os excertos seguintes:
«É frequentemente dito que o rendimento médio das famílias subiu apenas ligeiramente, ou mesmo nada, nas últimas décadas. Alguns números dos Censos nos Estados Unidos parecem suportar tal conclusão. Mas as mais rigorosas estatísticas governamentais demonstram que os salários reais daqueles que se situam a meio da tabela da distribuição de rendimentos aumentaram cerca de 50% desde 1980. E um ajustamento mais apropriado face às alterações do custo de vida implica ganhos substancialmente maiores.
O Departamento de Estatísticas dos Estados Unidos estima o dinheiro que as famílias recebem de todo o tipo de fontes de rendimentos (…) Os números resultantes demonstram que o crescimento cumulativo desde 1984 até 2013 foi menor do que 10%, o equivalente a menos de 0,3% por ano.
Qualquer adulto que estivesse vivo nos Estados Unidos durante estas três décadas percebe que este número subavalia de forma grosseira as conquistas da família típica. Um exemplo que mostra que algo está errado com este número passa pelo facto de o Governo também estimar que a real compensação por hora de trabalho da força de trabalho, que não a do sector agrícola, cresceu 39% de 1985 a 2015.
A estimativa dos censos oficiais incorre em três falhas importantes. Para começar, falha em reconhecer as contínuas alterações da composição da população; as famílias de hoje são muito diferentes dos agregados familiares de há 30 anos. Além disso, a estimativa do Departamento de Estatísticas é excessivamente limitada, dado que as famílias da classe-média receberam transferências crescentes do Governo além de terem beneficiado de impostos sobre os rendimentos mais baixos. Finalmente, o índice de preços utilizado pelo Departamento de Estatísticas falha ao não reflectir as contribuições dos novos produtos e a melhoria dos mesmos para o padrão de vida das famílias norte-americanas.
(…)
Com a definição de rendimento em dinheiro, o CBO percebeu que o rendimento médio real das famílias cresceu apenas 15% entre 1980 e 2010, semelhante à estimativa do Departamento de Estatísticas. Mas quando alargaram a definição de rendimento, passando a incluir benefícios e reduções de impostos, descobriram que o rendimento médio real das famílias cresceu 45%. Ajustando este valor face à dimensão do agregado familiar fez com que o ganho subisse para 53%.
(…) Mas esse índice de preços não reflecte os novos produtos nem a melhoria nos bens e serviços existentes.
Assim, se os rendimentos em dinheiro de todas as pessoas crescerem 2% de um ano para o outro, e se o preço de todos os bens e serviços também crescer 2%, o cálculo oficial não irá mostrar nenhuma alteração nos rendimentos reais, mesmo que novos produtos e melhorias significativas na sua qualidade contribuíam para o nosso bem-estar. Na verdade, o Governo dos Estados Unidos não contabiliza, de forma alguma, o valor criado por serviços de internet como o Google e o Facebook, enquanto rendimento porque estes serviços não são comprados.
Ninguém sabe o quanto tais inovações e melhorias dos produtos acrescentou ao nosso bem-estar. Mas se os ganhos foram de apenas 1% ao ano, ao longo dos últimos 30 anos houve um ganho cumulativo de 35%. E combinando este valor com a estimativa do CBO de um ganho de cerca de 50% significa que o rendimento real médio das famílias cresceu perto de 2,5% ao ano ao longo dos últimos 30 anos.
Por isso a classe-média norte-americana tem passado muito melhor do que as estatísticas pessimistas mostram. E com melhores políticas, estas famílias pode fazer ainda melhor no futuro.»
«É frequentemente dito que o rendimento médio das famílias subiu apenas ligeiramente, ou mesmo nada, nas últimas décadas. Alguns números dos Censos nos Estados Unidos parecem suportar tal conclusão. Mas as mais rigorosas estatísticas governamentais demonstram que os salários reais daqueles que se situam a meio da tabela da distribuição de rendimentos aumentaram cerca de 50% desde 1980. E um ajustamento mais apropriado face às alterações do custo de vida implica ganhos substancialmente maiores.
O Departamento de Estatísticas dos Estados Unidos estima o dinheiro que as famílias recebem de todo o tipo de fontes de rendimentos (…) Os números resultantes demonstram que o crescimento cumulativo desde 1984 até 2013 foi menor do que 10%, o equivalente a menos de 0,3% por ano.
Qualquer adulto que estivesse vivo nos Estados Unidos durante estas três décadas percebe que este número subavalia de forma grosseira as conquistas da família típica. Um exemplo que mostra que algo está errado com este número passa pelo facto de o Governo também estimar que a real compensação por hora de trabalho da força de trabalho, que não a do sector agrícola, cresceu 39% de 1985 a 2015.
A estimativa dos censos oficiais incorre em três falhas importantes. Para começar, falha em reconhecer as contínuas alterações da composição da população; as famílias de hoje são muito diferentes dos agregados familiares de há 30 anos. Além disso, a estimativa do Departamento de Estatísticas é excessivamente limitada, dado que as famílias da classe-média receberam transferências crescentes do Governo além de terem beneficiado de impostos sobre os rendimentos mais baixos. Finalmente, o índice de preços utilizado pelo Departamento de Estatísticas falha ao não reflectir as contribuições dos novos produtos e a melhoria dos mesmos para o padrão de vida das famílias norte-americanas.
(…)
Com a definição de rendimento em dinheiro, o CBO percebeu que o rendimento médio real das famílias cresceu apenas 15% entre 1980 e 2010, semelhante à estimativa do Departamento de Estatísticas. Mas quando alargaram a definição de rendimento, passando a incluir benefícios e reduções de impostos, descobriram que o rendimento médio real das famílias cresceu 45%. Ajustando este valor face à dimensão do agregado familiar fez com que o ganho subisse para 53%.
(…) Mas esse índice de preços não reflecte os novos produtos nem a melhoria nos bens e serviços existentes.
Assim, se os rendimentos em dinheiro de todas as pessoas crescerem 2% de um ano para o outro, e se o preço de todos os bens e serviços também crescer 2%, o cálculo oficial não irá mostrar nenhuma alteração nos rendimentos reais, mesmo que novos produtos e melhorias significativas na sua qualidade contribuíam para o nosso bem-estar. Na verdade, o Governo dos Estados Unidos não contabiliza, de forma alguma, o valor criado por serviços de internet como o Google e o Facebook, enquanto rendimento porque estes serviços não são comprados.
Ninguém sabe o quanto tais inovações e melhorias dos produtos acrescentou ao nosso bem-estar. Mas se os ganhos foram de apenas 1% ao ano, ao longo dos últimos 30 anos houve um ganho cumulativo de 35%. E combinando este valor com a estimativa do CBO de um ganho de cerca de 50% significa que o rendimento real médio das famílias cresceu perto de 2,5% ao ano ao longo dos últimos 30 anos.
Por isso a classe-média norte-americana tem passado muito melhor do que as estatísticas pessimistas mostram. E com melhores políticas, estas famílias pode fazer ainda melhor no futuro.»
28/12/2015
Títulos inspirados (52) – A luz no fundo do túnel
Bailout tests Portuguese austerity pledge
New socialist prime minister comes up against harsh financial realities
Título do Financial Times de hoje.
CASE STUDY: O nevoeiro contabilístico e conceptual à volta do Banif (1)
Já dedicámos vários posts ao caso Banif: dúvida original, a dúvida reformulada e o presente de Natal socialista. Vou agora dedicar alguns outros ao nevoeiro que por ignorância e/ou por malícia o jornalismo de causas e os opinion dealers da nossa praça vêm introduzindo no tema.
8-planos de reestruturação-8
Esta confusão sem tem interesse nenhum é introduzida apenas para acentuar a incompetência do governo PSD-CDS e do regulador - Carlos Costa disputa com Cavaco Silva os ódios de estimação da esquerdalhada. Na verdade, trata-se de um único plano de reestruturação que foi rejeitado, bem como todas as alterações propostas, porque a Direcção-Geral da Concorrência da CE (DGC-CE) sempre entendeu (e bem) que o Banif não tinha ponta por onde se lhe pegasse e deveria ser liquidado suportando os accionistas, os obrigacionistas e os depositantes as respectivas perdas, por esta ordem, e sendo aplicável o fundo de garantia dos depósitos até 100 mil euros.
O Banif era uma espécie de BES em ponto pequeno
Era em ponto pequeno, só não era da mesma espécie. Primeiro, porque não havia indícios de fraude como no BES. Segundo porque, com a entrada de 600 milhões de capital e 125 milhões de obrigações convertíveis feitas pelo Estado, o Banif passou a cumprir os rácios como os outros bancos que receberam a mesma ajuda: Caixa, BCP e BPI.
A incompetência do governo PSD-CDS
Esta explicação para o arrastar da solução está associada à anterior. Independentemente de o governo ter tratado incompetentemente ou não este tema, tudo indica que o foi adiando até Maio de 2014 para evitar sujar a saída da troika que pretendia limpa. Depois disso, teve apenas 3 meses para respirar antes de lhe cair ao colo o escândalo do GES e a resolução do BES em Agosto. A partir daí fez o possível por esquecer o Banif e quando acordou em 2015 estava a meses das eleições e defrontava um trilema: 1) tentava vender o Novo Banco e esquecia o Banif; 2) tentava vender o Banif e esquecia o Novo Banco ou 3) liquidava o Banif como pretendia a DGC-CE, fechando umas dezenas de agência e despedindo uns milhares de funcionários.
Fez o que um governo português faria: adiou a escolha de uma solução até que a deixou por conta do governo seguinte.
O governo PSD-CDS não usou 6 dos 12 mil milhões que a CE tornou disponíveis para a ajuda à banca
Isto é um sofisma. Na altura própria o governo usou 600 + 125 milhões desse dinheiro no Banif e isso foi então suficiente.
Então, perguntar-se-á, não foi agora preciso injectar mais 2.255 milhões (1.766 do Estado e 489 do Fundo de Resolução dos Bancos) e ainda constituir 750 milhões de garantias? Foi devido às condições da resolução ditadas pela DGC-CE que obrigaram a registar imediatamente 2/3 de imparidades nos activos do Banif e não a quaisquer perdas efectivas.
As perdas no Banif são tão grandes como no BES
Até podem vir a ser – veja-se o caso do BPN que, segundo Teixeira dos Santos, era para não custar nada e o nada já vai em 7 mil milhões. Contudo, neste momento, os capitais injectados no Banif foram-nos para compensar no balanço as provisões criadas para fazer face às imparidades de 2/3 dos activos.
E os 900 milhões de depósitos levantados na semana seguinte à falsa notícia da TVI no dia 14? Os comentadores, incluindo vários «especialistas», que referiram estes levantamentos como causa de perdas deveria ser obrigados e frequentar um curso rudimentar de contabilidade para perceberem que, sendo certo que a liquidez se reduz, isso não implica perdas porque os capitais próprios não são reduzidos pelo facto de se reduzirem simultaneamente activos (Caixa e disponibilidades) e passivos (Recursos de Clientes).
(Continua)
8-planos de reestruturação-8
Esta confusão sem tem interesse nenhum é introduzida apenas para acentuar a incompetência do governo PSD-CDS e do regulador - Carlos Costa disputa com Cavaco Silva os ódios de estimação da esquerdalhada. Na verdade, trata-se de um único plano de reestruturação que foi rejeitado, bem como todas as alterações propostas, porque a Direcção-Geral da Concorrência da CE (DGC-CE) sempre entendeu (e bem) que o Banif não tinha ponta por onde se lhe pegasse e deveria ser liquidado suportando os accionistas, os obrigacionistas e os depositantes as respectivas perdas, por esta ordem, e sendo aplicável o fundo de garantia dos depósitos até 100 mil euros.
O Banif era uma espécie de BES em ponto pequeno
Era em ponto pequeno, só não era da mesma espécie. Primeiro, porque não havia indícios de fraude como no BES. Segundo porque, com a entrada de 600 milhões de capital e 125 milhões de obrigações convertíveis feitas pelo Estado, o Banif passou a cumprir os rácios como os outros bancos que receberam a mesma ajuda: Caixa, BCP e BPI.
A incompetência do governo PSD-CDS
Esta explicação para o arrastar da solução está associada à anterior. Independentemente de o governo ter tratado incompetentemente ou não este tema, tudo indica que o foi adiando até Maio de 2014 para evitar sujar a saída da troika que pretendia limpa. Depois disso, teve apenas 3 meses para respirar antes de lhe cair ao colo o escândalo do GES e a resolução do BES em Agosto. A partir daí fez o possível por esquecer o Banif e quando acordou em 2015 estava a meses das eleições e defrontava um trilema: 1) tentava vender o Novo Banco e esquecia o Banif; 2) tentava vender o Banif e esquecia o Novo Banco ou 3) liquidava o Banif como pretendia a DGC-CE, fechando umas dezenas de agência e despedindo uns milhares de funcionários.
Fez o que um governo português faria: adiou a escolha de uma solução até que a deixou por conta do governo seguinte.
O governo PSD-CDS não usou 6 dos 12 mil milhões que a CE tornou disponíveis para a ajuda à banca
Isto é um sofisma. Na altura própria o governo usou 600 + 125 milhões desse dinheiro no Banif e isso foi então suficiente.
Então, perguntar-se-á, não foi agora preciso injectar mais 2.255 milhões (1.766 do Estado e 489 do Fundo de Resolução dos Bancos) e ainda constituir 750 milhões de garantias? Foi devido às condições da resolução ditadas pela DGC-CE que obrigaram a registar imediatamente 2/3 de imparidades nos activos do Banif e não a quaisquer perdas efectivas.
As perdas no Banif são tão grandes como no BES
Até podem vir a ser – veja-se o caso do BPN que, segundo Teixeira dos Santos, era para não custar nada e o nada já vai em 7 mil milhões. Contudo, neste momento, os capitais injectados no Banif foram-nos para compensar no balanço as provisões criadas para fazer face às imparidades de 2/3 dos activos.
E os 900 milhões de depósitos levantados na semana seguinte à falsa notícia da TVI no dia 14? Os comentadores, incluindo vários «especialistas», que referiram estes levantamentos como causa de perdas deveria ser obrigados e frequentar um curso rudimentar de contabilidade para perceberem que, sendo certo que a liquidez se reduz, isso não implica perdas porque os capitais próprios não são reduzidos pelo facto de se reduzirem simultaneamente activos (Caixa e disponibilidades) e passivos (Recursos de Clientes).
(Continua)
27/12/2015
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: «São quase todos ou fixados administrativamente ou de alguma forma controlados pelo Estado»
«A inflação em Portugal foi de aproximadamente 7% desde o início de 2011. Mas os preços dos serviços básicos, que são quase todos ou fixados administrativamente ou de alguma forma controlados pelo Estado, aumentaram 25% no mesmo período!
- o saneamento básico, 53%
- a recolha do lixo, 30%
- a electricidade, 35%
- o gás, 13%
- viajar de comboio, 27%
- viajar de autocarro 17%
- serviços hospitalares, 16%
- a água, 7%
- etc…
(Enviado por JARF)
«Os preços (...) são quase todos ou fixados administrativamente ou de alguma forma controlados pelo Estado.» Mais explicações para quê?
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (37) O clube dos incréus reforçou-se (VI)
Outras marteladas.
«Public pronouncements about the objectives of QE are deliberately shrouded in central bank speak. Depreciation of the yen is quite obviously an indirect effect of large-scale Japanese money printing — but it would not do for Shinzo Abe, the Japanese prime minister, or Haruhiko Kuroda, the Bank of Japan governor, to say so plainly. That would be politically toxic in the American heartlands. Nor would Mario Draghi, president of the European Central Bank, acknowledge that he is artificially distorting the bond markets so that the debt-ridden governments of peripheral Europe can continue to enjoy a low cost of capital (the eurozone’s very own Ponzi scheme). But that is what he is doing.
Instead, central bankers talk about two main objectives of QE. The first is to maintain the supply of money to the banking system, to prevent a contraction in credit from leading to a seizure of 1930s proportions.
The second is to stimulate what they call the “portfolio channel” via the purchase of sovereign bonds. Government bonds provide the risk-free rate for financial markets, off which everything else is priced. If you suppress the risk-free rate by buying debt, you boost the price of all other assets, from credit to equities to property.
Banks have been the biggest beneficiaries, with their 20- or 30-times leveraged balance sheets. Asset managers and hedge funds have benefited, too. Owners of property have made out like bandits. In fact, anyone with assets has grown much richer. All of us who work in financial markets owe a debt to QE. »
«Central banks have made the rich richer», Paul Marshall, chairman of Marshall Wace, a London-based hedge fund
«Public pronouncements about the objectives of QE are deliberately shrouded in central bank speak. Depreciation of the yen is quite obviously an indirect effect of large-scale Japanese money printing — but it would not do for Shinzo Abe, the Japanese prime minister, or Haruhiko Kuroda, the Bank of Japan governor, to say so plainly. That would be politically toxic in the American heartlands. Nor would Mario Draghi, president of the European Central Bank, acknowledge that he is artificially distorting the bond markets so that the debt-ridden governments of peripheral Europe can continue to enjoy a low cost of capital (the eurozone’s very own Ponzi scheme). But that is what he is doing.
Instead, central bankers talk about two main objectives of QE. The first is to maintain the supply of money to the banking system, to prevent a contraction in credit from leading to a seizure of 1930s proportions.
The second is to stimulate what they call the “portfolio channel” via the purchase of sovereign bonds. Government bonds provide the risk-free rate for financial markets, off which everything else is priced. If you suppress the risk-free rate by buying debt, you boost the price of all other assets, from credit to equities to property.
Banks have been the biggest beneficiaries, with their 20- or 30-times leveraged balance sheets. Asset managers and hedge funds have benefited, too. Owners of property have made out like bandits. In fact, anyone with assets has grown much richer. All of us who work in financial markets owe a debt to QE. »
«Central banks have made the rich richer», Paul Marshall, chairman of Marshall Wace, a London-based hedge fund
26/12/2015
ACREDITE SE QUISER: China, uma potência «expansionista»
Fonte: MarketWatch |
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perigo amarelo,
teorias da conspiração
25/12/2015
Dúvidas (140) – Quem será o homem?
«um homem que, aos 58 anos, ainda depende da mamã e “de um amigo” para financiar as férias em Paris enquanto um totó lhe escreve a borrada inconsequentemente fútil a que chamou livro» (lido no Blasfémias).
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E agora José?,
eu diria mesmo mais,
Ridendo castigat mores
Pro memoria (279) – Banif, o presente de Natal socialista
Este ano, o socialismo deixou-nos no sapatinho o Banif |
- Desde 2013 o governo PSD-CDS entrou com 700 milhões para o capital do Banif, tornando-se accionista de 60%, e ainda fez um empréstimo de 125 milhões em obrigações CoCos convertíveis em capital;
- Pelo caminho, a solução adoptada em 2014 para o BES foi intensamente atacada pelo PS, BE e PCP;
- Desde então o governo PSD-CDS tentou vender sem sucesso o Banif e foi empurrando com a barriga por cima do calendário eleitoral;
- A TVI é uma participada da Media Capital cujo accionista maioritário com 95% é o grupo Prisa com ligações ao PSOE, partido irmão do PS; o 6.º maior accionista do Grupo Prisa é o Santander;
- Recentemente, prosseguiam negociações entre o governo PS e vários bancos, incluindo o Santander;
- Na noite do domingo dia 13, a TVI divulgou em nota de rodapé (uma forma impessoal muito conveniente de evitar ligar um rosto à notícia) «Banif: A TVI apurou que está tudo preparado para o fecho do Banco»;
- O Banif desmentiu de madrugada a notícia falsa do seu próximo encerramento; desmentido interpretado, como habitualmente, como uma confirmação;
- Nos dias seguintes a cotação do Banif caiu praticamente para zero e inicia-se uma corrida ao banco sendo levantados 900 milhões durante a semana;
- Na 4.ª feira 16, o BCE decide suspender o estatuto de contraparte do Banif cortando-lhe a possibilidade de financiamento; a partir daqui é a morte anunciada do Banif;
- No fim de semana seguinte o governo PS negoceia em dois dias a venda da parte boa do Banif ao Santander por 150 milhões, tendo o Estado de injectar 1,7 mil milhões e o Fundo de Resolução 500 milhões;
- A venda ao Santander é anunciada pelo Banco de Portugal nesse domingo às 23 horas;
- Como se tudo já estivesse há muito preparado, 36 horas depois, já estava em curso por todo o país a mudança de imagem do Banif para Santander;
- Mário Centeno salientou justamente uns dias depois que o seu governo «fez em três semanas o que o anterior não fez em três anos»: salvou accionistas, obrigacionistas e grandes depositantes e fez os contribuintes pagar 1,7 mil milhões de euros, pelo menos (recorde-se o caso BPN que Teixeira dos Santos começou por garantir que não custaria nada);
- Citando informação de Mário Centeno no parlamento (fonte): «o Banif tinha 356.457 depositantes, sendo que desses, havia 7411 acima de 100 mil euros. E desses, 6374 eram de particulares. Segundo Centeno, o montante médio dos depósitos acima de 100 mil era 283 mil euros.» De onde resulta que o total de depósitos acima de 100 mil euros era de 2,1 mil milhões de euros (=7.411x283.000), montante que foi poupado aos grandes depositantes pela resolução à custa dos milhões de contribuintes;
- Em vigor a partir de 1 de Janeiro, a Banking Resolution and Recovery Directive, cujo propósito é a minimização dos prejuízos a serem suportados pelos Estados, ou seja pelos contribuintes, obrigaria à resolução do Banif em que seriam chamados a participar no bail-in os accionistas, os detentores de dívida subordinada e de dívida senior e os depositantes com mais de 100 mil euros;
- A aplicação desta directiva no âmbito da união bancária poderia envolver a banca europeia que cobriria as perdas do Banif com o «inconveniente» do processo ficar sob o escrutínio do BCE e o risco dos escândalos;
- Enquanto decorria a discussão do orçamento rectificativo para acomodar a resolução do Banif, Horta Osório, um antigo presidente do Santander Totta e actual presidente do Lloyd's Bank, tirou-se do seus cuidados em Londres e achou que deveria manifestar-se chocado e defendeu «que os contribuintes portugueses pelo menos merecem saber com transparência e rectidão exactamente o que aconteceu», como se a informação administrada aos contribuintes portugueses pelo governo PS, neste caso coligado com o PSD, não fosse transparente e recta;
- Finalmente, foi aprovado na 4.ª feira o orçamento rectificativo do governo PS, com os votos contra do PCP e do BE, e a abstenção do PSD, tendo Passos Coelho explicado que «não teria uma solução muito diferente»; foi mais um exemplo da doutrina Mutual Assured Distraction (MAD) que impera na política portuguesa.
Perante estes factos, estou esclarecido e já poucas dúvidas me restam. Aproveito para especular sobre o pretexto para transformar os contribuintes em bombeiros do risco sistémico.
A verdadeira questão não é quando está ou não em causa o risco sistémico. A verdadeira questão é como se minimiza o risco sistémico. Pelo menos já conhecemos duas maneiras de o incrementar:
- Criar nas cliques dirigentes dos bancos o sentimento de impunidade e nos clientes dos bancos a convicção que, chamando risco sistémico (whatever that means) à coisa que estiver à acontecer, os contribuintes pagam o prejuízo;
- Continuar a autorizar reservas fraccionárias aos bancos, ou seja a admitir que os bancos emprestem dinheiro até um múltiplo (10 a 12 vezes) das reservas que dispõem nos bancos centrais.
Agora que já abri a prenda grande que o governo socialista me ofereceu neste Natal (uns milhares de euros, considerando a minha posição de médio accionista da Autoridade Tributária) e antes de abrir as prendas pequenas da família, vou especular sobre onde irão parar os milhares de milhões que o governo vai nos próximos anos extorquir aos papalvos à pala do Banif.
A resposta dos patetas varia, dependendo do grau de patetice, à volta de «eles», a corja, os banqueiros, os ricos, etc. Na verdade, a resposta é bem simples, desde que se façam as perguntas certas. Iniciemos, pois, a maiêutica socrática (do Sócrates da cicuta, não do das contas na Suíça).
A primeira pergunta é: porque ficou o Banif sem capital? Porque os activos ficaram menores do que os passivos. E porque ficaram os activos menores do que os passivos? Porque os activos diminuíram de valor (registaram imparidades, no jargão) e tiveram de ser criadas provisões (aumentando os passivos). Porque diminuiu o valor dos activos? Porque créditos de clientes se mostraram incobráveis por deixarem de pagar juros ou por outra razão. O que vai acontecer a esses créditos incobráveis? M de La Palice diria que não vão ser cobrados. E quem ganhará com isso? M de La Palice responderia outra vez: os credores inadimplentes, empresas e particulares ricos, remediados e pobres que assim receberão a dádiva que o governo socialista condenou os contribuintes a pagar-lhes. Pronto, agora já sabemos onde vão parar os milhares de milhões.
24/12/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Here we go again (11)
«A taxa de poupança diminuiu para 4,0% (4,8% no trimestre anterior), o que corresponde ao valor mais baixo desde o 1º trimestre de 1999.»
Aguardemos o efeito das políticas socialistas de incentivo ao consumo, cujos magníficos resultados durante as últimas décadas nos trouxeram até onde nos encontramos. Verifiquemos se temos à mão os números de telefone do Dr. Subir Lall - à falta do da Dr.ª Christine Lagarde.
Fonte: Contas Nacionais Trimestrais Por Setor Institucional (Base 2011) 3º Trimestre de 2015, INE |
23/12/2015
Chávez & Chávez, Sucessores (39) – Duas semanas depois o chávismo recomeça a «governar com o povo»
Recapitulando, com as ameaças de Maduro de «governar com o povo», o seu domínio do executivo e o controlo do aparelho depois de 17 anos no poder, as notícias de que o chávismo está acabado são grandemente exageradas.
Não foi preciso esperar muito tempo. «A oposição venezuelana acusou esta quarta-feira o partido no Governo de dar “um golpe judicial” contra o novo parlamento, ao impugnar a designação de 22 dos 112 deputados opositores eleitos nas eleições parlamentares.» (Observador)
Certamente, a secção comunista da geringonça deve estar prestes a fazer outro comunicado a saudar esta iniciativa do herdeiro do coronel.
Não foi preciso esperar muito tempo. «A oposição venezuelana acusou esta quarta-feira o partido no Governo de dar “um golpe judicial” contra o novo parlamento, ao impugnar a designação de 22 dos 112 deputados opositores eleitos nas eleições parlamentares.» (Observador)
Certamente, a secção comunista da geringonça deve estar prestes a fazer outro comunicado a saudar esta iniciativa do herdeiro do coronel.
Dúvidas (139) – Alguns factos, uma certeza e uma dúvida sobre o Banif (2)
Na continuação do post anterior, mais um facto e uma dúvida reformulada.
Facto:
Facto:
- Citando informação de Mário Centeno no parlamento (fonte): «o Banif tinha 356.457 depositantes, sendo que desses, havia 7411 acima de 100 mil euros. E desses, 6374 eram de particulares. Segundo Centeno, o montante médio dos depósitos acima de 100 mil era 283 mil euros.» De onde resulta que o total de depósitos acima de 100 mil euros era de 2,1 mil milhões de euros (=7.411x283.000), montante que foi poupado aos grandes depositantes pela resolução socialista à custa dos milhões de contribuintes.
- Qual o propósito de um governo PS apoiado por BE e PCP com tão grandes preocupações sociais ao dispor-se a fazer os contribuintes pagar 1,7 mil milhões em vez de esperar 10 dias (ou adoptar a resolução da directiva) e fazer os accionistas, os obrigacionistas e os grandes depositantes do Banif suportarem os prejuízos?
- Porquê um governo PS apoiado por BE e PCP com tão grandes preocupações sociais vai ao bolso de milhões de contribuintes extorquir mais de 2 mil milhões de euros para poupar 7.411 grandes depositantes, incluindo 6.374 particulares?
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (13)
Outras avarias da geringonça.
Prossegue a marcha imparável da geringonça rumo ao socialismo, com medidas de «interesse nacional» - se não souber ou não perceber o racional de uma decisão do governo afinfe-lhe este rótulo.
A decisão do governo na Desconcertação Social em que impôs aos patrões o aumento do salário mínimo e deixou cair a redução da TSU que lhes tinha prometido mostra a mão pesada do governo em cima dos exploradores.
Na mesma linha, Costa fez saber aos capitalistas que compraram 61% da TAP que a coisa vai voltar para trás com ou sem acordo. Fez assim chegar aos investidores estrangeiros distraídos que porventura ainda quisessem aplicar algum dinheiro aqui no nosso Portugal dos Pequeninos uma mensagem: tenham juízo. E bem podem protestar como os mexicanos através do seu embaixador pela anulação da subconcessão do Metro Carris atribuída ao grupo ADO/Avanza que será transferida para o consórcio CGTP-PCP.
A actualização trimestral dos salários da função pública foi aprovada com os votos da esquerdalhada e do deputado dos animais. O PCP votou duas vezes: na proposta do PS e na sua própria. A actualização das pensões mostra bem as preocupações do PS com os pensionistas pobres, como se pode ver no sugestivo quadro roubado ao Insurgente:
No meio deste enlevo que une a trilogia PS-BE-PCP exalto o espírito religioso do segundo e terceiro membros o que votam a favor da reposição dos feriados do Corpo de Deus e do Dia de Todos os Santos «que a direira reaccionária e ultramontana tinha posto termo». Bem hajam.
Entretanto, discute-se no parlamento o orçamento rectificativo que terá voto contra já anunciado do PCP e provavelmente também do BE que exigiu nacionalizar o Novo Banco, entre outras condições. Como suplente a cobrir as baixas na equipa principal, espera-se que a oposição se abstenha ou vote a favor, o que constituirá uma aparição, não se sabe se pontual, de um novo engenho a adicionar à geringonça e ao zingarelho.
Registe-se a propósito do Banif, que Mário Centeno salientou justamente que o seu governo «fez em três semanas o que o anterior não fez em três anos»: salvou accionistas, obrigacionistas e grandes depositantes e fez os contribuintes pagar sem remissão uns milhares de milhões de euros, coisa estranha para um governo tão amigo dos pobres.
Quanto ao OE 2016, vai tudo em bom ritmo com apenas uns pormenores a resolver, como seja convencer a CE que existe dinheiro suficiente para estimular o consumo e manter as contas públicas controladas no médio e longo prazo.
Prossegue a marcha imparável da geringonça rumo ao socialismo, com medidas de «interesse nacional» - se não souber ou não perceber o racional de uma decisão do governo afinfe-lhe este rótulo.
A decisão do governo na Desconcertação Social em que impôs aos patrões o aumento do salário mínimo e deixou cair a redução da TSU que lhes tinha prometido mostra a mão pesada do governo em cima dos exploradores.
Na mesma linha, Costa fez saber aos capitalistas que compraram 61% da TAP que a coisa vai voltar para trás com ou sem acordo. Fez assim chegar aos investidores estrangeiros distraídos que porventura ainda quisessem aplicar algum dinheiro aqui no nosso Portugal dos Pequeninos uma mensagem: tenham juízo. E bem podem protestar como os mexicanos através do seu embaixador pela anulação da subconcessão do Metro Carris atribuída ao grupo ADO/Avanza que será transferida para o consórcio CGTP-PCP.
A actualização trimestral dos salários da função pública foi aprovada com os votos da esquerdalhada e do deputado dos animais. O PCP votou duas vezes: na proposta do PS e na sua própria. A actualização das pensões mostra bem as preocupações do PS com os pensionistas pobres, como se pode ver no sugestivo quadro roubado ao Insurgente:
No meio deste enlevo que une a trilogia PS-BE-PCP exalto o espírito religioso do segundo e terceiro membros o que votam a favor da reposição dos feriados do Corpo de Deus e do Dia de Todos os Santos «que a direira reaccionária e ultramontana tinha posto termo». Bem hajam.
Entretanto, discute-se no parlamento o orçamento rectificativo que terá voto contra já anunciado do PCP e provavelmente também do BE que exigiu nacionalizar o Novo Banco, entre outras condições. Como suplente a cobrir as baixas na equipa principal, espera-se que a oposição se abstenha ou vote a favor, o que constituirá uma aparição, não se sabe se pontual, de um novo engenho a adicionar à geringonça e ao zingarelho.
Registe-se a propósito do Banif, que Mário Centeno salientou justamente que o seu governo «fez em três semanas o que o anterior não fez em três anos»: salvou accionistas, obrigacionistas e grandes depositantes e fez os contribuintes pagar sem remissão uns milhares de milhões de euros, coisa estranha para um governo tão amigo dos pobres.
Quanto ao OE 2016, vai tudo em bom ritmo com apenas uns pormenores a resolver, como seja convencer a CE que existe dinheiro suficiente para estimular o consumo e manter as contas públicas controladas no médio e longo prazo.
22/12/2015
Manifestações de paranóia/esquizofrenia (14)
«Não há nenhum português nem portuguesa que acredite que o Presidente da República não estava a par desta situação. Toda a gente sabe que estava a par e o que fizeram foi carregar uma bomba relógio que saberiam que iria rebentar a qualquer momento, mas transferi-la para o Governo seguinte.»Disse Marisa Matias, candidata berloquista a Belém, a propósito do caso Banif. A mesma Senhora, dois meses antes acusava o governo PSD-CDS, com a cumplicidade de Cavaco Silva, de querer ficar a todo custo em S. Bento, obstruindo a ascensão da esquerdalhada ao poder, o que, segundo a explicação com que agora nos ilumina, teria como propósito masoquista conseguir que rebentasse nas mãos da PàF a bomba relógio.
Questão para os especialistas, como classificar os delírios da Senhora?
- «Esquizofrénico é alguém que perde a capacidade de pensar de uma forma lógica e, consequentemente, de comunicar e de se relacionar, passando a viver num mundo paralelo e sem as normas pelas quais se regem as pessoas ditas normais»
- Paranóia: «ocorrência de pensamentos delirantes, geralmente persecutórios, que levam o paciente a adoptar uma atitude de permanente desconfiança em relação aos que o rodeiam.»
SERVIÇO PÚBLICO: A Internacional da Indignação (6)
A praga do politicamente correcto que contamina as universidades americanas continua em expansão por esse mundo. Leia-se aqui o ponto de situação do Telegraph nas universidades inglesas onde o politicamente correcto «está a assassinar a liberdade de expressão». Alguns exemplos da paranóia:
- Oxford está a considerar a remoção de uma estátua de um seu aluno e benfeitor célebre – Cecil Rhodes – instalada à entrada de um edifício cuja construção fora por ele paga;
- Professores de várias universidades referem ter sido intimidados online por estudantes que não concordam com os seus pontos de vista;
- Nos últimos meses estudantes de várias universidades opuseram-se a conferências por pessoas ou com temas que alguns consideraram ofensivos;
- Em Setembro a universidade East Anglia (a mesma onde há alguns anos foram detectados estudos sobre o aquecimento global com dados manipulados) proibiu estudantes de usarem sombreros oferecidos por um restaurante mexicano porque uma associação de estudos considerou que tal seria racista;
- A universidade de Oxford cancelou um debate sobre o aborto porque estudantes reclamaram que seriam ofendidos pela presença no painel de «uma pessoa sem útero» - homem, no seu patuá pc;
- Estudantes da universidade de Cardiff tentaram banir a feminista alemã Germaine Greer por ter escrito que um homem castrado não se comporta como uma mulher o que seria ofensivo para os transexuais.
Por falar em «pessoa sem útero», nova entrada para o Glossário das Impertinências:
Homem (pc)
Uma pessoa sem útero, segundo patetas politicamente correctos de Oxford
Pro memoria (278) – A declaração mais biblicamente estúpida do ano
A pose |
O prémio Impertinências |
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Lunatismo,
perdoai-lhes porque eles não sabem o que dizem,
TAP
21/12/2015
Dúvidas (138) – Alguns factos, uma certeza e uma dúvida sobre o Banif
Alguns factos:
- Desde 2013 o governo PSD-CDS entrou com 700 milhões para o capital do Banif e ficou accionista de 60% e ainda fez um empréstimo de 125 milhões em obrigações CoCos;
- Desde então o governo PSD-CDS tentou vender sem sucesso o Banif;
- Pelo caminho a solução adoptada em 2014 para BES foi intensamente atacada pelo PS, BE e PCP;
- Há uma semana a TVI divulgou uma notícia falsa do próximo encerramento do Banif;
- Nos dias seguintes a cotação do Banif desce a praticamente zero;
- Uma semana depois o governo PS com apoio do BE e PCP negoceia num fim-de-semana a venda da parte boa do Banif ao Santander por 150 milhões, tendo o Estado de injectar 1,7 mil milhões e o Fundo de Resolução 500 milhões;
- Os 1,7 mil milhões de euros serão suportados pelos contribuintes;
- Dentro de 10 dias a Banking Resolution and Recovery Directive cujo propósito é a minimização dos prejuízos a serem suportados pelos Estados, ou seja pelos contribuintes, obrigaria à resolução do Banif em que seriam chamados a participar no bail-in os accionistas, os detentores de dívida subordinada e de dívida senior e os depositantes com mais de 100 mil euros.
- O governo PSD-CDS acolitado pelo BdeP andou a encanar a perna à rã e a empurrar a questão com a barriga para a frente, com um olho no calendário eleitoral, evitando os impactos nas contas de 2015.
- Qual o propósito de um governo PS apoiado por BE e PCP com tão grandes preocupações sociais ao dispor-se a fazer os contribuintes pagar 1,7 mil milhões em vez de esperar 10 dias e fazer os accionistas, os obrigacionistas e os grandes depositantes do Banif suportarem os prejuízos?
Aditamento:
É verdade que com a corrida ao Banif cada dia tornaria a solução mais difícil e mais cara, mas o que impediria adoptar a resolução prevista na directiva e aplicá-la já, poupando os contribuintes?
CASE STUDY: As previsões do marxismo-leninismo são comparáveis às profecias de Nostradamus (5)
Recapitulando: o culminar da impiedade com que a história trata o marxismo-leninismo é começo da inversão da relação de dominação. Hoje o capital das ex-colónias invade as antigas metrópoles. Para só citar dois exemplos de antigos impérios coloniais, além do clássico Estados Unidos–Inglaterra e do pedido de «ajuda» no auge da crise da UE à China: a Índia compra empresas britânicas em dificuldades e Angola e o Brasil fazem o mesmo com Portugal. Marx, Engels e Lenine revolvem-se nas respectivas tumbas e Mao Ze Dong prepara um Grande Salto no Além.
Acrescentemos ainda à contra-revolução as remessas dos imigrantes nos países imperialistas.
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20/12/2015
ACREDITE SE QUISER: Não amarás o teu próximo como a ti mesmo
Um dos argumentos utilitaristas na defesa das religiões é o de promoverem o amor pelo próximo e a generosidade. Jean Decety, um neurologista da Universidade de Chicago, publicou recentemente na Current Biology o paper «The Negative Association between Religiousness and Children’s Altruism across the World», um estudo da relação entre religião e altruísmo cujos resultados contradizem essa premissa. Eis o resumo:
Highlights
• Family religious identification decreases children’s altruistic behaviors
• Religiousness predicts parent-reported child sensitivity to injustices and empathy
• Children from religious households are harsher in their punitive tendencies
Summary
Prosocial behaviors are ubiquitous across societies. They emerge early in ontogeny [ 1 ] and are shaped by interactions between genes and culture [ 2, 3 ]. Over the course of middle childhood, sharing approaches equality in distribution [ 4 ]. Since 5.8 billion humans, representing 84% of the worldwide population, identify as religious [ 5 ], religion is arguably one prevalent facet of culture that influences the development and expression of prosociality. While it is generally accepted that religion contours people’s moral judgments and prosocial behavior, the relation between religiosity and morality is a contentious one. Here, we assessed altruism and third-party evaluation of scenarios depicting interpersonal harm in 1,170 children aged between 5 and 12 years in six countries (Canada, China, Jordan, Turkey, USA, and South Africa), the religiousness of their household, and parent-reported child empathy and sensitivity to justice. Across all countries, parents in religious households reported that their children expressed more empathy and sensitivity for justice in everyday life than non-religious parents. However, religiousness was inversely predictive of children’s altruism and positively correlated with their punitive tendencies. Together these results reveal the similarity across countries in how religion negatively influences children’s altruism, challenging the view that religiosity facilitates prosocial behavior.
Highlights
• Family religious identification decreases children’s altruistic behaviors
• Religiousness predicts parent-reported child sensitivity to injustices and empathy
• Children from religious households are harsher in their punitive tendencies
Summary
Prosocial behaviors are ubiquitous across societies. They emerge early in ontogeny [ 1 ] and are shaped by interactions between genes and culture [ 2, 3 ]. Over the course of middle childhood, sharing approaches equality in distribution [ 4 ]. Since 5.8 billion humans, representing 84% of the worldwide population, identify as religious [ 5 ], religion is arguably one prevalent facet of culture that influences the development and expression of prosociality. While it is generally accepted that religion contours people’s moral judgments and prosocial behavior, the relation between religiosity and morality is a contentious one. Here, we assessed altruism and third-party evaluation of scenarios depicting interpersonal harm in 1,170 children aged between 5 and 12 years in six countries (Canada, China, Jordan, Turkey, USA, and South Africa), the religiousness of their household, and parent-reported child empathy and sensitivity to justice. Across all countries, parents in religious households reported that their children expressed more empathy and sensitivity for justice in everyday life than non-religious parents. However, religiousness was inversely predictive of children’s altruism and positively correlated with their punitive tendencies. Together these results reveal the similarity across countries in how religion negatively influences children’s altruism, challenging the view that religiosity facilitates prosocial behavior.
Dúvidas (137) - Costa com «obra feita» em Lisboa. Amanhã em Portugal? (12)
Outras obras feitas de Costa
«A rede da agência de empregos no município» montada por Costa e descrita por Vítor Matos em «Os predadores»:
«A rede da agência de empregos no município» montada por Costa e descrita por Vítor Matos em «Os predadores»:
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é muito para um homem só,
pela boca morre o peixe
19/12/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Here we go again (10)
Duas notícias aparentemente não relacionadas que são exemplos de como voltámos a caminhar decididamente para afundar o país. Concedo que nos últimos quatro anos não abandonámos esse caminho – apenas o continuámos com menos convicção e um polícia por perto.
Primeira notícia: em menos de um mês os dois maiores armadores mundiais de porta-contentores (Maersk e Hapag-Lloyd) anunciaram que deixariam de usar o porto de Lisboa devido à frequência e duração das greves. Para já passarão a utilizar a apenas o porto de Leixões, até ver. Sabendo-se como é crucial aumentar o volume de exportações – agora ainda mais com as políticas de incentivo ao consumo da geringonça – são más notícias.
Segunda notícia: «Os imigrantes a viver no nosso país são mais empreendedores do que os portugueses, mostram as estatísticas. Produzem riqueza, criam emprego e contribuem para a Segurança Social. Conheça os números (e as histórias) que fazem o preconceito corar de vergonha».
Primeira notícia: em menos de um mês os dois maiores armadores mundiais de porta-contentores (Maersk e Hapag-Lloyd) anunciaram que deixariam de usar o porto de Lisboa devido à frequência e duração das greves. Para já passarão a utilizar a apenas o porto de Leixões, até ver. Sabendo-se como é crucial aumentar o volume de exportações – agora ainda mais com as políticas de incentivo ao consumo da geringonça – são más notícias.
Segunda notícia: «Os imigrantes a viver no nosso país são mais empreendedores do que os portugueses, mostram as estatísticas. Produzem riqueza, criam emprego e contribuem para a Segurança Social. Conheça os números (e as histórias) que fazem o preconceito corar de vergonha».
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (26) – Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo. Se for um psicopata leva um pouco mais de tempo (2)
Continuação de (1)
«Palavra a José Sócrates (TVI): "Quando fui estudar para Paris, ·a primeira decisão que tomei foi pedir um empréstimo à Caixa · Geral de Depósitos de 120 mil euros. Em 2012, a minha mãe vendeu o seu apartamento [no prédio Heron Castilho], deu-me a parte que me devia dar [N.R.: 75% de 600.000 euros, o que totaliza 450.000 euros] e isso deu-me para viver até ao final de 20l2. Entre o momento que saí do Governo até ao final de 2012, essas foram as minhas fontes de rendimento? Basicamente, a doação da casa da minha mãe."
Palavra a José Sócrates (Expresso, 19 de Outubro de 2013): "Quando perdi as eleições (em Junho de 2011], telefonei à minha gerente de conta e pedi um empréstimo ao banco de 120 mil euros. Um ano sem nenhuma responsabilidade e levando um filho comigo. Gastei o dinheiro todo. Assim fui para Paris, em vez de, mais uma vez, pedir dinheiro emprestado à minha mãe."
Palavra a José Sócrates (TVI): ''A partir de 2013 comecei a trabalhar e comecei a ganhar dinheiro [N.R.: No início de 2013, Sócrates assinou um contrato de 12.500 euros mensais com a Octapharma, a que se seguiu um segundo contrato de 12.500 euros em Maio de 2014], e ganhava razoavelmente. Mas a verdade é que em 2013, porque o meu filho mais novo ainda estava em Paris e eu estava em Lisboa, as minhas despesas cresceram muito, e por isso, em 2013, apesar de já estar a trabalhar, recorri a empréstimos do meu amigo Carlos Santos Silva. Ele emprestou-me dinheiro durante cerca de um ano, até porque quando fui detido, em Novembro [de 2014], eu já ganhava·25.000 euros por mês e tinha a expectativa de poder pagar tudo o que lhe devia e rapidamente."
Palavra à matemática: José Sócrates afirmou há dois dias na TVI - foi ele quem o disse, não eu, nem o Ministério Público, nem o Correio da Manhã - que em ano e meio, entre Junho.de 2011 e o final de 2012, gastou 120.000 euros do empréstimo da CGD e 450.000 euros do dinheiro da casa da mãe, o que totaliza 570.060 euros em 18 meses. José Sócrates afirmou também que só em 2014 tinha pedido três empréstimos à Caixa Geral de Depósitos, o que credibiliza as notícias que indicam que até à sua prisão ele contraiu mais quatro empréstimos, de 25.000, 75.000, 40.000 e 30.000 euros (total: 170.000 euros). A isso se somam pelo menos 250.000 euros ("As contas ainda não estão completamente saldadas", afirmou) emprestados por Carlos Santos Silva, até à data da sua prisão. Contas feitas, estamos a falar de 1 milhão de euros em pouco mais de três anos. Cerca de 25.000 euros por mês.
Para que fique bem claro: na entrevista à TVI, José Sócrates apresentou-se como um ex-primeiro-ministro sem rendimentos, que à custa de empréstimos, mãe e amigo gastou 1.000.000 euros para tirar um mestrado em Paris. Sócrates entende que isto não é “vida faustosa". "Onde é que está o luxo?", perguntou. Digamos que para quem está alegadamente falido, o seu conceito de luxo é muito original. Contudo, a questão não está no luxo - está no facto de.a frase "tinha a expectativa de poder pagar tudo o que devia [a Santos Silva] e rapidamente" ser uma mentira descarada. Mesmo a receber 25.000 euros (brutos) por mês, ele jamais conseguiria pagar rapidamente aquilo que devia com o nível de vida que levava, até porque, como disse, se não tivesse sido preso, continuaria em Paris para tirar o doutoramento. Não é só o mundo inteiro que está contra Sócrates. É o mundo inteiro, a lógica e a matemática.»
Retrato de Sócrates pelo próprio, João Miguel Tavares no Público
Francamente não me parece nada estranho Sócrates ser um mentiroso compulsivo – tive dez anos para me habituar. Também não estranho a solidariedade dos correligionários e cúmplices e dos centos de abrunhos que o visitaram em Évora. Já me suscita mais estranheza a falta de inteligência com que Sócrates gere as suas mentiras, sendo certo que ser um mentiroso bem-sucedido requer uma excelente memória, uma inteligência acima da média e, claro, uma grande ousadia. Talvez estejamos, uma vez mais, perante mais um trilema.
Ainda mais estranheza me causa a lengalenga da presunção de inocência com que luminárias como Miguel Sousa Tavares e Clara Ferreira Alves vêm justificando o seu branqueamento do animal feroz.
«Palavra a José Sócrates (TVI): "Quando fui estudar para Paris, ·a primeira decisão que tomei foi pedir um empréstimo à Caixa · Geral de Depósitos de 120 mil euros. Em 2012, a minha mãe vendeu o seu apartamento [no prédio Heron Castilho], deu-me a parte que me devia dar [N.R.: 75% de 600.000 euros, o que totaliza 450.000 euros] e isso deu-me para viver até ao final de 20l2. Entre o momento que saí do Governo até ao final de 2012, essas foram as minhas fontes de rendimento? Basicamente, a doação da casa da minha mãe."
Palavra a José Sócrates (Expresso, 19 de Outubro de 2013): "Quando perdi as eleições (em Junho de 2011], telefonei à minha gerente de conta e pedi um empréstimo ao banco de 120 mil euros. Um ano sem nenhuma responsabilidade e levando um filho comigo. Gastei o dinheiro todo. Assim fui para Paris, em vez de, mais uma vez, pedir dinheiro emprestado à minha mãe."
Palavra a José Sócrates (TVI): ''A partir de 2013 comecei a trabalhar e comecei a ganhar dinheiro [N.R.: No início de 2013, Sócrates assinou um contrato de 12.500 euros mensais com a Octapharma, a que se seguiu um segundo contrato de 12.500 euros em Maio de 2014], e ganhava razoavelmente. Mas a verdade é que em 2013, porque o meu filho mais novo ainda estava em Paris e eu estava em Lisboa, as minhas despesas cresceram muito, e por isso, em 2013, apesar de já estar a trabalhar, recorri a empréstimos do meu amigo Carlos Santos Silva. Ele emprestou-me dinheiro durante cerca de um ano, até porque quando fui detido, em Novembro [de 2014], eu já ganhava·25.000 euros por mês e tinha a expectativa de poder pagar tudo o que lhe devia e rapidamente."
Palavra à matemática: José Sócrates afirmou há dois dias na TVI - foi ele quem o disse, não eu, nem o Ministério Público, nem o Correio da Manhã - que em ano e meio, entre Junho.de 2011 e o final de 2012, gastou 120.000 euros do empréstimo da CGD e 450.000 euros do dinheiro da casa da mãe, o que totaliza 570.060 euros em 18 meses. José Sócrates afirmou também que só em 2014 tinha pedido três empréstimos à Caixa Geral de Depósitos, o que credibiliza as notícias que indicam que até à sua prisão ele contraiu mais quatro empréstimos, de 25.000, 75.000, 40.000 e 30.000 euros (total: 170.000 euros). A isso se somam pelo menos 250.000 euros ("As contas ainda não estão completamente saldadas", afirmou) emprestados por Carlos Santos Silva, até à data da sua prisão. Contas feitas, estamos a falar de 1 milhão de euros em pouco mais de três anos. Cerca de 25.000 euros por mês.
Para que fique bem claro: na entrevista à TVI, José Sócrates apresentou-se como um ex-primeiro-ministro sem rendimentos, que à custa de empréstimos, mãe e amigo gastou 1.000.000 euros para tirar um mestrado em Paris. Sócrates entende que isto não é “vida faustosa". "Onde é que está o luxo?", perguntou. Digamos que para quem está alegadamente falido, o seu conceito de luxo é muito original. Contudo, a questão não está no luxo - está no facto de.a frase "tinha a expectativa de poder pagar tudo o que devia [a Santos Silva] e rapidamente" ser uma mentira descarada. Mesmo a receber 25.000 euros (brutos) por mês, ele jamais conseguiria pagar rapidamente aquilo que devia com o nível de vida que levava, até porque, como disse, se não tivesse sido preso, continuaria em Paris para tirar o doutoramento. Não é só o mundo inteiro que está contra Sócrates. É o mundo inteiro, a lógica e a matemática.»
Retrato de Sócrates pelo próprio, João Miguel Tavares no Público
Francamente não me parece nada estranho Sócrates ser um mentiroso compulsivo – tive dez anos para me habituar. Também não estranho a solidariedade dos correligionários e cúmplices e dos centos de abrunhos que o visitaram em Évora. Já me suscita mais estranheza a falta de inteligência com que Sócrates gere as suas mentiras, sendo certo que ser um mentiroso bem-sucedido requer uma excelente memória, uma inteligência acima da média e, claro, uma grande ousadia. Talvez estejamos, uma vez mais, perante mais um trilema.
Ainda mais estranheza me causa a lengalenga da presunção de inocência com que luminárias como Miguel Sousa Tavares e Clara Ferreira Alves vêm justificando o seu branqueamento do animal feroz.
18/12/2015
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (55) – Almas gémeas ou «irmãos de outra mãe»
Não é nada surpreendente a comunhão entre o czar Vladimiro e o Donaldo. O primeiro cumprimento partiu de Trump numa entrevista à CNN onde confessou que «provavelmente se entenderia muito bem» com Putin.
Ontem Putin retribuiu o cumprimento segundo a Tass reconhecendo Trump como «o líder absoluto da corrida presidencial» e classificando-o com «uma personalidade marcante e talentosa».
Trampatine, «Brothers from another mother» visto por Mashable |
ESTADO DE SÍTIO: Uma democracia asmática
Deve haver algo profundamente errado na democracia portuguesa. Se tudo correr conforme previsto, e certamente tudo correrá, iremos encontrar no Conselho de Estado, um órgão político da Constituição da República Portuguesa, usando as palavras roubadas a Henrique Monteiro, «um ex-ministro do Ultramar de Salazar que assinou o decreto de reabertura do campo da morte do Tarrafal» (Adriano Moreira) e «um funcionário do PCP desde 1956 – que assistiu publicamente calado às repressões da Hungria e da Checoslováquia, à invasão do Afeganistão, a toda as purgas e crimes que se fizeram até à queda do muro de Berlim, mantendo a ortodoxia mais pura» (Domingos Abrantes, membro do Comité Central do PCP).
Como se fosse pouco, ainda iremos encontrar Francisco Louça, um trotskista dirigente da Liga Comunista Internacionalista e fundador do Bloco de Esquerda, inimigo da democracia «burguesa» e da integração na Europa «do capital», agora travestido de adepto de «causas fracturantes».
Como se fosse pouco, ainda iremos encontrar Francisco Louça, um trotskista dirigente da Liga Comunista Internacionalista e fundador do Bloco de Esquerda, inimigo da democracia «burguesa» e da integração na Europa «do capital», agora travestido de adepto de «causas fracturantes».
17/12/2015
DIÁRIO DE BORDO: A natureza das coisas
De um leitor e comentador regular recebemos há dias um email tão surpreendentemente simpático e amigável que não resistimos a publicá-lo:
«De propósito... de propósito venho maçá-los com a natureza das coisas.
Desde há 18 anos nestas voltas da internet e dos BLOGS, começo a aperceber-me da Censura, desde:
Não tem de quê. Nós é que agradecemos.
Post scriptum:
Alguns outros leitores regulares se identificaram com esta mensagem. Obrigado a todos a quem importunamos com as nossas impertinências e ainda nos agradecem. Na verdade, devemos gratidão até aos que têm a paciência de nos ler e simplesmente não se queixam.
«De propósito... de propósito venho maçá-los com a natureza das coisas.
Desde há 18 anos nestas voltas da internet e dos BLOGS, começo a aperceber-me da Censura, desde:
- excluírem os meus comentários;
- apagarem os comentários que não lhes agradam;
- fazerem leituras idiotas, porque facciosas, dos comentários;
- total ausência de humor e de sentido de humor.
- apresentação delicada e límpida - para quem não pesca nada de economia, nem de finanças;
- o bom humor, sempre presente;
- a riqueza e o humor do imperdível Glossário;
- aquilo que não parece bem usar — a boa educação.
Não tem de quê. Nós é que agradecemos.
Post scriptum:
Alguns outros leitores regulares se identificaram com esta mensagem. Obrigado a todos a quem importunamos com as nossas impertinências e ainda nos agradecem. Na verdade, devemos gratidão até aos que têm a paciência de nos ler e simplesmente não se queixam.
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Les bons esprits se rencontrent
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (12)
Outras avarias da geringonça.
O aumento do salário mínimo tem sido um terreno fértil para cavar as fundações da geringonça e cultivar equívocos. Um dos melhores foi do Público que titulou «Subida do salário mínimo custará no máximo 0,16% às empresas», sem perceber que esse máximo não é o máximo, é uma média do aumento de custos com salários em que entram desde serviços financeiros, onde o salário mais baixo é um múltiplo do salário mínimo, à profusão de micro empresas, em que o salário médio é praticamente igual ao salário mínimo.
No meio do nevoeiro conceptual e factual a poucos ocorre que o actual salário mínimo português é já 80% da média da EU28, muito superior ao salário médio que não passa de 57% da média EU28. De onde inevitavelmente o aumento do primeiro terá como consequência a redução do segundo porque as empresas terão de baixar custos noutros salários.
E ainda a menos ocorre que do aumento do salário mínimo ao nível que já se encontra e na situação actual da economia resultará desemprego, como o ministro das Finanças concluiu nos seus papers publicados antes de começar a ler os papéis que Costa lhe meteu nas mãos, e, na falta de inflação que o velho Escudo proporcionava, resultará aumento dos preços dos bens e serviços não transaccionáveis ou, dito de outro modo, a redução do poder de compra dos restantes salários e aumento das importações de bens transaccionáveis. O que não resultará de certeza é o crescimento real da economia porque a produtividade dos cerca de meio milhão de trabalhadores que receberão o salário mínimo de 530 euros fica na mesma.
[Ver aqui e aqui dois posts do Insurgente particularmente elucidativos sobre o salário mínimo]
Quanto às fundações da geringonça, sendo natural e previsível que comecem a estar abaladas pelas diferenças entre as várias secções, já não é tão previsível que até no governo o coro se desafina a propósito do aumento do salário mínimo entre o ministro e o secretário de Estado.
Entretanto, pela mão da geringonça, prossegue «a tomada do poder pelas corporações que vivem do Estado» como é visível nas razões mal-amanhadas para justificar a desconvocação da greve dos transportes, como aqui escalpeliza Helena Matos.
Quanto à redução da sobretaxa do IRS foi mais um exemplo de incumprimento das promessas (Costa dizia, ainda há poucos meses, era para acabar), de demagogia e mentira (ao dizerem que os rendimentos até 7 mil euros ficam isentos de uma sobretaxa que nunca pagaram), de fantochadas (como a do PCP que apresenta uma proposta alternativa e vota também a proposta do governo), de golpes encapotados (o aumento da progressividade do IRS por via a progressividade da sobretaxa e pela inevitável alteração à socapa dos escalões para manter a receita).
Sobre a educação preparai-vos para o pior. O apparatchik comunista que controla a Fenprof disse à saída de uma reunião com o ministro da Educação: «saímos com expectativas não frustradas e até reforçadas». Traduzido em português corrente, isso significa que o apparatchik ficou com fundadas esperança que os comunistas reforçarão o seu controlo sobre a educação em Portugal que ele pensa deve servir o PCP, em primeiro lugar, e a corporação dos professores, em segundo.
O aumento do salário mínimo tem sido um terreno fértil para cavar as fundações da geringonça e cultivar equívocos. Um dos melhores foi do Público que titulou «Subida do salário mínimo custará no máximo 0,16% às empresas», sem perceber que esse máximo não é o máximo, é uma média do aumento de custos com salários em que entram desde serviços financeiros, onde o salário mais baixo é um múltiplo do salário mínimo, à profusão de micro empresas, em que o salário médio é praticamente igual ao salário mínimo.
No meio do nevoeiro conceptual e factual a poucos ocorre que o actual salário mínimo português é já 80% da média da EU28, muito superior ao salário médio que não passa de 57% da média EU28. De onde inevitavelmente o aumento do primeiro terá como consequência a redução do segundo porque as empresas terão de baixar custos noutros salários.
E ainda a menos ocorre que do aumento do salário mínimo ao nível que já se encontra e na situação actual da economia resultará desemprego, como o ministro das Finanças concluiu nos seus papers publicados antes de começar a ler os papéis que Costa lhe meteu nas mãos, e, na falta de inflação que o velho Escudo proporcionava, resultará aumento dos preços dos bens e serviços não transaccionáveis ou, dito de outro modo, a redução do poder de compra dos restantes salários e aumento das importações de bens transaccionáveis. O que não resultará de certeza é o crescimento real da economia porque a produtividade dos cerca de meio milhão de trabalhadores que receberão o salário mínimo de 530 euros fica na mesma.
[Ver aqui e aqui dois posts do Insurgente particularmente elucidativos sobre o salário mínimo]
Quanto às fundações da geringonça, sendo natural e previsível que comecem a estar abaladas pelas diferenças entre as várias secções, já não é tão previsível que até no governo o coro se desafina a propósito do aumento do salário mínimo entre o ministro e o secretário de Estado.
Entretanto, pela mão da geringonça, prossegue «a tomada do poder pelas corporações que vivem do Estado» como é visível nas razões mal-amanhadas para justificar a desconvocação da greve dos transportes, como aqui escalpeliza Helena Matos.
Quanto à redução da sobretaxa do IRS foi mais um exemplo de incumprimento das promessas (Costa dizia, ainda há poucos meses, era para acabar), de demagogia e mentira (ao dizerem que os rendimentos até 7 mil euros ficam isentos de uma sobretaxa que nunca pagaram), de fantochadas (como a do PCP que apresenta uma proposta alternativa e vota também a proposta do governo), de golpes encapotados (o aumento da progressividade do IRS por via a progressividade da sobretaxa e pela inevitável alteração à socapa dos escalões para manter a receita).
Sobre a educação preparai-vos para o pior. O apparatchik comunista que controla a Fenprof disse à saída de uma reunião com o ministro da Educação: «saímos com expectativas não frustradas e até reforçadas». Traduzido em português corrente, isso significa que o apparatchik ficou com fundadas esperança que os comunistas reforçarão o seu controlo sobre a educação em Portugal que ele pensa deve servir o PCP, em primeiro lugar, e a corporação dos professores, em segundo.
16/12/2015
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: «Internet soberana» segundo os inimigos da liberdade
Por estes dias, duas mil criaturas, metade chinesas e outra metade de outros países igualmente democráticos, como Rússia, Paquistão, Cazaquistão, Quirguistão e Tajiquistão vão conferenciar em Wuzhen sobre a «soberania da internet» ou seja, para usar as palavras do Economist Expresso, «a web made up of sovereign fiefs, gagged by official censors». Estarão presentes os patrões da Alibaba e Baidu que aceitaram a auto-censura como preço de fazerem negócio. Também estarão presentes Bloomberg, Cisco e Qualcomm que se esperem reverenciem as autoridades. «Information weapons» hostis como o New York Times foram advertidos para não comparecerem.
ACREDITE SE QUISER: Não lhe perguntaram se queria ser preso
«Fui preso e foi uma decisão unilateral da justiça», José Sócrates no seu tempo de antena, 2.ª feira na TVI (lido no Insurgente).
NÓS VISTOS POR ELES: Por que insistem em convidá-lo?
No auge da «austeridade», por voltas de Fevereiro de 2012, luminárias académicas socialistas e outras resolveram doutorar honoris causa triplamente Paul Krugman, o prémio Nobel da Economia que já foi economista no passado e hoje é um comentador do NYT. Fizeram-no na esperança de que o laureado se juntasse ao exército de pensadores, que hoje estão no governo ou o apoiam, e já então propugnavam aquela receita mágica para sair da crise aumentando o consumo, receita que vinha sendo administrada desde há décadas e fora interrompida quando acabou o dinheiro e chegou a troika.
Inesperadamente para as luminárias, Krugman disse então que «o caminho de Portugal é longo e doloroso», «Portugal tem de descer os salários em relação ao core da zona euro» e pior de tudo disse, arrumando o assunto do governo de Passos Coelho:
Ora foi o mesmo Krugman que voltou novamente a Lisboa numa homenagem a Silva Lopes, com quem estagiara no BdeP nos idos de 1975, e, uma vez mais, cuspiu na mão que o convidou e disse, outra vez, coisas que contradizem a vulgata da esquerdalhada e não era para serem ditas. Tais como:o aumento do salário mínimo em Portugal é «problemático» (toda a gerigonça se deve ter ouriçado) dada a baixa produtividade, que, ao contrário da Grécia, o país não ficou numa «situação tão desesperada» (idem, o gajo vendeu-se ao governo anterior, terão pensado), que «nunca iria sugerir que Portugal saísse do euro» (os camaradas Jerónimo e Catarina devem ter-se arrepiado) e, cúmulo do desaforo, que «o novo Governo não pode fazer muito diferente do anterior» e «deve focar-se no investimento».
Moral da estória: se a criatura tivesse sido convidada pelos «neoliberais» a coisa não poderia ter sido pior.
Porque insistem em convidá-lo? Ora, porque não são como os Bourbons, que nada aprendiam e nada esqueciam. Eles nada aprendem e tudo esquecem.
(Fontes: em casa aqui, aqui, aqui e aqui; lá fora aqui e aqui)
Inesperadamente para as luminárias, Krugman disse então que «o caminho de Portugal é longo e doloroso», «Portugal tem de descer os salários em relação ao core da zona euro» e pior de tudo disse, arrumando o assunto do governo de Passos Coelho:
«Eu realmente tenho dificuldade em dar conselho ao Governo português. Aliás, detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito agora.»A coisa foi tão decepcionante que o Dr. Soares, traduzindo em palavras o sentimento geral da esquerda, lamentou «Paul Krugman foi uma decepção... Quando o oportunismo dos académicos os leva a contradições, a sua honorabilidade desce... É dos livros!»
Ora foi o mesmo Krugman que voltou novamente a Lisboa numa homenagem a Silva Lopes, com quem estagiara no BdeP nos idos de 1975, e, uma vez mais, cuspiu na mão que o convidou e disse, outra vez, coisas que contradizem a vulgata da esquerdalhada e não era para serem ditas. Tais como:o aumento do salário mínimo em Portugal é «problemático» (toda a gerigonça se deve ter ouriçado) dada a baixa produtividade, que, ao contrário da Grécia, o país não ficou numa «situação tão desesperada» (idem, o gajo vendeu-se ao governo anterior, terão pensado), que «nunca iria sugerir que Portugal saísse do euro» (os camaradas Jerónimo e Catarina devem ter-se arrepiado) e, cúmulo do desaforo, que «o novo Governo não pode fazer muito diferente do anterior» e «deve focar-se no investimento».
Moral da estória: se a criatura tivesse sido convidada pelos «neoliberais» a coisa não poderia ter sido pior.
Porque insistem em convidá-lo? Ora, porque não são como os Bourbons, que nada aprendiam e nada esqueciam. Eles nada aprendem e tudo esquecem.
(Fontes: em casa aqui, aqui, aqui e aqui; lá fora aqui e aqui)
15/12/2015
Dúvidas (136) - Se Passos fosse neoliberal, Costa seria comunista?
«Se a entrevista (Público de sábado passado) mostra um Passos surpreendentemente pacificado, não é apenas por ele ser pouco dado a paixões da alma. É porque percebeu que a narrativa de Costa favorece a sua própria narrativa. E que se ele conseguir aguentar-se na liderança do PSD, tem à sua frente mais uma década na alta roda da política portuguesa, como porta-voz dos que querem menos Estado e melhor Estado. Não porque Passos tenha realmente posto esse discurso em prática, mas porque neste estranho país aconteceu esta coisa extraordinária: a esquerda deu como cumpridas as promessas que ele incumpriu e retrata-o como o liberal que prometeu ser mas não foi. Tivesse Passos sido reeleito, e a sua vida como primeiro-ministro estaria acabada em 2019. Neste momento, se aproveitar o período de pousio para regressar viçoso, tem boas hipóteses de estar em São Bento em 2025. Não acredito que António Costa tenha feito um favor ao país. Mas é bem possível que tenha feito um favor a Passos Coelho.»
E se Passos tiver tido sorte?, João Miguel Tavares no Público
E se Passos tiver tido sorte?, João Miguel Tavares no Público
SERVIÇO PÚBLICO: NOS, há mais neles. Uma Volkswagen no acesso à internet
Se a VW fintou os controlos das emissões de óxido de azoto, a NOS finta os controlos das velocidades de acesso à Internet. Comparem-se os resultados dos seus próprios testes, nomeadamente o upload, com os do Net.med da Anacom e os do Speedtest da OOKLA realizados há algum tempo com intervalo de minutos e no mesmo endereço IP.
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Manifestações de paranóia/esquizofrenia (13)
«Esquizofrénico é alguém que perde a capacidade de pensar de uma forma lógica e, consequentemente, de comunicar e de se relacionar, passando a viver num mundo paralelo e sem as normas pelas quais se regem as pessoas ditas normais».Esquizofrénica é como classificaria a arquitecta Rafi e o jornalista do Público que a ouviu sobre a morte de três grafiteiros no colhidos por um comboio do apeadeiro de Águas Santas:
«Rafi, arquitecta, writer e proprietária de uma loja do Porto de material para graffiters , que explicou o silêncio em que se têm fechado os artistas urbanos do Porto com a “enorme revolta” que sentem. Em declarações ao PÚBLICO, Rafi defendeu que os funcionários da CP deviam receber formação para lidar com situações do género e que na segunda-feira deviam ter chamado a polícia.» (Lido no Blasfémias)
14/12/2015
Títulos inspirados (51) – «Extrema-direita derrotada em França»
Fonte |
Dúvidas (135) – Terão os comunistas engolido a anaconda?
No dia 20 de Novembro, sem grande alarido, o parlamento aprovou (o site do parlamento não informa o resultado da votação) uma resolução sobre as «Orientações fundamentais da Política Externa portuguesa» incluindo as seguintes:
«- Reafirmar que Portugal continuará a participar ativamente, com os nossos parceiros, nos desenvolvimentos de natureza institucional da União Europeia, nomeadamente no processo de consolidação orçamental e de aprofundamento da União Económica e Monetária, incluindo a União Bancária, no reforço das políticas de emprego e de competitividade da economia europeia no Mundo.
- Assumir que Portugal, como membro permanente da NATO, de que é fundador, manterá o seu empenhamento nesta organização, continuando a promover as políticas de defesa e segurança coletiva, no contexto dos nossos riscos geoestratégicos, em colaboração com os governos dos Estados membros, mormente na preservação da sua segurança territorial e do espaço atlântico, bem como na identificação e combate às ameaças terroristas internacionais e na prevenção e resolução negociada dos conflitos.
- Reforçar que Portugal irá fortalecer o laço transatlântico na sua dimensão bilateral com os Estados Unidos da América, nomeadamente o acompanhamento da parceria transatlântica de comércio e investimento, em particular no que se refere à conclusão do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (APT), mais conhecido como TTIP, atualmente em negociação entre a União Europeia e os Estados Unidos da América, defendendo o interesse nacional e europeu.»
«- Reafirmar que Portugal continuará a participar ativamente, com os nossos parceiros, nos desenvolvimentos de natureza institucional da União Europeia, nomeadamente no processo de consolidação orçamental e de aprofundamento da União Económica e Monetária, incluindo a União Bancária, no reforço das políticas de emprego e de competitividade da economia europeia no Mundo.
- Assumir que Portugal, como membro permanente da NATO, de que é fundador, manterá o seu empenhamento nesta organização, continuando a promover as políticas de defesa e segurança coletiva, no contexto dos nossos riscos geoestratégicos, em colaboração com os governos dos Estados membros, mormente na preservação da sua segurança territorial e do espaço atlântico, bem como na identificação e combate às ameaças terroristas internacionais e na prevenção e resolução negociada dos conflitos.
- Reforçar que Portugal irá fortalecer o laço transatlântico na sua dimensão bilateral com os Estados Unidos da América, nomeadamente o acompanhamento da parceria transatlântica de comércio e investimento, em particular no que se refere à conclusão do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (APT), mais conhecido como TTIP, atualmente em negociação entre a União Europeia e os Estados Unidos da América, defendendo o interesse nacional e europeu.»
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ESTADO DE SÍTIO: Habituem-se (2) – o Zingarelho
Continuação de (1)
Segundo a imprensa especializada (Expresso), parece ter sido descoberta uma nova geometria não euclidiana da geringonça que tem virtualidades de lhe prolongar a vida por mais algum tempo. Trata-se da versão animal do queijo limiano combinada com uma versão vegetal nunca antes experimentada.
Comecemos pela versão vegetal que assentará no Partido Os Verdes (PEV) – para quem não saiba, trata-se de uma célula de legumes do PCP, inventada para que o amor do PCP pelas Frentes se realizasse, célula que até hoje nunca foi a eleições nem nunca se distinguiu dos seus hospedeiros. Segundo a teoria de uma nova configuração da geringonça, nos casos em que não convier ao PCP votar com a secção socialista, o PCP abster-se-á e o PEV votará a favor, confirmando os camaradas genuínos do PCP como gente de uma só cara que não se confunde com as esganiçadas do BE, sempre a olharem-se no espelho dos mídia.
Porém, sem os 15 votos do PCP os 107 votos da geringonça não são suficientes para aprovar uma proposta contra os 107 do PSD + CDS. É aqui que entra o deputado único do Partido-Animais-Natureza (PAN) a desempenhar o papel do deputado Daniel Rocha do CDS que, a troco da manutenção da fábrica do queijo limiano na terra dele, aprovou todas as medidas do governo de Guterres proporcionando-lhe assim a maioria. Em troca de quê fará o deputado do PAN de deputado do queijo limiano? Por exemplo do «fim dos canis de abate».
Chegamos assim a uma nova e insuspeitada versão da geringonça. Como quase tudo na vida, a sua existência dependerá de ter um nome e alguém vai ter de a baptizar. Se for eu o padrinho, chamar-se-á zingarelho.
Segundo a imprensa especializada (Expresso), parece ter sido descoberta uma nova geometria não euclidiana da geringonça que tem virtualidades de lhe prolongar a vida por mais algum tempo. Trata-se da versão animal do queijo limiano combinada com uma versão vegetal nunca antes experimentada.
Comecemos pela versão vegetal que assentará no Partido Os Verdes (PEV) – para quem não saiba, trata-se de uma célula de legumes do PCP, inventada para que o amor do PCP pelas Frentes se realizasse, célula que até hoje nunca foi a eleições nem nunca se distinguiu dos seus hospedeiros. Segundo a teoria de uma nova configuração da geringonça, nos casos em que não convier ao PCP votar com a secção socialista, o PCP abster-se-á e o PEV votará a favor, confirmando os camaradas genuínos do PCP como gente de uma só cara que não se confunde com as esganiçadas do BE, sempre a olharem-se no espelho dos mídia.
Porém, sem os 15 votos do PCP os 107 votos da geringonça não são suficientes para aprovar uma proposta contra os 107 do PSD + CDS. É aqui que entra o deputado único do Partido-Animais-Natureza (PAN) a desempenhar o papel do deputado Daniel Rocha do CDS que, a troco da manutenção da fábrica do queijo limiano na terra dele, aprovou todas as medidas do governo de Guterres proporcionando-lhe assim a maioria. Em troca de quê fará o deputado do PAN de deputado do queijo limiano? Por exemplo do «fim dos canis de abate».
O zingarelho |
13/12/2015
Mitos (216) - O contrário do dogma do aquecimento global (X)
Continuação de (I), (II), (III), (IV), (V), (VI), (VII), (VIII) e (IX).
Que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo que cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico onde predomina a racionalidade para o campo ideológico e inevitavelmente político onde predomina a crença.
Quando analisamos as clivagens políticas esquerda-direita ou, mais rigorosamente, estatismo-liberalismo, verificamos que os crentes do aquecimento global por intervenção humana na sua esmagadora maioria rejeitam uma visão liberal das sociedades humanas e, por consequência, rejeitam o capitalismo e a democracia liberal e defendem o reforço do papel do Estado na economia e na sociedade em nome de uma utopia anónima - as utopias com nome nas últimas décadas ficaram com mau nome.
Tudo isto é razoavelmente evidente a qualquer observador atento, mas até recentemente não tinha conhecimento de um propósito confessado e de uma agenda assumida de «mudança do modelo económico de desenvolvimento que tem reinado desde pelo menos há 150 anos», isto é do capitalismo, por parte dos adeptos do «global warming man-made». Até que li o que disse Christiana Figueres, secretária executiva da UN Framework Convention on Climate Change numa conferência de imprensa em Bruxelas a 3 de Fevereiro:
Que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo que cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico onde predomina a racionalidade para o campo ideológico e inevitavelmente político onde predomina a crença.
Quando analisamos as clivagens políticas esquerda-direita ou, mais rigorosamente, estatismo-liberalismo, verificamos que os crentes do aquecimento global por intervenção humana na sua esmagadora maioria rejeitam uma visão liberal das sociedades humanas e, por consequência, rejeitam o capitalismo e a democracia liberal e defendem o reforço do papel do Estado na economia e na sociedade em nome de uma utopia anónima - as utopias com nome nas últimas décadas ficaram com mau nome.
Tudo isto é razoavelmente evidente a qualquer observador atento, mas até recentemente não tinha conhecimento de um propósito confessado e de uma agenda assumida de «mudança do modelo económico de desenvolvimento que tem reinado desde pelo menos há 150 anos», isto é do capitalismo, por parte dos adeptos do «global warming man-made». Até que li o que disse Christiana Figueres, secretária executiva da UN Framework Convention on Climate Change numa conferência de imprensa em Bruxelas a 3 de Fevereiro:
«This is the first time in the history of mankind that we are setting ourselves the task of intentionally, within a defined period of time, to change the economic development model that has been reigning for at least 150 years, since the Industrial Revolution. This will not happen overnight and it will not happen at a single conference on climate change…It is a process, because of the depth of the transformation.»A quem ainda possam restar dúvidas sobre o que estas palavras significam acrescente-se que Christiana Figueres «said last year that Communist China, the world’s top emitter of greenhouse gas, is “doing it right” regarding climate change while calling the U.S. Congress “very detrimental” in the fight against global warming.»
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12/12/2015
BELIEVE IT OR NOT!: Fire the risk managers and hire snitchers
Em resposta à falência fraudulentas da Enron, que arrastou os auditores da Arthur Andersen, o senado americano reconhecendo a necessidade de reforçar os processos de controlo interno, aprovou o Sarbanes–Oxley Act de 2002, obrigando as empresas cotadas a criar uma pesada estrutura, incluindo a criação de equipas de risk management, e pesadíssimos procedimentos.
Seis anos depois, em 2008 a primeira das instituições financeiras a colapsar no início da crise do subprime foi o banco de investimento Lehman Brothers que, por força do Sarbanes–Oxley Act, tinha um departamento de gestão de riscos com 400-técnicos-400.
Em resposta à crise do subprime, o senado americano aprovou a lei Dodd-Frank de 2010, inspirada pela falência do Lehman Bros. Com 848 páginas é 23 vezes mais extensa do que a lei Glass-Steagall que reformou o sistema financeiro após o crash de 1929. Cada uma das disposições da lei Dodd-Frank exige clarificações e detalhes adicionais, alguns deles com centenas de páginas. A chamada «Volcker rule», por exemplo, inclui 383 questões e 1.420 subquestões para cuja resposta uma conhecida firma de advogados para «facilitar» a vida as seus clientes construiu um procedimento com 355 passos.
Pois bem, um estudo recente da Association of Certified Fraud Examiners (ACFE) - ver diagrama acima - mostrou que o processo mais eficaz para detectar fraudes é… a delação. Em conclusão, despeçam os gestores de risco, os auditores internos e externos e instituam prémios para os delatores.
Seis anos depois, em 2008 a primeira das instituições financeiras a colapsar no início da crise do subprime foi o banco de investimento Lehman Brothers que, por força do Sarbanes–Oxley Act, tinha um departamento de gestão de riscos com 400-técnicos-400.
Em resposta à crise do subprime, o senado americano aprovou a lei Dodd-Frank de 2010, inspirada pela falência do Lehman Bros. Com 848 páginas é 23 vezes mais extensa do que a lei Glass-Steagall que reformou o sistema financeiro após o crash de 1929. Cada uma das disposições da lei Dodd-Frank exige clarificações e detalhes adicionais, alguns deles com centenas de páginas. A chamada «Volcker rule», por exemplo, inclui 383 questões e 1.420 subquestões para cuja resposta uma conhecida firma de advogados para «facilitar» a vida as seus clientes construiu um procedimento com 355 passos.
Fonte: Economist |
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