Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

29/05/2017

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Há elogios que são enxovalhos para quem os ouve vindos de onde vêm

Quando se tornou conhecido que o execrável Schaüble apelidou Centeno de «o Ronaldo do ECOFIN», os tambores do jornalismo de causas socialistas rufaram exaltando o momento. Dias mais tarde reincidiram e foram mais longe. Desta vez, segundo a imprensa apologética, Schaüble teria dito ser Centeno «uma estrela no Ecofin». Não perceberem que se Schaüble estivesse a falar a sério isso seria pior para a reputação de um ministro das Finanças e de um governo de um partido que fez o seu caminho a defender políticas antagónicas às de Schaüble, do que se Schaüble estivesse a gozar com Centeno.

Mas nem toda a gente estava distraída. Por exemplo, o ex-embaixador socialista Seixas da Costa que escreveu este artigo no JN, reproduzido no seu blogue e amplificado pelo eterno pastorinho da economia dos amanhãs que cantam Nicolau Santos na câmara de eco do Expresso Curto. Leia-se o primeiro parágrafo que aqui no (Im)pertinências não teríamos dificuldade em subscrever:

«Só alguma saloiíce lusitana é que acha que a “teoria económica” da Geringonça é vista com admiração nos círculos preponderantes no Eurogrupo. É claro que eles podem achar curiosos os resultados obtidos, mas ninguém os convence minimamente de que tudo não decorre de um acaso pontual. Para eles, trata-se apenas de um "desenrascanço" conjuntural, fruto de alguma acalmia dos mercados, do efeito das políticas temporalmente limitadas do BCE, do salto das exportações (que entendem nada ter a ver com a ação do governo), do surto do turismo (por azares alheios e sorte nossa, como o “milagre do sol”), bem como do "pânico" de PCP e BE em poderem ver Passos & Cia de volta, desta forma “engolindo sapos” e permitindo ao PS surpreender Bruxelas com o seu seguidismo dos ditâmes dos tratado. Ah! Eles também constatam que a política de estímulo do consumo acabou por não ser o “driver” anunciado do crescimento. E que tudo o que foi feito está muito longe das imensas reformas que eles consideram indispensáveis, nomeadamente no regime laboral e nas políticas públicas mais onerosas para o OGE (Saúde, Educação, Segurança Social, Fiscalidade), por forma a promover uma redução, significativa e sustentada, da dívida. É assim uma grande e indesculpável ingenuidade estar a dar importância à "boca" do cavalheiro alemão!»

Nem mais!

Então, porque disse Schaüble o que disse, seja lá o que for que tenha dito? Conhecendo alguma coisa da cultura alemã (trabalhei com alemães uns 15 anos) arriscaria concluir que Schaüble estaria apenas a tentar incentivar o que lhe pareceu um comportamento menos irresponsável do que ele terá receado de um governo de socialistas apoiado por comunistas e bem-pensantes do radical chic.

1 comentário:

Francisco Seixas da Costa disse...

Só para clarificar o seu "ex": http://duas-ou-tres.blogspot.pt/2017/04/ex-antigo.html