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15/08/2014

CASE STUDY: Um imenso Portugal (15)

[Outros imensos Portugais]

Se a corrupção encontra em Portugal terreno fértil desde o mais ignoto «servidor do Estado» até às mais altas figuras de cera do regime, imagina-se o que será na pátria dos portugueses dilatados pelo calor – se somos modestamente corruptos, eles são à larga corruptões, poderia ter dito Eça, que na verdade, a propósito do ridículo, escreveu «ridiculitos» e «ridiculões».

Para dar um exemplo recente, o senado brasileiro decidiu constituir uma comissão de inquérito para investigar os contratos da Petrobras que, segundo a revista Veja de 6 de agosto, «desempenha o papel de carro-chefe dos investimentos públicos do país». O inquérito incidia especialmente sobre «o pagamento de propina a servidores da empresa e o prejuízo bilionário decorrente da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos» (compra autorizada por Dilma Rousseff no governo de Lula), qualquer coisa como 800 milhões de dólares.

Até aqui, nada de especial, poderíamos ter o mesmo aqui deste lado do Atlântico, ainda que de proporções à escala. Os parlamentares convidaram 10 ministros para depor e tudo parecia correr sobre rodas com as sessões da comissão de inquérito a serem divulgadas e uma aparência de coisa séria.

Como a Veja veio agora a revelar era só aparência. Os senadores do PT desenvolveram um «gabarito» (uma espécie de roteiro ou, se quiserem, de FAQ) para preparar os ministros para darem as respostas certas quando questionados pela comissão de inquérito. Alguém presente nessa reunião de preparação, onde se encontrava também gente do governo, da Petrobras e do PT, gravou clandestinamente. Foi a grande bronca e a partir daqui é a desbunda, como eles dizem.

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