«Ajudas a Portugal e Grécia foram resgates aos bancos alemães»
Foi este o título escolhido pelo
Seriam possíveis dezenas de títulos para esta peça com a entrevista, mas a jornalista de causas do Público em Bruxelas, ou alguém por ela, escolheu um propositadamente manipulador porque, como dizia o poeta Aleixo a mentira para ter alcance e profundidade, tem que trazer à mistura alguma verdade. E a verdade é que os bancos alemães detinham dívida pública portuguesa e grega e não estavam nada interessados em registar imparidades e isso era (e é) uma preocupação do governo alemão.
Mas a verdade é também que os bancos alemães deteriam quando foi aprovado o PAEF uma fracção da dívida pública portuguesa muito inferior à da banca portuguesa (ver este post com a repartição da dívida em Fevereiro deste ano) cujos activos representavam uma percentagem insignificante dos activos da banca alemã. Ou seja, a exposição da banca alemã à dívida pública portuguesa era irrelevante, ao contrário da exposição da banca portuguesa que tinha potencialidade de fazê-la implodir.
Àquele facto deve adicionar-se um outro, citado por Teixeira dos Santos, numa entrevista já antiga (quando ainda era objecto do ódio de estimação dos socráticos), retransmitida ontem na Grande Reportagem da SIC, de o pedido de assistência ter sido despoletado pela incapacidade dos bancos portugueses continuarem a comprar a dívida pública (eram os únicos que o faziam nessa altura e deixaram de o poder fazer porque o BCE deixou de aceitar as OT portuguesas como colateral para financiar os bancos portugueses).
Considerados esses dois factos, para ficar por aqui, o título mais adequado teria sido:
«Ajudas a Portugal foram resgates aos bancos portugueses»
Título tão mais adequado quanto nos 3 anos seguintes a banca portuguesa, autoconsiderada em estado de boa saúde, começou a desfazer-se e os bancos a pedirem dinheiro ao governo - o único dos grandes que não o fez então (BES), veio passado 3 anos a mostrar-se em estado tão crítico como os outros.
1 comentário:
É por este post e outros assim que o Impertinências é o melhor blogue português.
tina
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