Depois de sucessivas declarações definitivas que os impostos não seriam aumentados, o governo divulga um Documento de Estratégia Orçamental cujas principais medidas são o aumento do IVA para 23,25% e da TSU dos trabalhadores de 0,2%. São mentiras gratuitas por se tratar de aumentos pouco significativos mas que serão trombeteados pela oposição como se fossem significativos, e inúteis, pelas razões que mais adiante se verão, que só não são mais graves porque têm feito parte das tácticas de comunicação de todos os governos, incluindo o presente, frequentemente em doses imoderadas, como nos governos de José Sócrates, e com os quais poucos se sentiram incomodados, enquanto não se percebeu que as vacas estavam gordas com a forragem comprada a crédito.
Contudo, mais do que mentiras, estas medidas, das quais resultam em essência poupar os funcionários públicos e os pensionistas à custa dos activos do sector privado, mostram que, se até agora o governo pouco reformou o Estado, a partir de agora e até ao final do mandato trata-se apenas de tentar recuperar para ganhar as eleições de 2015 o suficiente dos mais de 4 milhões de votos de funcionários públicos e de pensionistas, que constituem o que Medina Carreira chamou o «Partido do Estado» e que em grande parte são votos cativos do PS e do PC.
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Se assim for, será mais um tiro no pé da coligação e, pior do que tudo, um tiro nos pés de barro da recuperação do país. Assim se confirmará o que os portugueses mais lúcidos (ou mais pessimistas, como os mal informados os chamam) já concluíram: o país é irreformável pelos portugueses.
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