Com esta, será a terceira vez [(1) e (2)] que escrevo sobre o que escreve sobre Ricardo Costa. Repetindo-me: em minha opinião um dos melhores jornalistas de causas, no sentido de aviar as suas causas com inteligência e subtileza suficientes para parecer que está a fazer um jornalismo profissional.
Uma vez mais, RC mostrou inteligência e subtileza (não muita, desta vez), perante o potencial conflito de interesses de, sendo director de um jornal que faz parte da notória boa imprensa de António Costa, poder vir a ter o seu irmão na liderança do principal partido da oposição, numa fase em que este precisará de melhorar a já muito boa imprensa de que dispõe e, provavelmente, ainda mais precisará se no governo tiver de adoptar com outro embrulho mediático as mesmas políticas que agora diz repudiar.
Primeiro, num gesto teatral, face ao potencial conflito de interesses, RC colocou o seu lugar de director do Expresso à disposição, logo que o seu irmão desafiou Seguro. Impressionante, mas pouco sério. Sério seria esperar que António Costa fosse eleito e, de seguida, se verdadeiramente acredita que existe um conflito de interesse (que existe mesmo), demitir-se da direcção. O tempo e o modo que escolheu denunciam que estará mais preocupado com o show off e com a aparência de independência do que com as suas hipotéticas convicções.
Se dúvidas houvesse, a sua «Carta a um irmão político» eliminá-las-ia. A carta é uma espécie de manifesto eleitoral fraternal, com todos os tiques próprios da «intelligentsia» de esquerda «moderna», onde se esforça por demonstrar da primeira à última linha que António Costa (e ele próprio) faz parte dos ungidos, tem as amizades certas e possui o necessário pedigree e superioridade moral para ter lugar cativo no olimpo do regime, pertencendo-lhe, por direito próprio, a liderança do Partido Socialista.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
3 comentários:
Que bem observado e que bem escrito. Dá-me imenso prazer ler os seus posts.
Mas que pena ter deixad0 sair aquele incrível HOUVESSEM---
Obrigado ao António Cruz por apontar a asneira.
É mais uma ocorrência do aforismo: no pior pano cai a melhor nódoa.
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