«Não é a primeira vez que o governo se deixa enredar nas suas próprias armadilhas (leia-se estratégia decisão e de comunicação), a carta de intenções que esteve para ser um mini-memorando e que ainda nem sequer estará negociada com o FMI, é mais um exemplo, desnecessário, de uma trapalhada que só serve para criar ruído a vinte dias das eleições europeias.
Quando o Governo anunciou o fecho da 12ª e última avaliação da ‘troika', disse tudo o que tinha de anunciar, as (não) reformas, o aumento de impostos, a devolução de salários e pensões no Estado. Mas não disse, e deveria ter dito, que um memorando teria sempre de ter um documento de encerramento, em particular com uma entidade não europeia que continuará a ser credor do País por muitos e bons anos e não tem capacidade de vigilância das decisões de política interna como o BCE e a Comissão Europeia, ao abrigo dos novos regulamentos comunitários.
Qual é, então, o problema? É um problema de credibilidade, que o Governo voltou a desvalorizar, como desvalorizou as promessas de não aumento de impostos e o anúncio do agravamento da TSU e do IVA. Não são aumentos marginais, nem decimais, são centenas de milhões tirados à economia privada para financiar uma decisão política de mais despesa pública. Apesar disso, o problema é outro, é de princípio.
Agora, com a carta de intenções, tudo indica idêntica à que a Irlanda também assinou, os portugueses desconfiam. É razoável que o façam, tendo em conta o que se passou nas últimas semanas. Por isso, o Governo deveria matar o assunto, divulgando a dita carta assim que estiver negociada e fechada com o FMI. Se a 12ª avaliação já fechou, e todos a deram como concluída, o que falta? Se não o fizer, será necessariamente uma pedra no sapato, um elefante no meio de uma sala, a da campanha eleitoral para as europeias.»
António Costa, no Económico
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário