Afinal tratava-se de uma daquelas «entrevistas» em que o «jornalista» conversa com uma personalidade e põe na boca dela o que acha conveniente. O «entrevistado» era Mark MacDonald da Accenture, uma consultora internacional para quem trabalhei em vários projectos e para cujos quadros fiz algumas acções de formação, o que desde logo me fez suspeitar que o director-executivo de Estratégia Digital da Accenture pudesse ter dito uma tal parvoeira demagógica.
Na verdade, a criatura falou ao «jornalista» sobre a superação das limitações da dimensão do mercado (e das suas consequentes dificuldades para atingir o breakeven) que a economia digital pode proporcionar, fornecendo ferramentas para projectar rapidamente uma penetração de 1% num mercado pequeno de 10 milhões de consumidores, como Portugal, para 1% a 3% num mercado global de 7 mil milhões.
Quanto à conversa do tipo «o que interessa são as pessoas», leia-se o que Mark MacDonald talvez tenha dito e imagine-se colocar essas palavras na boca do Tozé (para já não falar na do Dr. Soares):
«No mundo digital temos de pensar de fora para dentro: não é o que eu quer dizer que interessa; é o que o mercado diz e quer ouvir. O importante não são os números, são os nomes. Das pessoas que consomem, das pessoas que têm competências e que trabalham nas empresas, o elemento humano. O foco para crescer e ser maior tem de estar nas pessoas. Pensando para fora de Portugal e de fora da empresa para dentro da empresa».
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