Das projecções que Passos Coelho transmitiu há 2 semanas aos dirigentes do PSD, baseadas em premissas bastante irrealistas, como aqui referi, resultava que precisaríamos de 20 anos a crescer a 4% e com défices zero para voltar a 60% da dívida pública.
A semana passada o secretário de estado do Orçamento apresentou à Comissão de Orçamento e Finanças no parlamento outras projecções. As premissas passaram a ser: taxa de crescimento nominal do PIB 3,3% e taxa de juro média de 4,3%; estranhamente não foi referida a premissa do défice, ou pelo menos os jornais não a mencionaram; vamos admitir que seja o défice estrutural de 0,5% do PIB de acordo com as novas regras. Com estas premissas menos irrealistas, ainda assim duvidosamente alcançáveis, a dívida pública só em 2040 atingiria 60% do PIB.
Repetindo o que escrevi há 2 anos, «é por isso que o desenlace inexorável, goste-se dele ou não (eu não gosto), é a reestruturação da dívida: uma combinação de reescalonamento e redução dos juros e, muito provavelmente, um haircut.»
É claro que teoricamente há outras soluções, como a saída do euro ou a desvalorização interna preconizada e fundamentada pelo presidente do instituto alemão IFO e aqui defendida pelo Insurgente e aqui também defendida pelo Portugal Contemporâneo. Com a primeira recuaríamos aos anos 80 e ficaríamos entregues à nossa libertinagem financeira congénita. Com a segunda, devido à visibilidade das reduções abruptas da ordem dos 30% de salários e pensões, não escondida pela ilusão monetária da inflação, mergulharíamos num conflito social tão intenso que faria parecer este que atravessamos uma brincadeira e crianças. As nossas elites são tão medíocres e tão cobardemente receosas de defenderem publicamente soluções impopulares e os nossos mídia são tão pesadamente impregnados do discurso da esquerda festiva que a demagogia incendiaria o país.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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2 comentários:
Muito dificil, sem dúvida. Quem nos trouxe aqui sabia o que fazia?
penso que a solução vai ser o fim da comunidade europeia e depois só perde quem tem créditos. Eventualmente não devemos excluir nova guerra. Vamos ter de sobreviver apoiando-nos na comunidade que fala português,nos que estão cá e nos que estão no estrangeiro ,lembro-me bem da importãncia das remessa dos nossos emigrantes nas décadas de 60 e 70. Devemos ter relações prioritárias e bem amigas com o Brasil e Angola ,caso contrário voltamos ao tempo sa sardinha com broa e uma azeitona.
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