E, contudo, todos nós andamos sem pensar muito nisso. Sendo assim, por que ficamos tão espantados quando ocorre uma crise do sistema financeiro? Um sistema financeiro que, como mostrou Hyman Minsky no paper de 1992 «The Financial Instability Hypothesis», é impossível ser à prova de crise. E se é certo que nos atinge com a crise do subprime é igualmente certo que viabilizou as revoluções das tecnologias de informação e da web, como o tinha feito antes com o caminho-de-ferro, o petróleo, o automóvel e a aviação, para só nomear as mais notáveis.
Sendo assim, segundo Minsky, não vale a pena perder tempo à procura do sistema financeiro perfeito porque não existe. Qualquer sistema financeiro responde ao excesso de liquidez e a taxas de juro baixas com mau investimento. Por isso os reguladores do sistema apenas podem minimizar os impactos na economia através de estabilizadores anticíclicos.
Chegados a este ponto, convirá lembrar a política de baixas taxas de juro para puxar pela economia, durante mais de 10 anos antes da crise, praticadas pelo Fed pela mão de Alan Greenspan, políticas sempre explicadas com o seu peculiar «mumbling with great incoherence» que parecia conversa de feiticeiro. De onde se pode concluir que os reguladores que dificilmente conseguem minimizar as crises financeiras podem facilmente maximizá-las com dinheiro barato e abundante – antes com as poupanças chinesas e hoje com elas e o «quantitative easing» de Ben Bernanke, cujos efeitos a seu tempo se verão.
Moral da história: é inerente ao comunismo produzir ditaduras, gulags e prateleiras vazias e ao capitalismo produzir crises financeiras. Não se pode ter tudo na vida.
[A propósito de «Why the world needs reckless bankers», um interessante artigo de Michael Pettis no Financial Times]
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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