Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

21/03/2013

Estado assistencialista falhado (9) - Cultura de pedintes

«Tratar os pobres como coitadinhos, ser complacente com a pobreza, tolerar e encorajar uma cultura de pedintes não pode ter sido aquilo que Deus desejou para a humanidade. A pobreza mata.

Nós próprios, em Portugal, se não tivéssemos feito a figura de pedintes perante a UE - algo perfeitamente compatível com a nossa cultura católica - ao longo dos últimos 25 anos, não estaríamos agora na situação em que nos encontramos. Os pedintes, além de permanecerem pobres, acabam sem independência. Toda a gente sabe disso, não é preciso ir às Escrituras.

Na altura, escrevi artigos para jornais, fiz comentários na rádio e na televisão, contra a aceitação dos subsídios comunitários. Eu não podia compreender como é que um país de homens e mulheres válidos, sem que quaisquer circunstâncias anormais o afectassem, como uma guerra ou uma peste, podia andar naquela pedinchice. Hoje compreendo, é cultural. Que não, que não, diziam-me, era para construir auto-estradas, portos e pontes. Ora, eu acabara de regressar de um país, talvez duzentas vezes maior que Portugal, e onde havia auto-estradas, portos e pontes, mas pagos com o dinheiro dos contribuintes do país. Notei que as pessoas ficavam às vezes a olhar para mim de olhos muito abertos e talvez a pensar: "Por qué no te callas? Então eles querem-nos dar dinheiro e nós vamos dizer que não?". E foi isso que eu acabei por fazer - calar-me. No fim de contas, era esta última pergunta que revelava a mentalidade do pedinte

Pedro Arroja, Cultura de pedintes no Portugal Contemporâneo

Sem comentários: