Em finais de 2010, a propósito de um anúncio da PT com os nomes de 100
«novos colaboradores, jovens recém-licenciados que foram seleccionados e formados através do programa Trainees PT em 2010», publiquei dois posts (
este e
este) onde me propus evidenciar a relação entre nomes e origens sociais e, consequentemente, num país de escassa mobilidade social como Portugal, entre nomes, como indicador de origem social, e as oportunidades de progressão social na medida em que dependem das escolas.
A um leitor desprevenido isso poderia parecer esotérico. Talvez não seja, porque metodologias baseadas na ocorrência de nomes raros estão a ser usadas para medir a transmissibilidade do estatuto social das famílias, ou, dito de outra maneira, para medir a mobilidade social ou a falta dela. Duas investigações
aqui citadas chegam a conclusões próximas, no sentido de mais de 50% (numa das investigações chega-se a 70%-80%) das diferenças de rendimento numa geração se explicam por diferenças na geração anterior.
A ser assim, as políticas educacionais dos tetranetos de Rousseau que transformaram as escolas em jardins infantis e o ensino em sagas de procura da felicidade, só podem agravar o
handicap dos filhos de famílias pobres, frequentemente desestruturadas, que abandonam a escola, muitas vezes sem concluir nem mesmo o ensino obrigatório, completamente desqualificados para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais exigente. E, por essa razão, do facilitismo instalado nas escolas só poderá resultar a redução da mobilidade social e a manutenção dos privilégios dos beneficiários do
status quo ante.
1 comentário:
A coisa não é de agora... e para mim é um dos motivos que tem mais peso no "atraso" de Portugal de há séculos para cá... compadrios, cunhas e afilhados apodrecem, desmoralizam e minam o futuro... somos um país de "castas", que desprezam o trabalho e vivem de "amizades"...
A.Neves
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