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11/02/2012

SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio

Há décadas que a nossa balança de transacções correntes é fortemente deficitária e essa é a razão do nosso endividamento para com o exterior. E a balança de transacções correntes é fortemente deficitária porque a balança comercial é ainda mais deficitária. Somos como aquelas famílias que ganham 100 e gastam 110.

Não há a menor possibilidade de reduzir o nosso gigantesco endividamento ao exterior, equivalente a 2,5 vezes o PIB, sem melhorar as contas externas. E não há nenhuma possibilidade de crescer sem investir e para investir é preciso poupar, isto é consumir menos, ou seria preciso endividarmo-nos mais - se houvesse quem nos emprestasse. Tudo o resto é conversa de ignorantes ou de demagogos.

Para reduzir os défices do comércio externo é preciso exportar mais ou/e importar menos. Se exportar mais depende essencialmente dos outros e precisa de (muito) tempo, importar menos depende essencialmente de nós e produz efeitos a curto prazo. É também por isso que não há volta a dar à austeridade, seja lá o que isso for mas, sempre significando reduzir o consumo.

Já começam a ser visíveis alguns dos efeitos da austeridade nas contas externas. Vejam-se os resultados preliminares do 4.º trimestre de 2011 publicados pelo INE e a melhoria significativa da taxa de cobertura.

É muito cedo para deitar foguetes e estes resultados podem degradar-se em poucos meses. Abusando das palavras de Churchill, depois da primeira vitória dos Aliados: não é o fim, nem o princípio do fim, nem mesmo o fim do princípio, talvez seja o princípio do princípio.

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