Só ontem me dei conta dos sábios conselhos do camarada Pacheco Pereira (foi camarada que Soares lhe chamou no célebre meeting de há 5 anos na Aula Magna de indignação pelo governo «neoliberal») ao presidente Marcelo sobre como deveria comportar-se na sua visita ao Estados Unidos.
Primeiro, PP deitou-se adivinhar o conteúdo da «folhinha» que os assessores terão preparado para o Donaldo: «perfil psicológico do Presidente português. A folhinha dirá coisas sobre os “afectos”, talvez sobre as selfies e a popularidade de Marcelo, aconselhará o Presidente americano a ser igualmente próximo e íntimo».
De seguida PP, prognostica «Imensas palmadas nas costas, muita linguagem corporal. E essa sugestão será certamente seguida por um presidente que gosta da encenação e da coreografia. O problema é o... outro Presidente que gosta das mesmas coisas, Marcelo Rebelo de Sousa. Por isso, a tentação vai ser grande de andarem a mostrar como gostam um do outro e a usar o narcisismo e a vaidade para marcar pontos. Ambos. Durará uns minutos, mas será penoso de ver.»
Por último vem o conselho: «Com Trump é preciso distância, cara cerrada, no máximo esboços de sorrisos, mais esgares do que esboços, com o ar mais enjoado do mundo. E termina com um juízo: «intimidades com Trump são um insulto ao povo português.»
Tendia a estar de acordo quanto ao conteúdo da «folhinha» e ao prognóstico, sobretudo ao «será penoso de ver», mas o certo é que as coisas se passaram de forma substancialmente diferente.
Já quanto ao conselho pareceu-me inútil, porque mais facilmente Marcelo daria dois beijinhos e faria um selfie com o Donaldo do que lhe mostraria cara cerrada, esgares e o ar mais enjoado do mundo. E o juízo pareceu despropositado porque um povo que aguenta os políticos que aguenta não se sente insultado facilmente.
Daria beijinhos, mas não deu, mas mostrou-se até muito à vontade, encheu o tempo de antena e Trump prestou-se a dar-lhe o palco -devia estar com pressa para publicar uns twits. A coisa só não foi perfeita porque Marcelo não resistiu a mais outra vichyssoise com os cumprimentos que Putin teria mandado por seu intermédio.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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2 comentários:
E Portugal não é os EUA pá(no que toca a eleições e em tudo o resto digo eu).Nós é que sabemos fazer sistemas políticos-eleitorais,basta ver a quantidade de "iluminados"(e de corruptos e cobardes digo eu)que por cá acedem aos lugares des-governativos e afins "representativos".
C'est bête mais... cést la bête de la merdaleja
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