Ainda nos preliminares, recordemos o que é uma Ejaculação do órgão legislativo consultando a respectiva entrada do Glossário das Impertinências. Devidamente instruídos sobre os conceitos, passemos então ao acto.
A ministra da Justiça despachou no dia 11 de Outubro a constituição de um grupo de trabalho para preparar «propostas de alteração ao Código Penal com vista à revisão dos regimes de prisão por dias livres e de semidetenção».
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Muitas dessas alterações resultaram do crescimento explosivo dos tipos de crimes que, da dúzia do tempo do meu avô, passaram para umas duas centenas, incluindo crimes esotéricos como contrafacção de valores selados, utilização de menor na mendicidade, perturbação do funcionamento de órgão constitucional, arrancamento, destruição ou alteração de editais e abandono de animais de companhia.
Outras alterações mais subtis terão resultado – dizem as teorias da conspiração – de encomenda de alçapões ou saídas de emergência para serem accionadas quando um dignitário da nomenclatura do regime distraidamente se deixasse abarbatar pela justiça.
No final, esta arquitectura bizantina, desde logo muito conveniente para justificar o emprego de dezenas de milhares de criaturas que se atropelam umas às outras, é uma das explicações para o completo descalabro e ineficácia da justiça.
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