Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

22/11/2016

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Um pastorinho queixa-se do resultado das suas políticas

Secção Assault of thoughts 

Era uma vez um pastorinho da economia dos amanhãs que cantariam mas não cantaram e, pelos vistos, não cantarão. Chamava-se Nicolau Santos e tinha o blogue «Keynesiano, graças a Deus», no Expresso, onde escrevia coisas que o John Maynard se ressuscitasse lhe diria Nicolau, Sir, you got stuck in the 30s. (O parágrafo anterior é uma espécie de introdução, que já escrevi de outras vezes, aos dislates da criatura)

Desta vez, o pretexto para lhe dedicar esta avaliação foi o seu escrito no Expresso Curto, o email da manhã de ontem do Acção Socialista, perdão Expresso, e a razão para a incluir nesta secção é a sua incontida admiração pela pessoa e pela doutrina do John Maynard que um dia escreveu: «Words ought to be a little wild, for they are the assault of thoughts on the unthinking».

E o que escreveu Nicolau no bendito Curto? A propósito da venda de uma participação no BCP aos chineses da Fosun a criatura produziu um relambório com as vendas das TAPs, das RENs, das EDPs, das ANAs, das concessões dos portos dos Sines para concluir: «é este o Estado que temos: sem poder para mandar naquilo que é verdadeiramente essencial para definir uma estratégia de desenvolvimento».

Pois será, e, apesar de países atrasados com o Reino Unido fazerem dessas coisas (*), vamos dar-lhe de borla que o nosso Querido Estado não deveria ter vendido ou concessionado essas empresas por serem indispensáveis «para definir uma estratégia de desenvolvimento». Dada a borla, façam-se ao pastorinho duas perguntas impertinentes: (1) onde podemos encontrar definida a «estratégia de desenvolvimento» durante as quatro décadas em que tivemos pleno controlo sobre tais pérolas? e (2) foi essa «estratégia de desenvolvimento» que nos endividou ao ponto de sermos resgatados e termos de vender o que havia para vender a alguém que queria comprar?

Enquanto o pastorinho remói as impertinências, vamos atribuir-lhe 5 chateaubriands pelas confusões habituais entre causas e efeitos e outros cinco bourbons por nada aprender nem esquecer.

(*) Coisas feitas por países atrasados como o RU: entregaram a indústria automóvel aos indianos e alemães, os aeroportos aos espanhóis, a energia aos franceses e chineses, uma parte importante da banca a suíços, americanos, franceses e alemães e a organização dos Jogos Olímpicos aos australianos.

Sem comentários: