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15/04/2013

Pro memoria (110) – Irremediavelmente inimputável

O Dr. Mário Soares, em entrevista ao ionline de há dias, produziu sound bites que excederam tudo quanto a antiga musa tem cantado. Cito apenas dois.

«O Presidente Cavaco Silva devia lembrar-se da história do século XX. Por muito menos foi morto D. Carlos», disse, aparentemente querendo motivar Cavaco Silva pelo cagaço para demitir o governo – o que a bendita Constituição não lhe permite fazer sem dissolver a AR, mas isso para o Dr. Soares é um pormenor – e nomear um de iniciativa presidencial com os amigos do Dr. Soares e mais umas figuras de cera do PSD, de entre a lista de ressabiados que já se chegaram à frente.

Falou também do exemplo argentino ao ionline e à Antena 1, e foi citado com grande espanto pelo Telegraph: «Portugal will never be able to pay its debts, however much it impoverishes itself. If you can’t pay, the only solution is not to pay. When Argentina was in crisis it didn’t pay. Did anything happen? No, nothing happened

O que aconteceu na Argentina foi um default parcial em 2002. O «nada» foi a Argentina há 11 anos que não tem acesso aos mercados de capitais. Como a Argentina tem uma dívida pública de 42% do PIB (Portugal tem 124%), um superavit histórico nas contas externas devido à exportação pantagruélica de produtos agrícolas (Portugal teve um défice durante décadas e só o ano passado teve um pequeno superavit), tem uma dívida externa de 27% do PIB (Portugal tem mais de 300%), devido a tudo isso, a Argentina não tem tido grandes problemas por não se financiar no exterior. São estas pequenas diferenças que não estão ao alcance do Dr. Soares porque ele não distingue milhões de biliões, além de sofrer de esquerdismo senil irrecuperável.

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