Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

18/04/2013

DIÁRIO DE BORDO: Pois a mim parece-me o contrário

Cavaco Silva, um pouco a despropósito, resolveu na Colômbia falar das crises portuguesa e europeia, que por acaso não têm a mesma génese e concluiu:
«Da nossa parte, da parte de Portugal, com sacrifícios estamos a fazer aquilo que nos compete e gostaríamos que a Europa fizesse aquilo que é a sua parte, se a Europa fizesse aquilo que é a sua parte - e Portugal está a fazer a sua - as coisas estariam melhor em Portugal e também melhor na Europa».
Salvo erro, o que compete à Europa é emprestar-nos dinheiro a juros para amigos. Como, além disso, ainda atura as nossas trapalhadas e incapacidade de cumprirmos objectivos, nos concede diferimento das maturidades dos empréstimos e, por acréscimo, tem de ler a epistolografia do líder da oposição, temos de concluir que está a fazer por excesso o que lhe compete.

A Portugal, o que nos compete, salvo erro, é cumprir o MoU assinado pelo governo de José Sócrates e aceite pelo PSD e o CDS. Salvo erro, não cumprimos porque não fizemos os cortes de despesa previstos, só fizemos as reformas mais fáceis, não respeitámos as proporções entre redução da despesa e aumento dos impostos e, consequentemente não cumprimos os défices. Por tudo isto, o governo foi forçado a pedir uma dilação de 7 anos das maturidades dos empréstimos da troika, o que foi considerado insuficiente pela irresponsavelmente insaciável oposição.

Por tudo isso, dizer que Portugal está a fazer a sua parte e Europa não, só não é ofender a verdade porque ela está demasiado longe para sofrer danos.

Sem comentários: