A estória conta-se em poucas palavras. Nicolau Santos, subdirector e patrono do caderno de Economia do Expresso, e um dos pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam favorito do (Im)pertinências, deixou-se «embarretar», para usar as suas palavras, pelo vigarista «Artur Baptista da Silva, suposto membro do PNUD e supostamente encarregue pela ONU de montar em Portugal um Observatório dos países da Europa do sul em processos de ajustamento».
Nicolau Santos enfiou o barrete tão bem enfiado que faz uma entrevista ao vigarista a quem dedicou 2 páginas do Expresso do dia 15, ainda o leva pela mão ao programa Expresso da Meia-Noite da Sic Notícias do dia 21 e, não satisfeito, escreve uma peça com o sugestivo título «O que diz Artur e o Governo não ouve» (ler aqui a peça cujo «texto foi removido da versão online do jornal») onde invoca o aval do inefável Artur às suas teses semanalmente repetidas no caderno de Economia do Expresso. É muito. É demasiado, até para Nicolau Santos.
Como foi possível esta luminária do jornalismo de causas ser tão grosseiramente enganado por um vigarista preso desde 1993 por burla, abuso de confiança e cheques sem cobertura, libertado da prisão no final do ano passado? Ele próprio dá uma pista ao Público ao rejeitar que «alguém possa concluir (que ele próprio), o Expresso ou os jornalistas em geral privilegiam quem critica o Governo».
Sendo benigno com o embarretado Nicolau, admito que a criatura não tenha as motivações que nega ter. Pode perfeitamente ser apenas um caso extremo de necessidade de acreditar em algo que, mesmo absurdo, provindo de uma alta autoridade, aos olhos de um pacóvio, confirmaria as ideias mais encasquetadas no seu bestunto. Ele não está sozinho. Com ele estão milhões de portugueses que querem acreditar que o casal Passos-Gaspar é o responsável pelas suas misérias e suspiram de saudade dos tempos em que eram felizes com o dinheiro dos credores.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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25/12/2012
CASE STUDY: O paradigma Nicolau
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